Ex-PM morto na Bahia deixa 18 homicídios não esclarecidos
Acusado de chefiar uma milícia no Rio de Janeiro, Adriano Nóbrega foi assassinado por policiais militares na Bahia
atualizado
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O ex-capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) Adriano Nóbrega (foto em destaque), morto por policiais militares na Bahia, é suspeito de participar de 18 assassinatos entre 2004 e 2020. O Escritório do Crime, uma espécie de consórcio de matadores que fundou com outros agentes que também haviam sido expulsos da Polícia Militar, é acusado de matar bicheiros, outros PMs, presidentes de escolas de samba e políticos. As informações são do jornal Extra.
A reportagem teve acesso a inquéritos e à ficha disciplinar de Adriano na corporação. Há alguns casos que já foram arquivados sem solução, mas que tiveram participação do grupo. Outros seguem em aberto, no entanto, sem denúncia à Justiça. Já os processos mais recentes estão em análise no Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio de Janeiro.
Além de Adriano, os outros dois fundadores do Escritório do Crime também foram mortos. O ex-tenente João foi assassinado perto da casa onde morava, na Ilha do Governador. Já o ex-PM Antônio Eugênio Freitas, conhecido como Batoré, foi morto em um carro junto com o traficante Fernando Gomes de Freiras, o Fernandinho Guarabu.
Segundo a reportagem, no início do consórcio, o trio cobrava até R$ 200 mil por execução. De acordo com o MP, as mortes cometidas pelo escritório tem a mesma sistematização: são disparados muito tiros contra a vítima, quase sempre com um fuzil.
Um comparsa de Adriano explicou à polícia qual era o método utilizado por Adriano para cometer “crimes perfeitos”. “Ele usa um fuzil com a coronha cortada e se coloca no banco de trás do veículo, de forma que posiciona somente o cano da arma para o lado de fora, evitando assim que as cápsulas deflagradas sejam ejetadas para fora do veículo”.
Homenagem de Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse no sábado (15/02/2020), durante visita ao Rio de Janeiro, que partiu dele a ordem para que seu filho, o senador Flávio, homenageasse Adriano. A homenagem ocorreu em 2003, quando Flávio era deputado estadual pelo Rio.
“Para que não haja dúvida. Eu determinei. Manda pra cima de mim. Meu filho condecorou centenas de policiais militares. Vocês querem me associar a alguém por uma fotografia, uma moção há 15 anos atrás. As pessoas mudam, para o bem ou para o mal. Não estou fazendo juízo de valor. Vamos esperar as investigações”.
Bolsonaro afirmou ainda que não há nada provado contra o suspeito. “Ele foi condenado em primeira instância e absolvida em segunda. Não tem nenhuma sentença transitada em julgado condenando o capitão Adriano por nada. Sem querer defendê-lo. Desconheço a vida pregressa dele. Naquele ano [o da homenagem], era herói da Polícia Militar”, concluiu.