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Ex-PM investigado por envolvimento na morte de Marielle é transferido

Preso desde outubro por outros crimes, Orlando Oliveira de Araújo mudou de unidade no dia em que testemunha o ligou a homicídio de vereadora

atualizado

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Marielle Franco
1 de 1 Marielle Franco - Foto: Reprodução

Apontado por uma testemunha como um dos assassinos da vereadora Marielle Franco (PSol) e de seu motorista, Anderson Gomes, o ex-PM Orlando Oliveira de Araújo, preso desde outubro do ano passado por outros crimes, foi transferido de unidade prisional na noite de quarta-feira (9/5). A informação foi prestada pelo advogado do ex-militar, Renato Darlan.

A medida da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) foi considerada “estranha” pela defesa, por ter sido tomada no mesmo dia em que veio à tona denúncia de uma testemunha da participação de Araújo no duplo homicídio.

“Estamos muito preocupados. No momento em que ele [a testemunha] resolve falar, [o ex-PM] é transferido”, disse Darlan ao jornal O Estado de S. Paulo, na tarde desta quinta-feira (10). “A acusação contra ele é hoje a única linha de investigação (dos assassinatos). As informações passadas pela testemunha não têm pé nem cabeça. Ela dá muita riqueza de detalhes. Só quem estava no momento do crime tem esses detalhes. Estão dando credibilidade a um PM da ativa que se intitula miliciano”, completou Darlan.

A Secretaria de Administração Penitenciária não divulgou informações sobre a transferência. “A Seap informa que não irá comentar nada que tenha relação com investigação do homicídio da vereadora Marielle e do motorista Anderson. Mais informações não são divulgadas por questões de segurança”, disse, ao ser questionada pela reportagem. O advogado de Orlando Oliveira de Araújo informou que também não está recebendo esclarecimentos sobre a mudança.

Segundo Renato Darlan, Araújo sofreu uma tentativa de envenenamento há pouco mais de um mês dentro do presídio de Bangu 9. Desde então, deixou de se alimentar com a comida do presídio. Passou a ingerir apenas alimentos levados por sua família durante as visitas. “Agora, em Bangu 1, é mais rígido, por ser de segurança máxima. A pessoa entra e fica de castigo”, disse Darlan. A Seap não comentou a afirmação.

Ex-PM nega
Araújo, na quarta-feira, escreveu uma carta, tornada pública por Darlan, negando participação no assassinato de Marielle e Anderson, e também qualquer envolvimento com a milícia da zona oeste – outra acusação lhe imputada pela testemunha. O ex-PM estava em Bangu 9 por conta de um assassinato de características semelhantes ao de Marielle e Gomes, e também por porte ilegal de arma.

Segundo investigações do Ministério Público, Araújo é miliciano conhecido e atua na área de Curirica, na zona oeste; seu apelido é Orlando Curicica. Sua defesa sustenta, porém, que ele é apenas um líder comunitário preso preventivamente, embora inocente, e agora está sendo acusado por um policial com quem já trabalhou numa firma de segurança: este, sim, um miliciano, do qual ele se afastara ao tomar ciência dessa conexão criminosa.

Na carta, Araújo dá o nome da testemunha, mantida sob proteção policial. O advogado não afirmou se a tentativa de envenenamento é atribuída a essa pessoa. “Não tenho qualquer envolvimento com esse crime bárbaro e me coloco à disposição de todas as autoridades que apurarem esse caso para pessoalmente prestar esclarecimentos”, diz a mensagem, na qual o ex-PM desqualifica o relato da testemunha, de quem diz: “Não tem qualquer credibilidade”.

Araújo nega no texto ter se encontrado com o vereador Marcello Siciliano para tratar da encomenda da execução de Marielle, o que também fora apontado pela testemunha. “Nunca estive com o vereador (Marcello) Siciliano em nenhuma oportunidade. Com todo respeito à vereadora Marielle, eu nunca tinha ouvido falar dela”, escreveu o ex-policial. O vereador também nega envolvimento. Afirmou ter bom relacionamento com Marielle e nunca ter se envolvido com milícia

Segundo o jornal O Globo, um PM e um ex-PM teriam sido os responsáveis por executar a ex-vereadora, conforme apontou ainda a mesma testemunha. Ele contou que um policial atualmente em atividade no batalhão do bairro de Olaria e um ex-PM que trabalhou no batalhão do Complexo da Maré, duas áreas conflagradas da zona norte da capital, estavam no carro, um Cobalt prata, usado pelos criminosos.

O vereador, disse a testemunha, teria mandado matar Marielle porque ela estava “atrapalhando” a milícia na zona oeste com sua atuação política. A polícia já investigava a possibilidade de participação de milícias no duplo homicídio. Colegas de Marielle do PSol, no entanto, disseram que a vereadora não teve protagonismo nesses locais. Seu mandato era pautado pela defesa de populações favelas, negras e mulheres, mas sem se vincular a comunidades específicas.

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