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Ex-namoradas relatam torturas e comportamento violento de Dr. Jairinho

Trocas de mensagens e depoimentos exclusivos dos quais a Veja teve acesso mostram lado violento do padrasto de Henry Borel Medeiros

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Henry Borel Medeiros
1 de 1 Henry Borel Medeiros - Foto: Reprodução redes sociais

Rio de Janeiro – A Polícia Civil do Rio de Janeiro está investigando a morte do menino Henry Borel Medeiros, de 4 anos, que chegou sem vida em um hospital da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, no último dia 8. O inquérito já ouviu 16 pessoas até o momento. Duas reconstituições foram feitas no apartamento onde a criança morava com a mãe e o padrasto.

A revista Veja teve acesso a trocas de mensagens e depoimentos exclusivos, inclusive sobre uma inédita terceira vítima do vereador e médico Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (Solidariedade).

As conversas traçam um perfil dele de homem educado, gentil e generoso na aparência. Na intimidade, no entanto, exibe temperamento violento e perverso.

A lista de vítimas desse lado obscuro do vereador começa pela ex-mulher, a nutricionista Ana Carolina Ferreira Netto, com quem tem dois filhos. Ela registrou duas queixas na polícia: na primeira, em 2014, afirmou que depois de uma discussão, ele teve um “ataque de fúria”, desferindo socos e pontapés, a ponto de ser hospitalizada; a outra, de 2020, cita apenas “lesões corporais”. Procurada, Ana não retornou o contato.

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Antiga namorada admite a ele culpa por não ter protegido a filha
Testemunha inédita cita uma terceira vítima que se livrou do “maldito
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Mãe comenta com o ex que Henry não gostava de ficar na casa dela

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Antiga namorada admite a ele culpa por não ter protegido a filha

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Testemunha inédita cita uma terceira vítima que se livrou do “maldito

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Tanto os depoimentos à polícia quanto os relatos feitos à revista mencionam agressões a ex-namoradas e, invariavelmente, aos filhos delas, todos na mesma faixa de idade.

Uma dessas ex-namoradas (nenhuma das envolvidas quis ser identificada), com quem ele se relacionou entre 2014 e 2016, esteve na delegacia e negou a ocorrência de maus tratos. Mas a reportagem localizou uma amiga íntima dela que afirmou ter conhecimento de episódios tenebrosos. Um deles foi a tentativa de Jairinho de dopar a namorada em um hotel.

“Minha amiga acordou, grogue, e deparou com o menino chorando e o namorado o forçando a tomar banho de banheira”, lembrou. À época, o filha da mulher tinha 5 anos. Ela mesma diz ter visto diversas vezes o garoto “chorando e tremendo” só de ouvir o nome de vereador.

Durante o relacionamento, ressaltou a amiga, Jairinho arranjava motivos para sair sozinho com o menino, que voltava parecendo ter passado por “sessões de tortura”. Em uma ocasião, teria chegado com o rosto inchado e desfigurado. A explicação teria sido uma queda. Em outra, apareceu com a perna fraturada na altura do fêmur. A justificativa era que ele teria se prendido no cinto de segurança e tropeçado ao sair do carro.

“Nas duas vezes, Jairinho o levou a uma clínica de conhecidos dele. Minha amiga estava deslumbrada e tinha medo por ele ser poderoso”, contou a mulher.

Essa ex-namorada — que, segundo a amiga, segue em contato com o vereador — recebeu um telefonema dele horas depois da morte de Henry. Segundo afirmou à polícia, nenhuma palavra foi dita a ela sobre a tragédia.

A reportagem da Veja conversou com outra ex-namorada, que confirmou ataques à filha já relatados na delegacia (onde a menina, hoje com 13 anos, estava presente) e acrescentou novos detalhes do relacionamento com o Dr. Jairinho, entre 2010 e 2013. “Passei muito tempo da minha vida me culpando e me sentindo péssima como mãe por não ter visto a realidade. Ele é um tipo de homem que cega, ilude, mente”, desabou.

Durante mais de dois anos, contou que ela, o político arranjava pretextos para sair sozinho com a menina, então com 4 anos. Aos poucos, a garota foi soltando que ele “torcia seus braços e pernas e lhe dava cascudos.

A mãe da garota explicou que decidiu falar agora diante da morte de Henry e que recebeu um telefonema em tom de ameaça do vereador, com quem não falava há oito anos. “O comportamento expresso nestes relatos, independentemente de quem seja, reflete uma personalidade psicopata, típica de pessoa fria, sem sentimentos e culpa”, disse a terapeuta Lidia Aratangy à Veja.

O engenheiro Leniel Borel de Almeida Jr. frisou que Henry mudou depois que Monique foi viver com o vereador. Semanas antes de morrer, havia inclusive começado a frequentar uma psicóloga, por causa da mudança de comportamento. “Meu filho, uma criança linda e feliz, passou a chorar desesperadamente para não voltar para a casa dela. Só queria ficar comigo e com os avós. No domingo, horas antes da morte, chegou a vomitar de tão nervoso quando o deixe prédio”, lembrou o engenheiro, que ficara com ele no fim de semana.

Entenda o caso

O menino Henry Borel Medeiros morreu no dia 8 de março ao dar entrada em um hospital da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. Segundo Leniel Borel, ele e o filho passaram o fim de semana anterior normal. Por volta das 19h do dia 7, o pai o levou de volta para casa, onde morava com a mãe, Monique Medeiros da Costa e Silva de Almeida, e com o vereador e médico Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (Solidariedade).

Ainda segundo o pai de Henry, por volta das 4h30 do dia 8, ele recebeu uma ligação de Monique falando que estava levando o filho para o hospital, porque o menino apresentava dificuldades para respirar.

Leniel afirma que viu os médicos tentando reanimar o pequeno Henry, sem sucesso. O menino morreu às 5h42, segundo registro policial registrado pelo pai da criança.

De acordo com o laudo de exame de necrópsia, a causa da morte do menino foi hemorragia interna e laceração hepática, provocada por ação contundente. Para especialistas, ação contundente seria agressão.

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Henry Borel Medeiros
Henry Borel Medeiros
Vereadores fizeram um minuto de silêncio em homenagem a Henry Borel
Polícia do Rio investiga a morte de Henry Borel
Henry chegou ao hospital com diversas marcas de agressão
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Henry chegou ao hospital com diversas marcas de agressão

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Vereadores fizeram um minuto de silêncio em homenagem a Henry Borel

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Polícia do Rio investiga a morte de Henry Borel

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Henry chegou ao hospital com diversas marcas de agressão

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Henry Borel e o pai, Leniel Borel

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Leniel e Henry Borel

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