Ex-modelo que morou na Cracolândia, Loemy Marques vive o processo de recuperação das drogas
Atualmente, a rotina da jovem mato-grossense inclui remédios, atividades físicas, trabalho e sessões de espiritualidade
atualizado
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Loemy Marques, 26 anos, viu seu rosto estampado em revistas e em jornais por três vezes. A primeira, em 2012, foi quando a jovem de Mato Grosso ainda era modelo. Na segunda, dois anos depois, ela tinha trocado as passarelas pela Cracolândia (SP). A terceira, em 2016, veio para marcar o momento em que ela tornou-se símbolo de esperança ao ter superado o vício do crack e voltado a trabalhar.
Depois de viver por mais de dois anos nas ruas da Cracolândia, Loemy comemora os 14 meses de tratamento. De acordo com reportagem da “Veja São Paulo”, a ex-modelo atualmente tem uma rotina que inclui remédios, atividades físicas, trabalho e sessões de espiritualidade.
Leia abaixo um trecho do relato da repórter Adriana Farias sobre a nova rotina de Loemy:
Loemy acorda por volta das 8h30 e toma uma dose de fluoxetina, medicação indicada para estabilizar o humor (além desse remédio, usa à noite o antidepressivo Donaren, receitado por um psiquiatra). Sua primeira tarefa do dia consiste em arrumar a suíte de 20 metros quadrados que divide com Candice Priscila Dugaich, 34, sua acompanhante terapêutica e também ex-usuária de drogas que perambulou pela Cracolândia bem mais tempo que a companheira de quarto (doze anos, no total).
Na sequência, as duas seguem juntas para a academia do lugar para fazer sessões de aeróbica e musculação. “Cheguei a pesar 89 quilos porque substituía o vício do crack pela comida, mas já perdi 4”, comemora Loemy, que tem 1,79 metro de altura. “Quero emagrecer ainda outros 10.” Uma vez por semana, ela também é designada para fazer o almoço para outros cinco dependentes em recuperação na casa, além de lavar roupa.
Dias depois que sua história veio a público, em novembro de 2014, a ex-modelo aceitou o convite do programa Hora do Faro, da Record, que se ofereceu para pagar seu tratamento e acompanhar o processo de recuperação.
Vinda do interior de Mato Grosso, Loemy desembarcou em São Paulo em 2012 para tentar a carreira de manequim. Sem conseguir trabalho por aqui, viciou-se em drogas, perdeu tudo e foi parar nas ruas do centro. “O abuso que ela sofreu do padrasto quando criança foi o fator preponderante no uso das drogas”, entende a psicóloga Joana d’Arc Salgado, uma das profissionais que cuidam do caso.
Na segunda (11/1), iniciou a rotina como atendente de consultório, após aceitar a proposta de trabalho de Carlos Eduardo Solimeo, o dentista que fez voluntariamente seu tratamento dentário quando ela chegou à capital. A ex-modelo receberá 1 200 reais por mês na empresa de planos odontológicos, mas enxerga um valor bem maior nessa chance. “Quero voltar a ter uma vida normal”, afirma.
O tratamento deve durar por mais um ano dentro da moradia no Jabaquara. Se a história da ex-modelo tem possibilidades reais de mudar, o mesmo não ocorre com a da Cracolândia, pelo menos a curto prazo. De um ano para cá, o chamado fluxo, a aglomeração de viciados, continua igual, com cerca de 500 pessoas. Elas só trocaram de local. Antes, estavam entre a Alameda Cleveland e a Rua Helvetia. Agora, tomam a Alameda Dino Bueno. À luz do dia, as pedras da droga são vendidas em mesas montadas debaixo de guarda-sóis ou barracas, a menosde 100 metros de uma base da Guarda Civil Metropolitana.