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Ex-ministro Nelson Teich defende vacinação de crianças contra a Covid

Ex-ministro da Saúde de Bolsonaro explicou que risco de morte de crianças pela doença é muito maior do que possibilidade de miocardite

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Brasília (DF), 05/05/2021 CPI DA Pandemia. Depoimento do ex-ministro Nelson Teich, pela comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia.para a Comissão da Cpi da Covid  Local: Senado Federal Foto: H
1 de 1 Brasília (DF), 05/05/2021 CPI DA Pandemia. Depoimento do ex-ministro Nelson Teich, pela comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia.para a Comissão da Cpi da Covid Local: Senado Federal Foto: H - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Se tivesse sobrevivido no cargo até agora, o ex-ministro da Saúde Nelson Teich estaria defendendo a necessidade de vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19 – indicam suas opiniões atuais. Mas o médico oncologista não ficou nem um mês à frente da pasta (17 de abril a 15 de maio de 2020) e saiu justamente por embates com o presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre como lidar com a gestão da pandemia.

Em postagem nas redes sociais nesta segunda-feira (27/12), Teich falou sobre os dados disponíveis e avaliou que eles indicam com clareza que “o certo é vacinar as crianças de 5 a 11 anos”.

Em vídeo, Teich analisou o principal argumento de pais que resistem à vacinação: o risco aumentado de a criança desenvolver uma doença no coração chamada miocardite. O médico trouxe dados sobre a ocorrência do problema nos Estados Unidos, onde 5 milhões de crianças foram vacinadas e 8 casos de miocardite foram registrados entre elas.

“No Brasil temos 20 milhões de crianças nessa fixa etária, aproximadamente. Se mantiver a mesma proporção dos EUA, até 32 delas poderiam desenvolver miocardite. E, levando em conta a taxa de mortalidade da miocardite, uma dessas 32 poderia morrer”, enumerou.

“E os dados mais conservadores indicam que, nesses dois anos de pandemia, pelo menos 150 crianças de até 11 anos morreram de Covid. Levando em conta a eficácia da vacina, podemos dizer que 142 delas poderiam ter sido salvas se houvesse imunização. Estamos falando, então, de uma morte em potencial por miocardite e 142 mortes por Covid que realmente ocorreram, então, não há dúvida: tem que vacinar”, complementou ele, que ainda explicou que pegar Covid-19, no caso de crianças, também aumenta o risco do desenvolvimento de miocardite:

“O risco de miocardite pela Covid é pelo menos sete vezes maior do que pela vacina. Então, o argumento [dos resistentes à vacina] não se sustenta. Claro que nenhuma vacina vai funcionar 100% e sempre se poderá usar casos isolados de fracasso [para mostrar], mas os sucessos você não vê, pois as crianças estão bem”, argumentou Nelson Teich. Veja o vídeo completo:

Novela da vacinação de crianças

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) incluiu crianças de 5 a 11 anos na bula da vacina da Pfizer contra a Covid-19 no último dia 16 de dezembro. O presidente Jair Bolsonaro se mostrou muito incomodado com a liberação do imunizante para esse público e, desde então, o Ministério da Saúde tem usado questões burocráticas para retardar o início da vacinação.

A pasta comandada pelo médico Marcelo Queiroga ainda promove uma consulta pública sobre o tema, mas anunciou que a imunização para esse público deve começar em janeiro do ano que vem. “No dia 5 de janeiro, após ouvir a sociedade, a pasta formalizará sua decisão e, mantida a recomendação, a imunização desta faixa etária deve iniciar ainda em janeiro”, informou o ministério em nota divulgada na tarde desta segunda.

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