Ex-ministro Delfim Netto diz que voltaria a assinar o AI-5
O chefe da economia durante a ditadura, no entanto, afirmou que os defensores da volta do decreto nos dias atuais são “uns idiotas”
atualizado
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O ex-ministro e ex-embaixador Delfim Netto, de 93 anos, afirmou que voltaria a assinar o AI-5, decreto que marcou a fase mais dura da ditadura no Brasil e do qual foi signatário, em 1968. A declaração foi feita em entrevista ao Uol, nesta terça-feira (28/9).
“Eu voltaria a assinar o AI-5. Eu tenho dito isso sempre. Aquilo era um processo revolucionário, vocês têm que ler jornais daquele momento. As pessoas não conhecem história, ficam julgando o passado, como se fosse o presente. Naquele instante foi correto, só que você não conhece o futuro”, disse.
Na época em que assinou o AI-5, Delfim Netto era ministro da Fazenda, cargo que ocupou durante os mandatos de Costa e Silva e Médici.
Ele ressaltou, entretanto, que o decreto não poderia ser aplicado atualmente e que aqueles que defendem essa ideia são “uns idiotas”.
“Quando se assinou o AI-5, o que se imaginava era que o habeas corpus seria para proteger o cidadão, não para matá-lo”, disse. “Hoje, nós sabemos para onde queremos ir e aprendemos que só existe um mecanismo para administrar esse país e levá-lo ao progresso, que é o fortalecimento do processo democrático. Isso é um aprendizado”, afirmou.
Ainda na entrevista, Delfim Netto afirmou que os mil dias do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) são de “confusão e noite de Sherazade”, pois “de dia é uma trapalhada e de noite, mentindo”.
O ex-ministro ainda descreveu o governo Bolsonaro como “uma tragédia, mil dias de confusão, de preconceito, ideias equivocadas”. “Infelizmente, estamos em pleno subdesenvolvimento acelerado.”
Questionado sobre quem levará a eleição de 2022, Netto disse que votará em Lula e que acredita na vitória do ex-presidente. “Eles vão embora no próximo ano (Guedes e Bolsonaro). Bolsonaro não será reeleito”, afirma. “Eu não tenho a menor dúvida da vitória de Lula no primeiro turno. O comportamento do governo Bolsonaro está se derretendo.”