Ex-funcionário de Lúcio Funaro pediu R$ 100 mil para “apagar incêndio”
O diálogo anexado aos autos de um dos processos da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) indica que Margotto queria o dinheiro para não incriminar o suspeito de operar de propinas de Eduardo Cunha
atualizado
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Uma conversa de 40 minutos entre Alexandre Margotto, ex-funcionário do lobista Lúcio Bolonha Funaro, e dois interlocutores, revela extorsão de R$ 100 mil “para apagar um incêndio”. O diálogo anexado aos autos de um dos processos da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) indica que Margotto queria o dinheiro para não incriminar Lúcio Funaro – apontado como operador de propinas do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Câmara.
Funaro foi preso na no dia 1º de julho na Operação Sépsis, sob suspeita de comandar com o parlamentar ousado esquema de arrecadação de propinas de grandes empresas que, para executar projetos milionários, recorriam ao Fundo de Investimentos do FGTS (FI/FGTS), então sob comando do vice-presidente da Caixa, Fábio Cleto.
Na gravação, um interlocutor identificado como “Bob” pergunta a Margotto se “100 pau resolve”. “Pra começar a negociar já. Ele precisa me pagar 100 pau agora, já, para depois a gente sentar e negociar”, afirma Alexandre Margotto.Em um dos trechos da conversa, o ex-funcionário de Lúcio Funaro alerta “Bob”. “Calma aí, eu tenho muito a falar desde o começo. E se eu for falar desde o começo, eu tenho muito a falar”, ameaça. Adiante, Margotto revela a “Bob” que “Lúcio comprou um juiz que eu arrumei, ele sabe”.
“Eu f*** ele muito nisso, mas muito”, avisa o ex-funcionário de Funaro. “Você quer o que? Você quer f**** o Lúcio ou quer pegar a grana?”, questiona “Bob”. “Eu quero estar do lado do Lúcio e que ele não me desampare financeiramente nem juridicamente”, responde Margotto. “Mas já eu quero 100 pau agora. Eu quero R$ 100 mil agora para apagar incêndio”, completa.
Colaboração
Em delação premiada, o ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto apontou pelo menos doze operações em que recursos do FI/FGTS financiaram empreendimentos empresariais de grande porte, todas supostamente aprovadas com “aval” de Eduardo Cunha.