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Ex-fiscal diz que uso de violência era autorizado no Carrefour onde João Beto foi morto

Trabalhador ficou dois meses na unidade onde homem negro foi morto e disse ter presenciado agressões e constrangimentos a clientes

atualizado

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João Beto
1 de 1 João Beto - Foto: Reprodução/Twitter

Em depoimento à polícia, um ex-fiscal de segurança da unidade do Carrefour onde João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, foi brutalmente espancado até a morte afirmou que o emprego de violência era permitido pela gerência do estabelecimento comercial aos clientes que causavam problemas. São informações do UOL.

O uso de violência, de acordo com o antigo funcionário, ocorria principalmente em situações nas quais havia suspeita de furto ou confusão dentro do mercado.

Haveria ainda, conforme relato, uma sala sem câmeras perto de onde João Beto foi morto. O espaço seria utilizado para agredir eventuais clientes.

O trabalhador afirmou ter trabalhado por dois meses na unidade, e que durante seu tempo no mercado presenciou situações de constrangimento de clientes, mesmo sem comprovação de que teriam cometido furtos ou qualquer outra irregularidade no interior do estabelecimento.

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Unidade atacada fica em um shopping

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Mais depoimentos

Além do depoimento do ex-funcionário, duas empregadas do Carrefour foram ouvidas pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul. Uma das mulheres intimadas a depor relatou que nunca viu a vítima e que ele “parecia estar furioso”.

Já uma agente de fiscalização, Adriana Alves Dutra, a mesma que aparece no vídeo do estacionamento ameaçando pessoas que filmavam o ataque, e que é investigada pela polícia, disse que a colega relatou que o rapaz teria tido atrito com outros funcionários do local.

A fiscal contou que, quando Beto chegou com a esposa para passar as compras e fazer o pagamento, ele “passou a encará-los” e foi na direção dela, que se esquivou. Ela ainda afirmou que ele “parecia estar furioso com alguma coisa” e não “aparentava estar fazendo uma brincadeira”, como afirmou a esposa do rapaz à polícia.

A funcionária relatou ainda que o cliente partiu para cima do segurança Magno Braz Borges e “fez um gesto com as mãos como se fosse empurrá-lo”, mas o segurança conseguiu desviar. Momentos depois, Borges e o policial militar temporário Giovane Gaspar da Silva levaram Beto até o estacionamento. Antes de sair da loja, o rapaz deu um soco no PM e, a partir daí, começaram as agressões que terminaram com a morte dele.

A fiscal afirmou ainda que não conhecia o cliente e não sabia o motivo da atitude dele. Ela permaneceu no caixa e só viu que Beto havia morrido quando foi chamada para ir até a entrada do Carrefour.

Contradição

Entretanto, Adriana falou, durante depoimento, que Beto “seria uma pessoa agressiva e que havia entrado em atrito com os fiscais da loja em outras datas”, o que contradiz o depoimento da fiscal.

A funcionária disse que acionou e Brigada Militar e ligou para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao ver sangue. Ela citou que pediu, várias vezes, “aos rapazes que largassem Beto”.

No entanto, Adriana foi flagrada tentando impedir a gravação da cena por um motoboy. O homem rebateu que eles não poderiam estar fazendo aquilo e ela diz que Beto “bateu em uma mulher dentro da loja” e que “a gente sabe o que está fazendo”.

O caso

Beto foi morto no Carrefour, na última quinta-feira (19/11), em Porto Alegre. A esposa do homem, Milena Borges Alves, 43, contou que o casal foi ao supermercado comprar ingredientes para fazer uma receita de pudim e comprar verduras.

De acordo com Milena, eles ficaram poucos minutos dentro do estabelecimento e Beto saiu na frente em direção ao estacionamento. Ao chegar no local, ela se deparou com o marido no chão, e foi impedida de chegar perto dele.

Segundo a versão de Adriana, Beto teria empurrado uma senhora e “novamente foi orientado pelo cliente/policial a deixar disso e se acalmar”. Em seguida, houve o soco de Beto contra o PM.

 

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