Ex-bailarina do Faustão denuncia racismo em shopping de luxo em SP
Carol Tozaki fez relato no Instagram nessa quarta (3/11). Ela afirma que não foi bem atendida em loja por causa da cor de sua pele
atualizado
Compartilhar notícia
Ex-bailarina do Faustão, Carol Tozaki denunciou ter sido vítima de racismo na loja Animale do Shopping Iguatemi, na zona oeste de São Paulo, na quarta-feira (3/11). A modelo fez um relato nos stories do Instagram e afirmou que se sentiu “coagida” durante o atendimento.
A moça mora há três anos em Londres, onde trabalha como modelo. Ela contou que foi ao shopping, considerado de alto padrão, para comprar uma jaqueta na loja, e afirmou que não foi atendida como outras clientes no estabelecimento.
“Entrei na Animale, uma loja que gosto muito, e senti o desprazer de ser atendida pelas pessoas que pareciam não querer me atender. […] É muito ruim você ir em um lugar, querer comprar, fazer as coisas e as pessoas não te atenderem bem, ficarem te olhando dos pés à cabeça. Esse é um dos motivos pelos quais o Brasil não vai pra frente, porque é muito preconceituoso”, desabafou.
A modelo também disse que seguranças do shopping a olharam de modo distinto por causa da cor de sua pele.
“Eu fiquei muito triste, muito abalada e indignada. Como em um país com tanta miscigenação, que tinha tudo para ser um país de primeiro mundo, as pessoas têm a cabeça tão fechada? As pessoas aqui são preconceituosas. Não importa de onde você venha, eles vão te julgar pela tua pele e pelo jeito que você está vestida”, disse a modelo.
Há quatro dias, Carol participou de um evento de moda em São Paulo. “Aqui, não importa de onde você venha, a educação que você teve. Esse é um dos motivos pelos quais não gosto de morar aqui, não quero mais ficar e estender isso”, declarou.
Ela também disse, via assessoria de imprensa, que não pretende abrir um processo. “Não penso em processar, mas não vou ficar calada com uma situação tão triste e dolorosa como essa. Ainda mais agora, depois de tantos depoimentos de pessoas que passam pelo mesmo todos os dias. No Brasil isso é visto como mimimi, infelizmente, mas, na verdade, é a realidade de milhares de brasileiros negros que sofrem todos os dias. As pessoas precisam abrir a cabeça e ver que isso causa dor, angústia e até mesmo impotência. E só quem passa sabe o que é. Ainda não entrei em contato com a marca e espero que consigamos resolver com eles e o shopping”, reforçou.
Em nota enviada ao Metrópoles, a marca Animale pediu desculpas “pela forma como a cliente Carol Tozaki se sentiu em uma de suas lojas”. A empresa comunicou que “tem como compromisso construir uma cultura antirracista e garante que o relato da cliente fará parte da sua contínua revisão das ações de diversidade e inclusão que são implementadas, tanto no time dessa loja, quanto em todo o time espalhado pelo país”.
Domingão
Em abril deste ano, Carol Tozaki relatou ao colunista do Metrópoles Leo Dias que, no programa Domingão do Faustão, na TV Globo, a escolha das dançarinas variava de acordo com o artista que se apresentaria no programa. “Se um Martinho da Vila se apresentasse, a maioria das meninas que iam fazer a coreografia eram negras e de cabelo afro. Agora, se fosse um sertanejo tipo o Gusttavo Lima, as meninas que iriam para a coreografia eram de pele mais clara, de cabelo loiro e liso”, disse.