Ex-atleta do Vila Nova é investigado por participar de fraude em jogos
Segundo MPGO, Vila Nova foi denunciante do esquema que alterava resultados e não há indícios de participação de instituições
atualizado
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Goiânia – Um ex-jogador de futebol do clube goiano Vila Nova é um dos investigados por participar de um esquema que manipulava resultados de jogos de futebol na Série B do Campeonato Brasileiro para beneficiar apostadores. O esquema é investigado pelo Ministério Público de Goiás (MPGO), que desencadeou, nesta terça-feira (14/2), a operação Penalidade Máxima.
De acordo com o promotor de Justiça que coordena a ação, Fernando Cesconetto, o caso foi denunciado pelo próprio time goiano. “A investigação se iniciou em novembro de 2022 e só teve início porque os dirigentes do Vila Nova vieram até o MPGO noticiando o esquema de alteração de resultados em jogos da série B. Partiu da vítima a denúncia, que já noticiava as partidas que estavam sob suspeita”, explicou.
“Para a aposta dar certo, era preciso que os pênaltis acontecessem, mas no jogo do Vila Nova não aconteceu, o que gerou um prejuízo para os apostadores. Os atletas receberiam R$ 150 mil para cada, seriam pagos de R$ 10 mil de sinal e R$ 140 mil após o êxito do evento. Como no caso do Vila Nova não houve sucesso, o grupo começou a cobrar ostensivamente o jogador. […] Houve a tentativa de cooptação, um atleta ficou responsável de que outro praticasse esse pênalti, mas houve uma reação no vestiário e não houve o cometimento da penalidade”, afirmou Cesconetto.
Por meio de nota, o Vila Nova Futebol Clube informou que auxilia na investigação, “na condição de denunciante”. De acordo com o time, ele aguarda a manifestação do MPGO com mais informações e “ressalta seu papel colaborativo e o compromisso com valores éticos, morais e de lisura que são princípios do clube e do esporte”.
De acordo com o MP, as apurações ainda estão em curso e, por isso, ainda não é possível confirmar quantas pessoas são investigadas e nem os nomes delas. Segundo Cesconetto, há indícios de que o grupo ainda esteja em atividade.
Apesar da indicação de participação de um ex-jogador do Vila, o MP não quis dar detalhes sobre outros atletas envolvidos com o esquema.
“Não podemos precisar, nem indicar os jogadores. Estamos no início da operação, da análise do material apreendido, no entanto, uma parcela do grupo continua com as atividades, com apostas direcionadas, na intenção de cooptar jogadores e assim obter resultados específicos. Há indícios de outros jogos recentes do ano de 2023 com suspeita de manipulação de resultados”, disse o promotor.
Conforme ele, não há indícios da participação dos clubes no esquema de fraude. Segundo ele, a investigação está concentrada no indivíduos e não nas instituições. A operação mira em empresários, apostadores e nos próprios atletas.
Entenda
Uma organização criminosa que atuava para manipular resultados de jogos de futebol na Série B do Campeonato Brasileiro foi alvo de operação do Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO). A organização convencia atletas a fraudar partidas. Eles faziam isso, por exemplo, cometendo um pênalti no primeiro tempo dos jogos, entre outras ações.
Com essa manipulação, os participantes do esquema conseguiam dinheiro em sites de apostas e os atletas ganhavam parte dos lucros. Estima-se que cada um tenha recebido aproximadamente R$ 150 mil por aposta. O MP acredita que o grupo atuou em, no mínimo, três partidas no final de 2022 e estima que os valores envolvidos no esquema ultrapassem os R$ 600 mil.
De acordo com o promotor Fernando Cesconetto, foi cumprido um mandado de prisão no estado de São Paulo e outros nove de busca e apreensão em Goiânia (GO), São João del-Rei (MG), Cuiabá (MT), São Paulo (SP), São Bernardo do Campo (SP) e Porciúncula (RJ). Segundo ele, o homem preso utilizava-se de uma empresa para efetuar o pagamento aos jogadores e também usava diversos CPFs para a mesma aposta.
Nomeada de Operação Penalidade Máxima, a ação é encabeçada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). O objetivo do trabalho desta terça foi conseguir provas contra o esquema.
Apoiaram a operação as polícias Militar, Civil e Penal de Goiás, os Gaecos de Minas Gerais e Mato Grosso, do Cyber Gaeco do Estado de São Paulo e do Centro de Inteligência do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.