Ex-aliados de Bolsonaro criticam ameaças às eleições de 2022
Dirigentes de oito partidos, entre eles PSL e DEM, defendem sistema eleitoral e se posicionam contra declarações do presidente da República
atualizado
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Após ameaças do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao pleito de 2022, ao dizer, por exemplo, que “ou fazemos eleições limpas ou não teremos eleições”, caciques partidários de oito legendas emitiram nota oficial à imprensa reagindo às declarações.
Parte das siglas, como PSL e DEM, já fez parte do núcleo duro de apoio a Bolsonaro. Para os presidentes das legendas – entre eles, Luciano Bivar, do PSL, antigo partido pelo qual o presidente se elegeu em 2018 –, a democracia é inegociável.
“A democracia é uma das mais importantes conquistas do povo brasileiro, uma conquista inegociável. Nenhuma forma de ameaça à democracia pode ou deve ser tolerada. E não será”, pontuam na nota.
Bolsonaro tem levantado suspeitas sobre a segurança das urnas eletrônicas e chegou a sugerir a apoiadores, na quinta-feira (8/7), no Palácio da Alvorada, que as eleições de 2022 podem não acontecer. Em referência ao voto impresso, ele declarou: “Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições”.
O comunicado dos dirigentes partidários vem na sequência dos posicionamentos dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luis Roberto Barroso, que também rebateram as críticas de Bolsonaro ao sistema eleitoral.
Confiança no sistema eleitoral
Assinada por ACM Neto (DEM), Baleia Rossi (MDB), Bruno Araújo (PSDB), Eduardo Ribeiro (Novo), José Luís Penna (PV), Luciano Bivar (PSL), Paulinho da Força (Solidariedade) e Roberto Freire (Cidadania), a nota reitera a confiança no sistema eleitoral, incluindo as votações pela urna eletrônica.
Eles também declaram, no comunicado, que serão firmes contra quem ameaçar o sistema democrático, referindo-se indiretamente a Bolsonaro.
“Temos total confiança no sistema eleitoral brasileiro, que é moderno, célere, seguro e auditável. São as eleições que garantem a cada cidadão brasileiro o direito de escolher livremente seus representantes e gestores. Sempre vamos defender de forma intransigente esse direito, materializado no voto. Quem se colocar contra esse direito de livre escolha do cidadão terá a nossa mais firme oposição”, escreveram.
Isolado
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), reforçou nesta sexta-feira (9/7) apoio ao sistema eleitoral e indicou que será considerado inimigo da nação quem pretender retrocessos democráticos.
“Tudo quanto houver de especulações em relação a algum retrocesso á democracia, como a frustração das eleições próximas, é algo que o Congresso, além de não concordar, repudia veementemente. Nós não admitiremos nenhum retrocesso nesse sentido”, disse Pacheco, em entrevista coletiva à imprensa.
De forma mais enigmática, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), publicou em suas redes sociais, neste sábado (10/7), uma série de posts com críticas a “declarações públicas” e “oportunismo” contra as instituições brasileiras.
As declarações endossam o posicionamento de Barroso, presidente do TSE, que classificou como “lamentáveis” e “levianos” os ataques de Bolsonaro.
“Desde a implantação das urnas eletrônicas em 1996, jamais se documentou qualquer episódio de fraude. Nesse sistema, foram eleitos os presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Jair Bolsonaro. Como se constata singelamente, o sistema não só é íntegro como permitiu a alternância no poder”, informa a nota do TSE encaminhada à imprensa.
Bolsonaro tem apostado na PEC do voto impresso, que tem sido rechaçada por partidos nas últimas semanas. Com tramitação em comissão especial na Câmara, a proposta tem votação marcada para a próxima quinta-feira (15/7).