Evento de indígenas em MS denuncia o desaparecimento de seis pessoas
Entre os desaparecidos no evento em Mato Grosso do Sul (MS) estaria um jornalista estrangeiro e uma família de indígenas
atualizado
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A cacica Valdelice Veron, que é uma das principais lideranças do povo Guarani-Kaiowá, solicitou a ajuda da Força Nacional para garantir a segurança dos caciques que participam do evento a Grande Assembleia Indígena Aty Guasu, em Mato Grosso do Sul. A ação foi protocolada pela defesa da cacica há dez dias, com o alerta para possíveis agressões. Nesta quarta-feira (22/11), de acordo com ela, houve o desaparecimento de seis pessoas.
A informação que se tem no momento é de que a Polícia Federal (PF) está em deslocamento para a região.
A assembleia tem como objetivo discutir violências rotineiras sofridas pelos povos indígenas e a homologação de Terra Indígenas no estado.
De acordo com a defesa da cacica, o pedido de ajuda federal foi atendido – mas não em quantitativo suficiente.
Nesta quarta-feira (22/11), ainda segundo a defesa da cacica, houve o desaparecimento de um total de seis pessoas, entre elas uma família de indígenas Guarani-Kaiowá e de um jornalista canadense. A informação que se tem é de que, quando os desaparecimentos foram reportados às forças que fazem o policiamento, ouviu-se a resposta de que só agiriam sob comando.
Por meio de nota ao Metrópoles, a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul (PMMS) diz que não ter recebido solicitação de apoio no canal de contato, que a equipe de Departamento de Operações de Fronteira (DOF) também não foi informada do ocorrido durante abordagem, e que não houve registros em desfavor do DOF e da PM no boletim de ocorrência registrado. Contudo, reforçou que investiga a situação.
O desaparecimento de seis pessoas
Em áudio obtido pelo Metrópoles, a defesa da cacica denuncia uma série de desaparecimentos ocorridos nesta quarta-feira (22/11). Primeiro, teria sido sequestrada uma família de quatro pessoas (mãe, pai, e dois filhos) e, em seguida, na mesma região, um jornalista canadense. “Ele estava aqui na hora do almoço e depois foi caminhar pelo território e, quando chegou na cidade de Itamaraty, eles entraram em um território onde, no período da manhã, uma família Guarani Kaiowá havia sido sequestrada, eles tavam vindo para Aty Guasu, o pai, a mãe e os filhos, e foram sequestrados. A gente não sabe se estão mortos, vivos, o que está acontecendo”, explicou a defesa.
O jornalista canadense desaparecido teria o nome de Renaud Philippe, estaria na região a trabalho, justamente para o evento dos indígenas, e teria sido espancado por fazendeiros. “Quando o jornalista Philippe chegou, e ele está acompanhado de pessoas foram ajudar ele nesse percurso pelo Brasil, a gente sabe que retiraram todos equipamentos de trabalho dele e espancaram ele. A gente não sabe se ele está sequestrado, e onde ele está. O que a gente precisa é que o governo se movimente”, afirma a defesa da cacica. “O que está acontecendo aqui [no Mato Grosso do Sul] é inadmissível”, completa.
Veja a íntegra da nota da PMMS:
“A Polícia Militar não recebeu, através do seu canal de contato com a população (190), nenhuma solicitação de apoio de jornalista na região de Iguatemi. Uma equipe do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) chegou a abordar os profissionais que gravaram um vídeo denunciando agressão, mas não foi informada dos fatos durante tal abordagem. Além disso, os mesmos registraram um Boletim de Ocorrência na Delegacia da Polícia Civil em Amambai, porém não relataram nenhum fato em desfavor tanto do DOF quanto da PM, apenas informando que haviam sido abordados no percurso, fato que será devidamente apurado”.