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A Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional tem apenas 47,2% de evangélicos, apurou o (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles. Na Câmara dos Deputados, o grupo reúne 196 parlamentares, dos quais 195 responderam questionamento da reportagem sobre a religião de cada um. O levantamento faz parte da série Poder e Fé, que tem sido publicada no portal desde domingo (12/01/2020).
Entre os participantes da frente, 92 são evangélicos e 83 são católicos. Os demais se declararam cristãos (sem apontar uma igreja específica), espíritas ou sem religião. O dado evidencia que não é apenas a religião que leva um parlamentar a fazer parte da bancada. A concordância em torno de determinadas bandeiras faz com que outros deputados integrem o grupo.
Essas bandeiras ficam explícitas quando é feito um ranking das bancadas com a maior participação de parlamentares evangélicos. Depois do próprio grupo, estão a Frente Parlamentar Mista contra o Aborto e em Defesa da Vida, com 37,7% de evangélicos, a Frente Parlamentar Mista de Enfrentamento à Pedofilia (34,6%), a Frente Parlamentar Mista pela Redução da Maioridade Penal (33,7%) e a Frente Parlamentar em Defesa da Vida e da Família (33%).
Por outro lado, as bancadas com a menor participação de evangélicos são a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Cinema e do Audiovisual Brasileiros, com 12,7% de evangélicos, a Frente Parlamentar Mista pela Aprovação do Marco Regulatório dos Jogos no Brasil (12,8%) e a Frente Parlamentar Mista para Ampliação dos Cursos de Medicina (13,2%).
Católicos
A Frente Parlamentar Mista Católica Apostólica Romana também tem mais diversidade religiosa do que seu nome poderia indicar. Entre os 206 participantes, 68,4% são católicos e 18,4%, evangélicos. Ela não é a bancada com a maior participação relativa de católicos. Na verdade, está na posição 19 nesse ranking.
Os católicos estão mais presentes, proporcionalmente, na Frente Parlamentar Mista para Ampliação dos Cursos de Medicina, com 74,6% de deputados da religião. Ela é seguida pelas Frente Parlamentar Mista em Defesa da Indústria Brasileira de Bebidas (73,7%) e Frente Parlamentar da Alimentação e Saúde (70,8%).
O Metrópoles questionou a religião dos deputados federais com o compromisso de não identificar a fé de cada um. A informação serve apenas para alimentar a base de dados, que foi cruzada com os resultados de votações na Câmara e os discursos feitos pelos parlamentares, entre outros. Foi utilizada a linguagem de programação Python tanto para obter os dados do parlamento através de sua API quanto para levantar as informações e fazer as análises necessárias.
O resultado de todo esse trabalho poderá ser lido na série Poder e Fé, do (M)Dados, lançada no último domingo (12/01/2020). Esta é a quarta de uma sequência de cinco reportagens publicadas diariamente.
Além de apurar qual grupo é mais governista, o levantamento também buscou descobrir se a Câmara representa fielmente a população quando a questão é a religião, qual grupo é mais coeso nas votações, como os diferentes grupos religiosos se dividem nas frentes parlamentares e quais temas estão mais presentes em seus discursos.