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“Eu mato peba”: vídeo mostra como policiais penais treinam

Treinamento exposto em rede social de policiais penais de Goiás mostra música com apologia a práticas de extermínio e tortura

atualizado

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Policiais penais cantam música com apologia à tortura
1 de 1 Policiais penais cantam música com apologia à tortura - Foto: Reprodução

Um vídeo postado no Instagram de policiais penais de Goiás expõe música de treinamento em que a “letra” é condizente com a defesa de execuções e de tortura. Fardados e armados, integrantes do Grupo de Operações Penitenciárias Especiais (Gope) cantam em altos brados: “Eu mato peba, vai virar uma desgraça”. E completam: “No mata-leão, eu vou te estrangular”.

As imagens se passam no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia e foram postadas em comemoração ao Dia do Professor, em 15 de outubro. Na legenda, os policiais escreveram durante o feriado: “Sextou! E estamos como? Daquele jeitinho que a gente gosta: treinando para manter a ordem e disciplina dentro e fora das unidades prisionais, protegendo os goianos e preservando nossa segurança pública”.

Os policiais que aparecem no vídeo fazem parte do Curso de Intervenção Tática (CIT) da Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP) de Goiás, que também é citado na música: “Ei, 2º CIT, prepara a carcaça. Eu mato peba, vai virar uma desgraça”.

Veja vídeo:

As siglas POG e CPP citadas na música são também unidades dentro do complexo penitenciário: Penitenciária Odenir Guimarães e Casa de Prisão Provisória.

Diante da letra, que chama os presos do Núcleo de Custódia de psicopatas, familiares e defensores dos direitos humanos ficaram assustados com a conduta dos homens fardados. “Me senti ameaçada. Meu marido está lá há um ano. Não temos visita, o advogado não pode entrar. Meu marido já levou tiro na barriga. Ele fica incomunicável, e eu, apreensiva. Com esse vídeo, o medo aumenta”, afirmou a esposa de um dos presos do complexo que conversou com o Metrópoles.

Direitos humanos

“Recebi através das minhas redes sociais diversas mensagens de familiares de presos de Aparecida do Goiás desesperados. É a naturalização de procedimentos que para nós, que defendemos os direitos humanos, é tortura”, afirmou o presidente do Centro Brasiliense de Defesa dos Direitos Humanos (Centrodh), Michel Platini.

Devido à repercussão do vídeo e da prática de treinamento sem princípios de ressocialização, a vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, deputada federal Érika Kokay (PT-DF), afirmou que vai acionar o Conselho Nacional de Justiça (CNJ); o Comitê de Fiscalização do Sistema Prisional do Conselho Nacional do Ministério Público e o Ministério Público de Goiás (MPGO).

“É inaceitável que num momento de formação sejam naturalizadas práticas de tortura, quando deveriam estar debruçados sobre a ressocialização e princípios de direitos humanos”, ressaltou a parlamentar.

A reportagem do Metrópoles entrou em contato com o governo de Goiás para comentar o vídeo de treinamento, mas ainda não havia obtido resposta até a última atualização desta matéria. O espaço permanece aberto.

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