Etiópia: Lula busca apoio mundial para combate à fome, tema do G20
Ministro de Lula se juntará ao presidente na África para fortalecer discurso de combate à fome, que acompanha o presidente há décadas
atualizado
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Em passagem pela África nos últimos dias, o presidente presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) busca apoio internacional na agenda de combate à fome, tradicional em seu currículo. O objetivo é mobilizar mais líderes mundiais dispostos a aderir à Aliança Contra a Fome, proposta do Brasil enquanto dirigente do G20, o Grupo dos Vinte.
Essas tratativas bilaterais serão feitas em Adis Abeba, capital da Etiópia e palco para a 37ª Cúpula da União Africana. O grupo de países da África se juntou ao G20 no fim do ano passado.
Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento, Assistência Social, Família e Combate à Fome, se encontrará com Lula, nesta sexta-feira (16/2), na Etiópia, para participar do esforço do petista.
Em pronunciamento, o ministro Dias indicou a agenda como um “fórum privilegiado” para conversas com lideranças de todo o mundo, já que o evento terá a presença de chefes africanos, latinos, europeus, asiáticos e norte-americanos. A ideia é selar o pacto pelo combate à fome até novembro, quando se encerra o mandato do Brasil à frente do grupo.
“Veja que novamente o mundo bate um recorde em gastança nessa área de guerras, nessa área bélica de armamentismo, enquanto o mundo diz que não tem dinheiro para combater a fome e a pobreza, é isso que o presidente Lula chama a atenção”, falou o ministro.
“É isso que queremos deste encontro, sair de lá com um número maior de países dispostos à aliança global contra a fome e a pobreza“, afirmou. Dias também informou que Lula firmará, ainda no evento, parcerias com foco em bioenergia e pelo meio ambiente.
Bandeira antiga
O combate à fome é bandeira do presidente brasileiro desde o seu primeiro governo, iniciado em 2003. Em gestões passadas, o tema não teve grande adesão internacional, especialmente porque a Organização das Nações Unidas (ONU) já havia estipulado algumas metas semelhantes.
No entanto, com o aumento da insegurança alimentar nos últimos anos, Lula retomou essa bandeira e deseja expandir o assunto, junto ao combate à pobreza, como preocupação global enquanto estiver no comando do G20 e apresentar um plano de ação até o fim de 2024.
Agenda na Etiópia
Lula estará na Cúpula da União Africana no sábado (17/2), mas chegou a Adis Abeba, capital da Etiópia, na noite de quinta-feira (15/2). Esta será a terceira participação do presidente na cúpula, após presenças em 2009, como chefe do Executivo, e 2011, enquanto convidado especial de Dilma Rousseff (PT).
Durante a sexta (16/2), Lula terá uma reunião, seguida de almoço, com o primeiro-ministro local, Abiy Ahmed Ali. À noite, o petista é esperado em um evento sobre segurança alimentar e agricultura, com uma exposição de resultados da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP).
No sábado, o presidente encontrará, na Cúpula, António Guterres, secretário-geral da ONU, e Mohammad Shtayyeh, primeiro-ministro da Palestina. Também são esperadas outras conversas bilaterais.
Antes de embarcar de volta ao Brasil, no domingo (18/2), o chefe do Executivo dará uma entrevista coletiva à imprensa.
Brasil no G20
O Brasil assumiu a presidência do G20 em 1º de dezembro para um mandato que durará até 30 de novembro de 2024. É a primeira vez na história que o país lidera o bloco, formado pelas 19 maiores economias do mundo.
A coordenação brasileira tem foco em três eixos principais: o combate à fome, à pobreza e às desigualdades; o desenvolvimento sustentável, no âmbito econômico, social e ambiental; e a reforma da governança internacional.
“Se quisermos fazer a diferença, temos que colocar a redução das desigualdades no centro da agenda internacional”, afirmou o presidente Lula durante a 18ª Cúpula de Chefes de Governo e Estado, em Nova Delhi, na Índia, em setembro.
Uma das ações da presidência brasileira foi a criação de duas forças-tarefa: uma para ampliar o combate às desigualdades e outra para mobilizar esforços contra as mudanças climáticas. As iniciativas englobam países-membros e não membros do G20, instituições financeiras e organismos internacionais diversos.
Ao final do mandato, o Brasil sediará a Cúpula de Chefes de Governo e Estado, que acontece no Rio de Janeiro, entre os dias 18 e 19 de janeiro.