Estudo contradiz governo e aponta maior risco de Covid em professores
Segundo levantamento feito por docentes, incidência da doença em professores é três vezes maior do que na população em geral
atualizado
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São Paulo – Um levantamento elaborado pela Rede Escola Pública e Universidade (Repu) indica que o risco de professores e funcionários da educação de pegar Covid-19 pode ser maior do que o estimado pelo governo do estado de São Paulo.
O estudo foi publicado no dia 13 de abril, véspera do retorno das aulas presenciais em todo o estado de São Paulo.
De acordo com o estudo da Repu, a incidência de Covid-19 entre professores é quase três vezes maior do que na população na mesma faixa etária da maioria dos docentes (25-59 anos) no estado de São Paulo
Essa informação contradiz o boletim epidemiológio da educação, divulgado em março de 2021, elaborado pela equipe de João Doria (PSDB). O documento afirma que a proporção de casos confirmados de Covid-19 nas escolas é 33 vezes menor do que na população paulista em geral.
Os dados da Repu foram coletados em 299 escolas estaduais de São Paulo por professores ligados ao Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), entre fevereiro e março.
A entidade também tentou obter os dados oficiais de infecção de professores e funcionários via Lei de Acesso à Informação com o governo paulista, que negou o pedido, alegando que já havia publicado a informação em seu boletim epidemiológico. Essa negativa que motivou a Repu a usar a coleta de informações da Apeoesp.
A Secretaria de Educação de São Paulo (Seduc) afirmou em nota “que os pedidos via LAI estão sendo respondidos dentro do prazo legal”.
Já o estudo do governo estadual tomou como base um censo escolar de 2020 os casos de Covid notificados no Sistema de Informação e Monitoramento da Educação para Covid-19 (Simed).
O Simed foi lançado em 22 de dezembro, portanto mais de um mês depois que a volta às aulas presenciais foram autorizadas pelo governador João Doria (PSDB).
Segundo os pesquisadores que elaboraram a sondagem da Repu, esta diferença nas incidências teria ocorrido por “graves falhas metodológicas” no boletim produzido pelo governo.
Diferença está na metodologia dos estudos
“O governo calculou a incidência de Covid-19 sobre o número total de matrículas nas escolas públicas e privadas, sendo que a população que realmente frequentou as escolas no período era substantivamente menor, gerando valores irrealistas”, afirma o documento elaborado por docentes do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Universidade Federal do ABC.
A Secretaria de Educação de São Paulo (Seduc) argumenta que o governo optou por um número confiável. “O uso de dados gerais foi o número confiável a ser utilizado diante das incertezas, como metodologia possível”, afirmou a Seduc em nota (leia na íntegra ao fim da reportagem).
Os pesquisadores também criticaram o fato de o governo estadual agregar as escolas municipais às contas do boletim oficial, sendo que a notificação dos casos de Covid-19 da rede municipal não é obrigatória.
A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo ressaltou, em nota, que o governo de São Paulo iniciou a vacinação de profissionais de educação em 12 de abril. Desde então, 167.847 professores e funcionários do setor já receberam a primeira dose da vacina. Porém, pelas características da vacina, essas pessoas só estarão plenamente imunizadas cerca de duas semanas após receberem a segunda dose.
Nota da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo:
A Secretaria da Educação São Paulo investe na segurança dos professores na volta às aulas e, por isso, já foram vacinados mais de 167.847 profissionais da área desde sábado (10). A pasta esclarece que o cálculo da incidência de casos de COVID-19 considera o número de casos positivos de estudantes e profissionais, dentre eles os professores.
Não foi realizado um recorte específico para o público docente porque o monitoramento realizado pela SEDUC, por meio do Simed, se dá sobre toda a comunidade escolar. O uso de dados gerais foi o número confiável a ser utilizado diante das incertezas, como metodologia possível. A Seduc SP também ressalta que a escolha pelo fornecimento de dados por parte das escolas municipais ao Simed cabe aos municípios. Por exemplo, no caso da capital, a prefeitura tem um sistema próprio e optou por não alimentar as notificações de casos para a base de dados. O SIMED está aberto a todos os municípios. Um novo boletim epidemiológico será divulgado em breve sobre o acompanhamento dos casos da Covid-19 em ambientes escolares, lembrando em cumprimento às orientações do Plano SP, o retorno às aulas se dá de forma gradual e reduzida, de acordo em que fase o estado se encontra, o que é definido pelas áreas de saúde competentes.
Em relação à pesquisa mencionada, a comparação foi entre o aumento de casos nos municípios onde as escolas abriram para os alunos e onde não abriu, com frequência controlada de até 35% e de forma não obrigatória. O recorte foi de outubro a dezembro de 2020, quando 1,8 mil escolas retomaram com as atividades presenciais, atendendo cerca de 1,7 milhão de estudantes. Naquele momento a pesquisa comparou os 131 que reabriram com todos os outros do Estado de São Paulo, garantindo que os dados de cada município foram contrastados com pares de municípios comparáveis.
A frequência desses alunos foi comprovada pelas atividades e avaliações que foram feitas em sala de aula.
A Secretaria da Educação São Paulo também informa que os pedidos via LAI estão sendo respondidos dentro do prazo legal.