Estudantes de SP tentam barrar homenagem a militar ícone da ditadura
Falecido em 2010, então secretário de Segurança Pública Erasmo Dias ordenou invasão à universidade para interromper atividades da UNE
atualizado
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Alunos do curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) têm se mobilizado para barrar a votação de um projeto de resolução que tramita na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para criar a Medalha de Mérito de Segurança Pública Deputado Erasmo Dias (1924 – 2010). O parlamentar, que era militar do Exército, ordenou a invasão do campus em setembro de 1977 por três mil policiais, quando era secretário de Segurança Pública do estado, em meio à Ditadura Militar (1964 – 1985).
No local, acontecia uma atividade pública pela reorganização da União Nacional dos Estudantes (UNE). De acordo com a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, 854 pessoas foram detidas no Batalhão Tobias de Aguiar; 92 foram fichadas no Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops); e 42 acabaram processadas por subversão, com base na Lei de Segurança Nacional.
Representados pelo Centro Acadêmico 22 de Agosto, os estudantes fizeram um abaixo-assinado que já conta com mais de cinco mil assinaturas, além de uma série de postagens que explicam quem foi Erasmo Dias e criticam pontos do projeto. O grupo coloca que ele foi “um grande símbolo do autoritarismo e violência implantados durante a Ditatura”.
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A proposta é assinada por parlamentares bolsonaristas e ligados à segurança pública, como Gil Diniz (sem partido), Douglas Garcia (PTB), Valéria Bolsonaro (PRTB) e Conte Lopes (PP). Alunos também colaram cartazes pela cidade de São Paulo com os dizeres “#64nuncamais” e “#pucantifascista”.
Figuras públicas como o jornalista Juca Kfouri e o ex-deputado federal José Dirceu assinaram o documento on-line. Os estudantes ressaltaram um trecho do projeto que tramita na Alesp: “de acordo com o projeto, Erasmo Dias “merece destaque sua notória participação no Movimento de Março de 1964, quando a sociedade reconhecia o Exército, na figura de Erasmo Dias, como a força que pôs fim a anarquia comunista”. Na realidade, o “Movimento de Março” se trata do Golpe de Estado de 1964, que instituiu a Ditadura Militar no Brasil, a qual promoveu anos de censura, violência e sofrimento ao povo”.