Estudantes da UFRGS pedem expulsão de doutorando suspeito de racismo
Álvaro Hauschild enviou mensagens racistas à namorada do estudante negro Jota Júnior. “Exala um cheiro típico”, disse em uma das mensagens
atualizado
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Estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul estão pedindo a expulsão de Álvaro Hauschild, aluno de doutorado em filosofia. Hauschild encaminhou uma série de mensagens racista à namorada do estudante negro Jota Júnior, chegando a afirmar que ele “exala um cheiro típico”.
“É inadmissível que em 2021 crimes raciais ainda ocorram sem nenhuma justiça e punição. A comunidade universitária não irá aceitar que a UFRGS se abstenha. Queremos justiça pelo nosso colega, vítima deste ato deplorável”, diz o abaixo-assinado elaborado pelo Centro Acadêmico de Políticas Públicas da universidade.
Os estudantes ainda citam o Artigo 20 da Lei n° 9.459/1997, que determina uma pena de um a três anos e multa para quem praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Entenda o caso
Álvaro Hauschild entrou em contato com a namorada de Jota Júnior, Amanda Klimick, por mensagem, afirmando que ela era inocente e estava “fazendo caridade” ao namorar com Jota, que publicou imagens da conversa.
Inicialmente, Álvaro diz que o estudante faz com que Amanda passe vergonha “rebolando como uma mulherzinha”. “Mulher, te olha no espelho. Tu é bonita, parece que é de família… tu merece algo à tua altura. Está fazendo caridade…”, diz o doutorando.
Em seguida, Álvaro diz que Amanda tem ombros fortes e é descendente de vikings. “No mais, pensa nos teus filhos. Tu quer que sejam bonitos, harmônicos de corpo e alma como tu?”.
Jota, então, assume a conversa para ver até onde iriam os ataques e questiona as falas do doutorando. “Isso significa que teus filhos vão perder uma enorme carga genética prussiana. Tu como médica deve saber ainda que europeus têm genes recessivos e negros genes dominantes em boa parte do código genético. Isso significa que o povo europeu é o que é porque foi guerreiro e se purificou”, diz Álvaro.
E continua: “Tu merece coisa melhor, tu é bonita, asseada, graciosa e além de tudo inocente. Está sim fazendo caridade e não é pouca. Quando as pessoas dizem que vocês são ‘iguais’, elas no fundo sabem que não são e estão tentando esconder a vergonha que tu passa com esse energúmeno”.
Álvaro chega até mesmo a afirmar que Amanda deve ficar alguns anos sem se relacionar com negros para garantir que não haverá influência no código genético dos filhos. “Ele exala um cheiro típico, libera substâncias no ambiente e na troca com parceiros. Por isso os europeus são protetores ‘patriarcais’, porque, se não fosse isso, eles perderiam potencialmente a etnia”, diz.
“Estamos sendo enganados sobre miscigenação etc. Tanto o mercado neoliberal quanto nossa burguesia brasileira, aliada com certos setores da esquerda política, promovem a miscigenação”, afirma. “O samba foi criado com este propósito, inclusive.”
Por fim, Álvaro diz que negros são desarmônicos e visivelmente deformados. Além disso, afirma que o homem negro “defende os ricos e finge ser o que ele não é para enganar as pessoas e atraí-las a votar nele e ser amiga dele”. E finaliza: “É burro como um jumento.”