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Estudante de 20 anos morre à espera de UTI para Covid no Entorno do DF

Família levou Tauana Francisco do Carmo a hospital particular de Luziânia, mas não conseguiu pagar diária; estado admite espera por leito

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Tauana Francisco do Carmo, de 20 anos, que morreu à espera de UTI para Covid em Luziânia (GO)
1 de 1 Tauana Francisco do Carmo, de 20 anos, que morreu à espera de UTI para Covid em Luziânia (GO) - Foto: Reprodução/Instagram

Goiânia – Uma estudante de ciências contábeis de 20 anos morreu à espera de um leito de unidade de terapia intensiva (UTI) para Covid-19, nesta segunda-feira (22/3), em Luziânia, no Entorno do Distrito Federal. Ela estava internada em uma unidade de pronto-atendimento (UPA) da cidade.

Ao Metrópoles, a Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SESGO) confirma que Tauana Francisco do Carmo morreu à espera de leito de UTI para Covid. Segundo a pasta, o nome dela foi inserido no sistema do Complexo Regulador Estadual, na tarde desse domingo (21/03), pela UPA de Luziânia.

“A partir de então, a regulação passou a fazer a busca ativa de uma vaga nas unidades da rede pública estadual, mas a paciente veio a óbito na manhã desta segunda-feira”, afirmou a secretaria, por meio de nota. O sistema hospitalar está em risco iminente de colapso.

Em média, por dia, de acordo com a Superintendência do Complexo Regulador em Saúde do Estado de Goiás, vinculado à SESGO, mais de 300 pessoas com Covid aguardam, em estado muito grave, por vaga de UTI, e mais de 200, por enfermaria. O índice se mantém alto desde fevereiro, mesmo com o constante aumento de leitos.

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Os dados foram divulgados neste sábado (31/7) pelo consórcio veículos de imprensa formado por G1, O Globo, Estadão, Extra, Folha e Uol, em parceria com as secretarias de Saúde das 27 unidades da Federação

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Desmaiou em casa

A jovem cursava o quinto semestre de ciências contábeis e trabalhava como recepcionista em uma distribuidora de bebidas. Ela começou a sentir mal, no dia 1º/3.

Na ocasião, a recepcionista contou ao seu patrão que estava com febre, além de dores no corpo e na cabeça. O proprietário da empresa, Paulo Roriz, diz que a liberou e pediu para ela fazer exames, imediatamente.

Dois dias depois, a estudante voltou ao trabalho, com resultado negativo de exame de Covid-19. No último sábado (20/3), ela iria sair para caminhar e desmaiou antes de chegar ao portão, ainda em casa, segundo informações repassadas pela família dela ao empresário.

De acordo com Roriz, familiares socorreram a jovem, às pressas, e a levou primeiro para um hospital particular de Luziânia, onde foi internada em UTI. “No hospital, ela teve três paradas cardiorrespiratórias, uma na chegada e duas lá dentro”, relata o empresário. “Fizeram outro exame de Covid, mas deu, de novo, negativo”, conta.

Diária de R$ 10 mil

Como o valor da diária na UTI era muito caro, familiares não tiveram condições de pagar o hospital e autorizou o encaminhamento dela para uma semi UTI em unidade de pronto-atendimento. “Assim que liberou a vaga na UPA, a família teve de fazer a transferência porque não tinha condição de pagar a diária de UTI no hospital, que é R$ 10 mil”, diz ele.

No entanto, a jovem precisava mesmo era de uma vaga em unidade de terapia intensiva em hospital público, que não chegou a tempo. “Eles [os médicos] falaram que havia 38 pessoas esperando por vaga de UTI no Entorno, no momento em que ela estava na UPA”, afirma o dono da distribuidora em que a jovem trabalhava.

Na manhã desse domingo (21/3), o estado de saúde da jovem se agravou muito, e os médicos decidiram submetê-la a exame de tomografia computadorizada no crânio e no tórax. O exame teria detectado a infecção por coronavírus.

De acordo com o empresário, o quadro de saúde da estudante piorou muito rápido. “Ela não conseguia urinar, e os pulmões e os rins estavam praticamente parados”, relata. “Ela era uma excelente funcionária, começou a trabalhar na empresa como jovem aprendiz”, acrescenta.

Em resposta ao portal, a secretaria ainda informa que, “mesmo aguardando vaga para internação em hospital dedicado à Covid-19, a paciente não estava sem atendimento, pois recebia assistência em leitos que não são exclusivos para coronavírus na unidade de origem do pedido”.

De acordo com a pasta, “há uma sobrecarga dos sistemas de saúde em Goiás que tem causado maior pressão por internação em UTI devido ao aumento das contaminações no Estado”. Assim, acrescenta, o tempo de espera por um leito tem sido maior.

“Deixará saudades”

Em nota publicada nas redes sociais, o Centro Universitário Unidesc diz lamentar profundamente a morte da jovem perda e se solidarizou com familiares e amigos.

Coordenadora do curso, Izabela Calegario Visentin, relata que Tauana era uma aluna muito alegre, estudiosa e trabalhadora. “Deixará saudades. Que Deus a receba em sua infinita misericórdia”, diz.

“Tauana sempre foi uma pessoa super humilde e de bom coração, muito batalhadora. Correu atrás de seus objetivos e os conquistou. Dela só vou guardar boas lembranças”, conta o colega de turma, Wallace Rian.

O Metrópoles tentou conversar com familiares, mas não conseguiu porque estão bastante abalados. Pessoas próximas contam que a família está assustada com a morte da jovem em menos de dois dias após ela ser internada.

O sepultamento da jovem foi realizado, nesta segunda-feira, em Luziânia. Além dos pais, a estudante deixa um irmão gêmeo. Ela iria completar 21 anos daqui a dois meses, no dia 24/5/2021.

Recuo de prefeitos

Na semana passada, os prefeitos do chamado Entorno Sul do DF (que inclui, além de Luziânia, Valparaíso, Cidade Ocidental, Novo Gama, Águas Lindas e Santo Antônio do Descoberto) tinham se posicionado contra o alinhamento a decreto mais restritivo do Governo de Goiás.

A posição veio mesmo após a região seguir com a de maior índice de contaminação pela Covid-19 no estado, de acordo com mapa da SESGO. No entanto, nesta segunda, os prefeitos decidiram mudar a postura e adotar medidas mais rigorosas para tentar frear a pandemia.

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