“Estou sendo linchado”, diz pastor que justificou fome de mendigos
Líder da Igreja Batista Redenção escreveu que “maioria dos mendigos tem dever bíblico de passar fome” e houve reação na internet
atualizado
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O pastor Marcos Granconato, de 58 anos, foi alvo de uma polêmica nesta semana, depois de afirmar na página dele no Facebook que “a maioria dos mendigos tem o dever bíblico de passar fome”.
Muitos se manifestaram simplesmente discordando do líder da Igreja Batista Redenção, em São Paulo, mas também houve difamação e sugestões de ameaça, segundo Granconato relatou ao Metrópoles.
“As pessoas estão me difamando, estou sendo linchado. Estou até um pouco assustado, com medo. As pessoas fazem até certas ameaças, isso me preocupa”, disse o pastor.
“‘Seus dias estão contados’, alguém disso isso. Não entendi bem essa expressão. Se referia ao tipo de pastor que represento? A nossa classe vai desaparecer? Ou essa pessoa está dizendo que a minha vida vai ceifar em breve? O que dizer?”, questionou Marcos Granconato.
Direito à alimentação
A Constituição Brasileira em seu artigo 6º, prevê a alimentação como direito social, assim como a saúde, a educação, a moradia, entre outros.
“Eu não sou contra a Constituição. Eu sou um pastor e tenho meus conceitos. Como sou conservador bíblico e ortodoxo, tenho conceitos baseados nas sagradas escrituras”, explicou o pastor.
Granconato disse que “a maioria dos mendigos tem o dever bíblico de passar fome” baseado na carta do apóstolo Paulo aos Tessalonicenses, no Novo Testamento, onde está escrito: “Se alguém não trabalha, que também não coma”.
O líder religioso argumentou que quando escreveu isso nas redes sociais não se referia aos moradores de rua em geral, ou aos pobres em geral. Na visão do pastor, a Bíblia fala de vários tipos de pobres, que devem ser ajudados, mas também fala sobre os que estão miseráveis porque não trabalham.
Experiência pessoal
Na visão de Marcos Granconato, há moradores de rua que realizam trabalhos, como vender objetos no sinal ou se oferecer para serviços. No entanto, há aqueles que vivem apenas da mendicância, que na visão dele, na maioria das vezes, se enquadram na justificativa da fome, escrita pelo apóstolo Paulo.
“Quando eu era garoto, eu criei meu emprego, eu era vendedor de sabão na rua, pelas ladeiras da Zona Leste. Eu voltava para casa com meu dinheiro. A pessoa tem que tomar iniciativa e não ficar na rua pedindo dinheiro. É um mal social que deveria ser corrigido pela instrução bíblica. Se vai viver como parasita – isso é errado, é pecado – não terá comida”.
Tradicional
O pastor Marcos Granconato tem pouco mais de 20 mil seguidores no Facebook e 30 mil no Instagram. O nome dele é mais conhecido apenas em parte do meio evangélico. Ele é de uma linha mais tradicional da religião evangélica, chamada de protestantismo histórico, diferente do pentecostalismo e neopentecostalismo.
Em novembro de 2019, por exemplo, ele promoveu um final de semana de palestras para jovens com o tema “Marxismo Cultural, a religião secular”. O líder religioso defende que no meio secular, ou seja, fora da igreja, existe uma ideia de que o homem é naturalmente santo e que as atitudes erradas são por causa da influência de fatores externos.
“No Cristianismo autêntico existe a natureza pecaminosa. Ainda que o homem seja a imagem e semelhança de Deus, e merece ser respeitado, existe a natureza pecaminosa que induz a práticas erradas. Se alguém opta pela ociosidade, isso não faz da pessoa uma vítima, isso faz da pessoa culpada por não controlar a sua natureza pecaminosa. (…). Temos que resgatar esses conceitos cristãos do passado”, defendeu o líder religioso.
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