Estatais encolhem: veja número de funcionários por empresa desde 2016
Em 2016, as companhias públicas tinham 772,6 mil funcionários. Esse número caiu para 686,6 mil no ano passado. Queda foi de 11,1% em 5 anos
atualizado
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As empresas estatais federais diminuíram em 86 mil pessoas o seu quadro de pessoal entre 2016 e 2020. Isso representa uma queda de 11,1% no período. O número diz respeito a 51 empresas públicas – 42 tiveram redução de funcionários.
As informações são do Relatório Agregado das Empresas Estatais Federais, divulgado nesta semana pelo Ministério da Economia. Organizada pela Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais, a publicação “reúne anualmente os dados de governança econômico-financeiros e de pessoal das empresas estatais federais”, segundo a pasta.
O gráfico a seguir mostra a mudança em percentual no quadro de pessoal das estatais listadas no relatório com mais de mil funcionários. Esse corte é necessário porque, sem ele, o gráfico ficaria distorcido pelos resultados das companhias com poucos funcionários.
“A redução do quantitativo de pessoal das estatais foi, em grande parte, resultado da implementação de programas de desligamento voluntário de empregados – PDVs [Plano de Desligamento Voluntário], que não previam a reposição dos empregados desligados”, explicou o Ministério da Economia.
Em termos absolutos, a companhia que teve a maior quantidade de demissões líquidas no período foi a Empresa de Correios e Telégrafos (ECT), que cortou 17,4 mil postos de trabalho entre 2016 e 2020. Isso representa 15% do quadro de pessoal da estatal, que pode ser privatizada pelo governo de Jair Bolsonaro. A empresa realizou um PDV em 2019 e já recebeu autorização para outro.
Os planos de desligamento dos Correios tinham “o objetivo de adequar sua força de trabalho, face às mudanças do processo produtivo e às necessidades dos clientes e do mercado”, explicou a empresa. De acordo com a estatal, “a execução desses planos não acarreta impactos às operações da empresa, considerando que a estatal continua investindo em novas tecnologias e na automação dos processos operacionais”.
Além dos Correios, outras empresas também tiveram PDVs no período, como Petrobras, Infraero e Embrapa, todas com redução no quadro de pessoal no período. Um PDV pode ser feito por diversas razões, explica o professor de finanças públicas da Universidade de Brasília (UnB) Roberto Piscitelli. “A suposição inicial é que há gente demais, gente desnecessária ou gente que poderia ser dispensada sem maiores prejuízos para a empresa”, aponta.
“O excesso de pessoal pode acontecer por uma série de razões: a empresa pode ter automatizado seus processos, pode ter adotado esquema de home office, pode ter desativado determinadas áreas de atuação. O importante é que a saída desse pessoal não prejudique a qualidade do serviço.”
“As empresas em processo de privatização podem estar fazendo isso na tentativa de enxugar os quadros e facilitar o processo de transição, evitar problemas trabalhistas”, acrescenta.
Questionado sobre a tendência para os próximos anos, o Ministério da Economia apontou que “compete às empresas estatais gerenciar o seu quantitativo de pessoal próprio, praticando atos de gestão para contratar ou desligar empregados”. “Cabe destacar que haverá redução do quadro de pessoal com desestatizações em andamento”, acrescentou.
Veja a lista com as informações de todas as empresas entre 2016 e 2020.