“Estamos presos”: bloqueios forçam passageiros a dormir em rodoviária
Desencadeada pelos bloqueios nas vias, a suspensão de passagens na rodoviária de Campinas (SP) causa transtornos a quem não tem para onde ir
atualizado
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A suspensão de passagens provocada pelos bloqueios bolsonaristas em rodovias em torno de Campinas (SP) tumultua, desde essa segunda-feira (31/10), o terminal rodoviário do município. Alguns passageiros afetados pela suspensão relatam ter passado a noite no local. Eles também reclamam de demora e falta de previsão para a remarcação das passagens.
As vendas de viagens foram suspensas pela Rodoviária de Campinas segunda. Nesta terça (1°/11), a medida também foi adotada em cidades de Minas Gerais e do Nordeste.
Antônio Pereira, de 80 anos, é uma das pessoas que precisaram pernoitar na rodoviária. Ele havia comprado uma passagem para Ribeirão Preto (SP), e agora só conseguirá embarcar, provavelmente, na quinta-feira (3/11).
“A empresa fala que vai remarcar a minha passagem para quinta-feira. Que jeito eu fico aqui até quinta-feira? Acontece o problema aí, eu não sei quem realmente é culpado e quem não é”, disse o aposentado à TV Globo.
Cadeirante, Tereza Santana (foto em destaque) também encontra problemas para voltar para Belo Horizonte (MG). A vendedora foi a Hortolândia (SP) para a festa de aniversário do filho e tomaria o ônibus de volta para casa nesta terça. Sem dinheiro, Tereza tem como única alternativa passar a noite na rodoviária: “Agora eu chego aqui, não tem resposta, diz que não vai ter ônibus. Eu, cadeirante, não tenho como voltar para Hortolândia porque a SP-101 também está parada. Agora eu não sei. [Irei] dormir na rua, dormir na rodoviária, com fome e sem dinheiro”.
A concessionária que administra o terminal, Socicam, informou que os passageiros prejudicados devem procurar as empresas de ônibus para informações sobre a remarcação de viagens ou o ressarcimento do valor.
PMSP auxilia no desbloqueio de vias
O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), anunciou, nesta terça (1°/11), que irá enviar equipes da Polícia Militar para liberar as rodovias fechadas no estado. A afirmação segue decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Acompanham a decisão de Garcia, os governadores Claudio Castro (PL-RJ) e Romeu Zema (Novo-MG).
Os protestos, que ocorrem em todo o território nacional, acontecem devido ao resultado das urnas no pleito deste ano. No domingo (30/10), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito presidente da República com 50,90% dos votos, contra 49,10% de Jair Bolsonaro (PL). Os apoiadores do atual mandatário não aceitam a derrota.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), nesta manhã já eram 267 pontos de interdição em estradas ao redor do país. A corporação convocou uma coletiva para explicar as ações coordenadas a fim de garantir a livre circulação das rodovias no Brasil.
Mais de 306 pontos foram desbloqueados, esclareceu a PRF. Santa Catarina, Pará e Mato Grosso são os estados com maior número de interdições.