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Estado Islâmico: recrutado no Brasil ameaçou agentes de inteligência

Jovem do interior de MG escreveu “morte de todos os agentes de inteligência” em lousa de mesquita. Adolescentes queriam armas de fogo

atualizado

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Reprodução/PF
Foto colorida de homem encapuzado brasileiro ligado ao Estado Islâmico - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida de homem encapuzado brasileiro ligado ao Estado Islâmico - Metrópoles - Foto: Reprodução/PF

O jovem mineiro cooptado para o grupo terrorista Estado Islâmico (E.I.) Fábio Samuel da Costa Oliveira, de codinome Mahmoud al-Brazili, de 20 anos, escreveu uma ameaça contra agentes de inteligência do Brasil na lousa de uma mesquita. Adolescentes que ele recrutava pela internet tentavam adquirir armas de fogo, indicam mensagens identificadas pela Polícia Federal (PF).

Reportagem do Metrópoles publicada na semana passada revelou detalhes de como Fábio Samuel tentava cooptar quatro adolescentes do interior de São Paulo e Rio de Janeiro para a organização terrorista entre 2022 e 2023. Ele foi condenado a sete anos de prisão por terrorismo e corrupção de menores em maio deste ano. A defesa diz que ele possui deficiência mental e vai pedir uma revisão criminal.

Mensagens do aplicativo Telegram identificadas pela PF mostram que Fábio escreveu uma frase em árabe com dizeres ameaçadores a servidores públicos de órgãos de inteligência.

“Imediatamente a morte de todos os agentes de inteligência do Brasil”, diz o trecho da frase traduzida no aplicativo. A mensagem é acompanhada de uma foto da lousa, que ficaria dentro de uma mesquita.

Printsreen de conversa no telegram de investigação da PF sobre o Estado Islâmico - Metrópoles

Essas mensagens citadas na reportagem estão em relatório da Divisão de Enfrentamento ao Terrorismo da PF relacionado à investigação. Parte das informações do documento foi omitida para não comprometer a apuração e não expor os adolescentes envolvidos.

Violência e armas

Segundo a investigação da Polícia Federal, Fábio Samuel utilizava um grupo no Telegram para radicalizar adolescentes, que tinham codinomes como Shams, Hassan e Nuvem. Para ocultar o verdadeiro conteúdo das conversas, ele alterava constantemente o nome do grupo. “Clube do Xadrez” e “Estudo de Geopolítica” foram alguns dos nomes utilizados.

No grupo eram compartilhadas informações sobre a atuação do ISIS (sigla em inglês para Estado Islâmico) no norte de Moçambique, na África. Também eram divulgados vídeos de execuções reais com extrema violência e doutrinação salafista, que é uma linha ultraconservadora do islamismo.

Printsreen de conversa no telegram de investigação da PF sobre o Estado Islâmico - Metrópoles

Mensagens indicam que um dos adolescentes tinha o interesse em adquirir armas. Ele chega a escrever que um menor, de pseudônimo Hassan, teria comprado uma pistola 9mm.

“O Hassan (um dos militantes do E.I.) quer falar comigo sobre acesso a armas (aparentemente, ele descobriu alguém que pode fornecer armas aos militantes e comprou uma pistola 9mm), daí eu vou ver se consigo mais informações sobre ele falando pessoalmente”, escreveu o adolescente.

Atentado

Como mostrado na reportagem da semana passada, Fábio Samuel chegou a sugerir um atentado em uma representação dos Estados Unidos no Brasil, para o caso de ser detido. Ele foi preso no Aeroporto de Guarulhos em março do ano passado, quando tentava ir para a Turquia, e em seguida para a África, onde se juntaria ao ISIS.

“O plano A do Mahmud era ir para Síria, e caso alguma coisa desse errado (tipo: Ele ser preso) o Hassan iria atacar uma embaixada americana”, diz uma mensagem recuperada pela perícia da PF.

Já em mensagens de março de 2022, um adolescente radicalizado pelo grupo escreveu que seu sonho era explodir o consulado israelense com 10 kg de explosivos no portão. Dias depois, Fábio Samuel enviou instruções de como fazer uma bomba caseira.

Outro lado

O advogado Greg Andrade, que representa Fábio Samuel, solicitou um laudo psiquiátrico para o cliente. A defesa pretende entrar com um pedido de revisão criminal.

A expectativa do advogado é que a pena seja reduzida e o jovem condenado por terrorismo possa cumprir pena em uma Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac).

Para Greg, o cliente possui hiperfoco e é muito inteligente, mas sem apoio necessário do Estado. De fato, os investigadores da PF ficaram impressionados com a facilidade do jovem em falar inglês e árabe.

“O sonho dele é fazer medicina. Os integrantes do Estado Islâmico entraram na mente dele e falaram que lá ele teria condições de estudar e ter várias esposas. Ele ficou muito envolvido, se sentindo muito importante. Talvez foi a única vez na vida que ele se sentiu importante. Nós não damos valor à nossa juventude, mas o terrorismo deu”, disse o advogado.

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