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Esposa de Mauro Cid, agora delator, era só elogios a Bolsonaro

Nas redes sociais, Gabriela publicava elogios ao ex-presidente. Em viagem com família, posou na frente de carro com a frase “Bolsonaro 2022”

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Arquivo pessoal obtido pelo Metrópoles
Gabriela Cid posa para foto em frente a carro com neve
1 de 1 Gabriela Cid posa para foto em frente a carro com neve - Foto: Arquivo pessoal obtido pelo Metrópoles

Esposa do tenente-coronel Mauro Cid, agora delator que tem complicado a vida do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Gabriela Santiago Ribeiro Cid era só elogios ao então chefe do marido. A quebra de sigilo telemático das redes sociais do ex-ajudante de ordens, que acabou atingindo também sua esposa e ao menos uma de suas filhas, mostra as interações de Gabriela nas redes do ex-presidente.

Em fevereiro do ano passado, ela comentou em uma publicação do então mandatário: “Deus o abençoe, presidente!”. No mês seguinte, em uma transmissão ao vivo, ela escreveu: “Temos q fazer a limpa nas próximas eleições. Chega de políticos q só atrasam o país. Fechado com Bolsonaro (sic)”.

Em setembro, já às vésperas das eleições, Gabriela comentou em outra transmissão de Bolsonaro: “É o presidente Bolsonaro no primeiro turno”.

O conteúdo armazenado na nuvem do celular de Cid (sistema de armazenamento remoto), que está nas mãos da Polícia Federal e da CPI do 8 de janeiro, no Congresso Nacional, traz uma série de imagens do tenente-coronel em serviço, durante viagens internacionais ao lado de Bolsonaro, e também conteúdos pessoais.

Dentre eles, chama atenção uma foto do dia 2 de janeiro deste ano, pós-derrota de Bolsonaro e antes dos atos em que populares foram instigados por figuras políticas a invadirem os três Poderes e pedirem um golpe de Estado. Nela, Gabriela posa na frente de um carro coberto de neve com os escritos “Bolsonaro 2022”. O casal estava em família na Califórnia, onde Cid tem familiares.

Pressão familiar

A delação de Cid foi homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no último dia 9. Na quinta-feira (21), foi revelado que em depoimento à Polícia Federal, o tenente-coronel afirmou que Bolsonaro se reuniu coma  cúpula das Forças Armadas e ministros, no fim do ano passado, para discutir uma minuta golpista entregue a ele pelo então assessor Filipe Martins.

O conteúdo da delação foi divulgado primeiro pelo O Globo e UOL. Cid estava na reunião, e relatou que o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, foi o único que se manifestou de forma favorável ao plano golpista de Bolsonaro.

Cid chefiava a Ajudância de Ordens de Bolsonaro e era um “faz-tudo” do clã presidencial, cuidando de assuntos pessoais envolvendo também a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e os filhos do ex-presidente.

A coluna do Guilherme Amado, do Metrópoles, mostrou que a pressão familiar foi fundamental para convencer Cid a fechar o acordo. Segundo a coluna, Gabriela e o pai de Cid, o general da reserva Mauro Cesar Lorena Cid, que chefiou a sede da Apex-Brasil em Miami no governo Bolsonaro, eram defensores de que a delação ocorresse. O general foi, inclusive, alvo da operação da PF que apura a venda dos presentes.

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Mauro Cid deixa Batalhão de Polícia do Exército
Tenente-coronel Mauro Cid ao lado de advogado Cezar Bitencourt, que fechou o acordo de delação premiada
Kit de joias que teria sido vendido por Mauro Cid
Pai de Cid deixa rosto aparecer em reflexo de caixa com esculturas sauditas
Jair Bolsonaro ao lado de Mauro Cid
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Imagem na nuvem do celular de Cid, tirada em uma viagem em família em janeiro de 2023

Arquivo pessoal obtido pelo Metrópoles
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Mauro Cid deixa Batalhão de Polícia do Exército

Hugo Barreto/Metrópoles
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Tenente-coronel Mauro Cid ao lado de advogado Cezar Bitencourt, que fechou o acordo de delação premiada

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Kit de joias que teria sido vendido por Mauro Cid

Reprodução
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Pai de Cid deixa rosto aparecer em reflexo de caixa com esculturas sauditas

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Jair Bolsonaro ao lado de Mauro Cid

Hugo Barreto/Metrópoles

Na delação, Cid deve falar ainda sobre a venda de joias presentes de autoridades estrangeiras que deveriam ter sido incluídas no acervo da União.

Um dos casos é relativo à venda de um relógio Rolex. A defesa do ex-ajudante de ordens já admitiu a atuação de Cid no caso, e que o dinheiro obtido com a venda foi repassado ao ex-presidente ou à ex-primeira-dama.

Cartão de vacina

Gabriela está envolvida na apuração da Polícia Federal sobre fraude em cartões de vacina que atinge o ex-presidente Bolsonaro, e foi alvo de uma operação em maio, na ocasião em que o marido foi preso. A investigação apontou que houve inserção de dados falsos no sistema do Ministério da Saúde para atestar que ela, Cid e as três filhas do casal estavam vacinados contra Covid-19.

Segundo apuração, Gabriela viajou em ao menos três oportunidades aos Estados Unidos, em dezembro de 2021, abril de 2022 e dezembro de 2022, usando um certificação de vacinação ideologicamente falso. Em maio, foi divulgado que à PF, a mulher afirmou que a responsabilidade sobre a inserção dos dados era de Cid.

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