Esposa de coronel Naime pediu Pix a “patriotas” com o marido já solto
Publicação de junho deste ano, após liberdade provisória e retomada da remuneração do militar, pedia novas ajudas e doações via Pix
atualizado
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Em nota publicada nas redes sociais nessa segunda-feira (22/7), após reportagem do Metrópoles que revelou reforma na casa da família, apesar das supostas dificuldades financeiras, a esposa do coronel Jorge Eduardo Naime disse que só pediu ajuda e doações via Pix aos “patriotas”, nas redes sociais, enquanto o marido seguia preso e teve o salário suspenso. No entanto, uma publicação recente do perfil dela no X (antigo Twitter) sugere o contrário.
“O momento em que pedi apoio financeiro foi quando o Naime, ainda preso, teve suspenso seu salário, única fonte de renda que tínhamos para pagar despesas de casa como um todo, tratamento de saúde dos nossos filhos, medicações, alimentação, advogados, empréstimos e por aí vai”, escreveu ela.
Naime tornou-se um símbolo da direita após o 8 de janeiro. Desde que foi preso, em fevereiro do ano passado, acusado de omissão nos atos antidemocráticos, enquanto chefe do Departamento de Operações (DOP) da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), a esposa dele, Mariana Fiuza Taveira Adorno Naime, iniciou uma campanha de arrecadação via Pix, alegando “dívidas urgentes” e sempre ressaltando o papel do marido enquanto “herói” e “preso político”.
O Metrópoles revelou nessa segunda que, apesar dos supostos enfrentamentos, a casa de alto padrão da família, em Vicente Pires, no Distrito Federal, passa por reforma. O coronel teve a liberdade provisória concedida em maio deste ano, mesmo mês em que foi integrado à reserva remunerada da PMDF. Em janeiro, decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes já havia determinado a retomada do pagamento integral do salário de Naime.
No dia 11 de junho deste ano, no entanto, com ele já solto e remuneração restabelecida, Mariana seguia pedindo ajudas via Pix nas redes sociais. “Hoje acordei com o coração acelerado mais uma vez”, inicia o texto da publicação. “Temos dívidas urgentes que precisam ser pagas! Por isso, venho humildemente pedir, mais uma vez, a sua ajuda neste mês”, completou no final. Veja print do post:
Seguidora questionou pedido de ajuda em junho
A continuidade dos pedidos de ajuda, mesmo após a soltura do coronel, gerou estranhamento em alguns seguidores de Mariana. Tanto, que uma mulher respondeu a publicação dela com o link de uma reportagem que noticiava o restabelecimento do salário do militar, após decisão judicial.
Na ocasião, a esposa de Naime retrucou o seguinte: “Sim! Salário = soldo! Porque além de ter uma diminuição espantosa do valor da receita, nossa despesa triplicou com advogados e outras decorrentes da injusta prisão. Quem puder, será ótimo! Mas quem não puder, também entendo! Solidariedade é um sentimento de identificação em relação ao sofrimento dos outros”.
A seguidora de Mariana, então, contrapôs: “Mariana, acho justo, sim! Só um apelo que faço: especifique que o dinheiro é para ajudar com custas de advogados, pois a oposição, os isentos, vêm nos questionar! Espero em Deus que vocês consigam se estabelecer e viver em paz”. Veja abaixo:
Esposa de Naime nega uso de dinheiro das doações
Na nota publicada nas redes sociais, Mariana nega que tenha utilizado as doações dos “patriotas” para fazer a reforma da casa. Segundo ela, o próprio Naime decidiu fazer a obra, e com o dinheiro que ele teria recebido da aposentadoria da PMDF:
“Sobre a ‘reforma’, foi apenas a troca do telhado da nossa área do fundo, somente após a soltura do Naime e com o dinheiro o acerto da aposentadoria que a PMDF devia a ele, pelo trabalho prestado de 31 anos e por inúmeras férias que nunca tinham sido tiradas. Nosso telhado estava podre e com inúmeras infiltrações, mas durante todo o período que o Naime esteve preso não conseguia fazer nada além do essencial, para manter nossa subsistência e inúmeros custos decorrentes da prisão”, escreveu.
Até dias antes da publicação da reportagem do Metrópoles, a chave Pix para as doações continuava especificada na bio do perfil de Mariana Naime, no X.
Veja a íntegra da nota de Mariana Naime, publicada nas redes sociais:
“As pessoas são muito maldosas e têm tentado a todo custo manchar e destruir nossa reputação! O momento em que pedi apoio financeiro foi quando o Naime, ainda preso, teve suspenso seu salário, única fonte de renda que tínhamos para pagar despesas de casa como um todo, tratamento de saúde dos nossos filhos, medicações, alimentação, advogados, empréstimos e por aí vai.
Sou MUITO grata a TODOS que nos apoiaram… e continuam nos apoiando com palavras e ações . Quem teve oportunidade ou quis, veio aqui em casa e pôde ver de perto a nossa realidade, o nosso sofrimento. Muitas pessoas nos abençoaram com mantimentos, com depósitos e orações em todo tempo.
Temos vivido um verdadeiro pesadelo e uma perseguição sem fim! Mas não conseguem provar nada contra nós. Apenas narrativas mentirosas e uma tortura desproporcional.
Sobre a “reforma”, foi apenas a troca do telhado da nossa área do fundo, somente APÓS a soltura do Naime e com o DINHEIRO do acerto da aposentadoria que a PMDF devia a ele, pelo trabalho prestado de 31 anos e por inúmeras férias que nunca tinham sido tiradas.
Nosso telhado estava podre e com inúmeras infiltrações, mas durante todo o período que o Naime esteve preso não conseguia fazer nada além do essencial, para manter nossa subsistência e inúmeros custos decorrentes da prisão.
Portanto, após a liberdade provisória e o recebimento dos seus proventos, o Naime decidiu dar manutenção em nossa casa, do que já existia há mais de 20 anos, para termos um mínimo de dignidade .
É muito curioso que a matéria não cita a data das fotos e leva as pessoas a acreditarem que os valores recebidos para nossas despesas no ano passado resultaram em uma troca de telhado que está acontecendo AGORA .
Por que a reforma não iniciou no ano passado, se os valores foram recebidos no ano passado?”
Quem é coronel Naime
Coronel Naime era chefe do Departamento de Operações (DOP) da PMDF, em janeiro de 2023, mas não estava no cargo quando a Praça dos Três Poderes foi invadida no início do ano passado, dias após a posse de Lula.
O coronel estava de licença-recompensa à época e foi acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de omissão, diante do ocorrido. Naime foi o primeiro militar da alta cúpula da PMDF a ser preso no âmbito do inquérito do 8 de Janeiro, e teve o salário suspenso pelo STF em agosto de 2023.
Ele ficou 461 dias preso, antes de ser solto em maio deste ano, e se tornou um símbolo da direita. Enquanto esteve detido, Naime recebeu apoio público de diversos parlamentares da direita. Em julho de 2023, por exemplo, um grupo de 19 senadores e deputados federais apresentou requerimentos à CPMI dos Atos Antidemocráticos solicitando a soltura do coronel.
Coronel Naime segue réu e responde ao processo em liberdade provisória. O processo está em fase de diligências para coleta de provas. Em seguida, deve passar para a fase de alegações finais e, posteriormente, da sentença. Além de Naime, outros seis PMs do DF respondem ao mesmo inquérito.