Espírito Santo registra 75 mortes violentas nos últimos quatro dias
Bandidos ignoram patrulhamento ostensivo do Exército e da Força Nacional nas ruas da capital, Vitória. Houve tiroteio nesta madrugada
atualizado
Compartilhar notícia
A violência no Espírito Santo, agravada pela paralisação da Polícia Militar, continua, mesmo com o patrulhamento ostensivo do Exército e da Força Nacional nas ruas. Desde que os homens da corporação cruzaram os braços, no sábado (4/2), o estado registrou 75 mortes violentas (índice 18 vezes maior ao registrado no último janeiro), segundo o sindicato da Polícia Civil. As informações são do G1.
Durante a madrugada desta terça-feira (7/2), houve um tiroteio em Vila Velha, um incêndio em um carro e roubos a um supermercado. Os ônibus voltaram a circular, mas os capixabas enfrentam o medo de sair de casa.
A presença dos militares devolveu um pouco da confiança dos moradores, que nesta manhã voltaram a circular pelas ruas da cidade. A movimentação de pessoas nas ruas é maior do que aquela vista no fim da tarde de segunda-feira (6). Alguns estabelecimentos voltaram a abrir as portas.
Em crise na segurança, o Espírito Santo recebeu o socorro das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança por causa da paralisação da Polícia Militar, que vem desde o fim de semana. O movimento já foi considerado ilegal pela Justiça, que determinou aplicação de multa diária de R$ 100 mil por descumprimento.A categoria reivindica reajuste salarial e denuncia falta de pagamento de auxílio-alimentação, adicional noturno e por periculosidade, além de más condições da frota de veículos empregada no patrulhamento.
Familiares de PMs se posicionaram na frente de batalhões na Grande Vitória e em cidades do interior para impedir a saída dos PMs e de carros e protestar contra o governo — que não aceita negociar enquanto os PMs não voltarem a seus postos.
Violência
A sensação de insegurança é grande no estado, e, por isso, início do ano letivo nas escolas públicas de Vitória, previsto para esta segunda-feira, foi adiado. Unidades de saúde restringiram o atendimento.
“Os efeitos são desastrosos. Quem deveria estar cuidando da população não está cuidando. Quando as polícias não funcionam, temos que recorrer a recursos federais, até que a gente possa retomar a normalidade”, disse o secretário de Segurança, André Garcia.
Ele ressaltou que o estado não tem condições financeiras de dar aumento aos PMs e não pode ceder à pressão dos protestos. “Independentemente da pauta, se é justa ou não, tem que ter policiamento na rua”, afirmou.
IML
Superlotado após a alta de mortes, o Departamento Médico Legal (DML) da capital foi fechado na segunda, por orientação da Polícia Civil. Havia quase 30 corpos no departamento, que tem só 12 gavetas frigoríficas, segundo o Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Espírito Santo (Sindepes). “Parecia campo de guerra da Síria. Havia 16 cadáveres no chão”, descreveu Rodolfo Laterza, presidente da entidade.