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Especialistas defendem vacinação de crianças: “Benefício supera risco”

Covid-19 matou pelo menos 2,5 mil pessoas jovens no Brasil. Infectologistas dizem que ampliar imunização é fundamental para vencer a doença

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Cidade de Goiânia (GO) vacina adolescentes contra CoViD-19 a partir de 12 anos de idade 14/10/2021 Foto: Vinicius Schmidt/Metrópoles
1 de 1 Cidade de Goiânia (GO) vacina adolescentes contra CoViD-19 a partir de 12 anos de idade 14/10/2021 Foto: Vinicius Schmidt/Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

A liberação da vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é considerada uma ótima notícia por especialistas ouvidos pelo Metrópoles. A agência aprovou nessa quinta-feira (16/12) o uso no Brasil de uma versão pediátrica do imunizante da Pfizer e analisa um pedido do Instituto Butantan para o uso da Coronavac nessa faixa da população, composta por cerca de 18 milhões de crianças.

A imunização permitirá a essas crianças escapar da infecção e, em um número não desprezível de casos, da morte pela Covid-19, como explica o infectologista Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). “A doença acomete as crianças e os adolescentes e pode ser perigosa. Os dados mostram que 0,4% dos óbitos por Covid no Brasil foram de pessoas com menos de 20 anos. Pode parecer pouco olhando a porcentagem, mas essa pandemia nos tirou mais de 617 mil vidas, então, morreram mais de 2,5 mil pessoas com menos de 20 anos”, argumenta ele.

“Se somarmos todas as doenças que acometem a população dessa idade e contra as quais nós vacinamos, não se chega a 2,5 mil em dois anos. Então, o coronavírus preocupa, e muito, entre os jovens”, complementa Kfouri, que vê razões “epidemiológicas, sanitárias, éticas e de saúde pública” para iniciar logo a imunização de crianças.

Apesar da comemoração de especialistas diante da decisão técnica da Anvisa, questões políticas ainda se colocam entre a aprovação e a vacinação em si. O presidente Jair Bolsonaro (PL) se posiciona de maneira crítica à imunização, sobretudo em crianças, e chegou a dizer nessa quinta-feira (16/12) que pediu e vai divulgar o nome dos técnicos e diretores da Anvisa que se posicionaram pela liberação – uma informação que já é pública.

“Eu pedi o nome das pessoas que aprovaram a vacinação de crianças de 5 a 11 anos, para que todo mundo tome conhecimento de quem são essas pessoas e formem o seu juízo”, disse Bolsonaro, em transmissão pelas redes sociais.

Cobrado pelo presidente, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse, também nessa quinta, que a autorização da Anvisa será “amplamente discutida” na pasta antes que qualquer decisão seja tomada – o que só deverá acontecer no ano que vem.

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Mais de 3 mil já se vacinaram em van da prefeitura
Coletiva de imprensa sobre passaporte de vacina com os Ministros Ciro Nogueira e Marcelo Queiroga, e Bruno Bianco, advogado-geral da União
Quem procurou a Unidade Básica de Saúde 2 (UBS), na 114/115 Norte, para tomar a vacina contra Covid-19 surpreendeu-se ao ser informado que o posto aplicava apenas doses vencidas da AstraZeneca
Enfermeiro segura frasco de vacina contra a Covid-19
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Van da vacinação em Goiânia

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Mais de 3 mil já se vacinaram em van da prefeitura

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Coletiva de imprensa sobre passaporte de vacina com os Ministros Ciro Nogueira e Marcelo Queiroga, e Bruno Bianco, advogado-geral da União

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Quem procurou a Unidade Básica de Saúde 2 (UBS), na 114/115 Norte, para tomar a vacina contra Covid-19 surpreendeu-se ao ser informado que o posto aplicava apenas doses vencidas da AstraZeneca

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Enfermeiro segura frasco de vacina contra a Covid-19

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Padre Júlio Lancelotti na vacinação contra a Covid-19 para população de rua em São Paulo

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Importância da vacinação

De acordo com os dados mais recentes, o Brasil já tem mais de 141 milhões de pessoas imunizadas contra a Covid-19, o que corresponde a 77,1% dos brasileiros com 12 anos ou mais. O avanço na imunização ajudou o país a baixar a média móvel de mortes diárias pela doença para menos de 200, mas, segundo o médico Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, é preciso vacinar mais para realmente vencer a pandemia.

“A Covid-19 é menos frequente e, na maior parte das vezes, menos grave nas crianças do que nos adultos. Porém, foi a doença que se pode prevenir por vacina que mais matou crianças no último ano. Então, o benefício da vacina certamente supera os seus riscos, que são baixos”, afirmou ele em entrevista ao Metrópoles. “Primeiro, pela importância de se proteger esse público. Segundo, porque quanto maior a porcentagem da população vacinada, melhor para todos”, completou.

A disputa política em torno da imunização de crianças ajuda a deixar mais confusos os pais que têm dúvidas em relação à necessidade e segurança do imunizante, mas a infectologista Maria Isabel de Moraes Pinto, especialista em vacinas dos laboratórios Exame Imagem e Dasa, explica que a liberação da Anvisa é uma garantia de que a aplicação é “segura e eficaz” para esse público.

“A análise da Anvisa é técnica. E essa vacina, além de testada de maneira segura em ensaios clínicos confiáveis, já foi liberada para uso nessa faixa etária tanto nos Estados Unidos quanto nos países da União Europeia”, argumenta ela.

Para a médica, ampliar ao máximo a vacinação de pessoas é o caminho para superar a pandemia. “A vacina ajuda a reduzir a circulação do vírus e a diminuir a possibilidade de mutação dele e o surgimento de novas variantes. Isso é fundamental para vencer a pandemia. Temos de vacinar a população de todas as faixas etárias que tivermos estudos que comprovem segurança e eficácia da vacina, e ela está comprovada para as crianças a partir de 5 anos com essa vacina de RNA mensageiro da Pfizer”, completa ela, que discorda de quem afirma que estão usando crianças em uma experiência.

“Experiência seria deixar as crianças vulneráveis à infecção natural pelo vírus. Isso que a gente não deve fazer, pois vai expor as crianças a uma roleta russa e não é isso o que se espera de um país responsável”, ressalta.

Vacina nova demais?

Para os pais que se preocupam com o fato de o  imunizante ser “novo”, o médico Renato Kfouri lembra que “todas as vacinas e remédios que usamos hoje já foram ‘novos’ um dia e tiveram de ser introduzidos, mas fazemos isso com responsabilidade, seguindo protocolos que também foram seguidos com os imunizantes contra a Covid-19. A relação de risco e benefício é sempre levada em conta e, no caso dessas vacinas, o benefício vence, tanto que nenhum país deixou de usar nenhum imunizante aprovado até agora, e já foram aplicados mais de 7,2 bilhões de doses no mundo”.

Países que vacinam crianças

Crianças a partir de 2 anos de idade já estão sendo vacinadas contra a Covid-19 em dezenas de países. Segundo a Pfizer, o imunizante específico para o público pediátrico (5 a 11 anos) já foi aprovado pela União Europeia e por outros 10 países: Canadá, Colômbia, Costa Rica, Equador, Estados Unidos, El Salvador, Honduras, Panamá, Peru e Uruguai.

Cuba imuniza crianças com 2 anos ou mais com a Soberana, a vacina desenvolvida no país. Chile, Argentina e China aplicam a Coronavac em crianças com 3 anos ou mais.

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