Espanha vai transferir inquérito contra Ricardo Teixeira ao Brasil
Ex-presidente da CBF havia sido indiciado na Espanha por corrupção, em caso que levou à prisão do ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell
atualizado
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A Espanha atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República e aceitou transferir ao Brasil o processo criminal e inquérito existente contra o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira. O compromisso, porém, é de que ele seja investigado e processado no país. O cartola havia sido indiciado na Espanha por corrupção, em um caso que levou à prisão do ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell.
Procuradores federais brasileiros receberam em meados deste ano informações oficiais de que a Justiça espanhola emitiu uma ordem internacional de prisão contra o brasileiro. Ele já tinha o mesmo pedido vindo dos Estados Unidos. Agora, com o sinal verde da Audiência Nacional na Espanha, todos os documentos das investigações contra Ricardo Teixeira, seus extratos bancários e gravações serão enviados ao Brasil.Um ordem de prisão havia sido emitida em Madri. Mas diante da lei brasileira que rejeita a extradição de nacionais, a opção foi a de transferir o caso de forma completa ao Brasil, na esperança de que Teixeira possa enfrentar de fato a Justiça.
Quando o procedimento for completado e se a investigação brasileira concluir que existe um crime no Brasil, Teixeira então poderia ser detido no país. Ele fora considerado por procuradores em Madri como um dos pilares de uma “organização criminosa” que envolveu amistosos realizados pela seleção brasileira.
Acordos secretos permitiram que a renda dos jogos da seleção fosse desviada para uma empresa em nome de Sandro Rosell, aliado de Teixeira. Em meados deste ano, Rosell foi preso e a Justiça espanhola apontou que parte do dinheiro que ia para sua empresa, a Uptrend, terminava com o ex-dirigente da CBF. “Durante 2010, Teixeira e sua mulher eram detentores de dois cartões Visa Platinum, com contas da Uptrend em Andbank”, apontou a Justiça espanhola.
“Resulta da investigação que, de sua posição de presidente a CBF, (Ricardo Teixeira) influenciou na concessão de direitos audiovisuais aos jogos da seleção, e, enquanto isso, por trás e para o prejuízo da CBF, Rosell negociava um contrato de intermediação”, apontou o documento do processo do caso do ex-dirigente catalão.
De acordo com a Audiência Nacional, na Espanha, os fatos apurados levam a crer que o brasileiro acabaria sendo o “destinatário do dinheiro, e não a Confederação (CBF)”. As autoridades espanholas ainda chegam à constatação de que o delito de Ricardo Teixeira foi de apropriação “dos fundos pagos para obter os direitos das partidas jogadas pela seleção brasileira”. Desde a prisão de Sandro Rosell, a defesa de Teixeira tem negado qualquer tipo de irregularidade.
A exemplo de Cunha
A transferência do processo judicial ao Brasil segue o mesmo procedimento que já foi realizado com o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ao garantir que o parlamentar seria julgado no país, a PGR conseguiu convencer a Suíça a transferir centenas de páginas de provas sobre suspeitas relacionadas com o peemedebista ao Brasil.
Berna, entre 2014 e 2015, investigou o ex-político brasileiro e abriu um inquérito por corrupção passiva. Mas, mesmo se o condenasse, não conseguiria convencer as autoridades brasileiras a entregá-lo. Pelas leis nacionais, o Brasil não extradita seus cidadãos. A Suíça, assim, entregou as provas sobre as contas secretas de Eduardo Cunha e os procuradores brasileiros conseguiram processar o ex-deputado federal, inclusive por evasão. Agora, o mesmo cenário deve ocorrer com Ricardo Teixeira, mas desta vez com a Espanha.