Escritores que falam sobre amor renovam visões sobre Dia dos Namorados
Escritores e autores de livros por trás dos perfis Um Cartão, Aka Poeta, Enrique Sem H, Tempo Feio e Lucão falam sobre a data e vida amorosa
atualizado
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São Paulo – Os escritores Pedro, responsável por Um Cartão; João Doederlein, conhecido como Aka Poeta; Enrique Sem H; Filipe Mantovan, criador do Tempo Feio; e Lucão falaram ao Metrópoles sobre a visão que têm do Dia dos Namorados – comemorado nesse domingo (12/6) – amor e romantismo.
Autor do livro Um Cartão – Sentimentos Cotidianos, Pedro contou que se identifica com o termo “o último romântico”, porque contraria a lógica de que atualmente é necessário ser frio e racional.
“Gosto porque quebra o paradigma de que nos acostumamos com a frieza, com não poder demonstrar os sentimentos, que você tem que esconder seus desejos por medo ou porque se frustrou no passado. A vida é uma só, é uma tentativa”, disse ao Metrópoles.
Um Cartão: “Viver com paixão é a única obrigação”
Pedro, de 32 anos, sempre foi romântico, desde a infância, mas viver de escrever livros e posts sobre sentimentos surgiu ao acaso.
Após se formar em Direito, ele criou o perfil Um Cartão no Instagram, em 2014, como um hobby enquanto estudava para um concurso público. A ideia do carioca era escrever um cartão por dia para se expressar.
Como seu foco tinha que ser os estudos, ele mantinha sua atuação no Instagram escondida da mãe. Por isso, não revelava seu rosto e nome completo – prática que ele ainda segue pelo mistério e para os leitores não criarem distinções com sua aparência.
Acabou fazendo sucesso na rede social, depois assinando um contrato com uma editora e agora possui três livros publicados, uma empresa e produtos licenciados.
Ele credita o sucesso à leveza do conteúdo. “O que eu mais gosto de falar é sobre amar viver”, disse. “Em um mundo tão pesado poder levar um pouco de esperança é o que faz diferença”, avaliou.
O escritor afirmou que fica feliz quando as pessoas contam que usaram seus posts em data românticas, como pedidos de namoro e casamento. Aliás, ele está noivo e deve trocar alianças em breve.
“Viver com paixão é a única obrigação que todo mundo tem. Eu tento lembrar disso todos os dias. É só isso que importa, que a vida pede de você”, ressaltou Pedro.
Aka Poeta: “Não gosto da expectativa de ser ultra-romântico”
João Doederlein, 25, é conhecido nas redes sociais como Aka Poeta, título que carrega desde a escola. Em 2016, escreveu o O Livro dos Ressignificados.
“Quando a gente faz poesia, ainda mais poesia sobre amor, cai num estereótipo de que é super romântico e criam uma ideia de que tudo que a gente faz é romântico. Não gosto da expectativa de ser ultra-romântico”, contou ao Metrópoles.
O escritor nasceu em Brasília, mora em São Paulo e está solteiro. Ele complementou: “Gosto do romance, mas gosto do ser humano também. E o ser humano não é sempre romântico, então se eu gosto de gente eu preciso gostar do todo das pessoas”.
Segundo o escritor, o engajamento em suas publicações é maior próximo ao dia 12 de junho. “Toda semana tem um texto que poderia ser postado no Dia dos Namorados”, ponderou.
“Dia dos Namorados é muito bacana para celebrarmos as relações, mas deveríamos viver como se todo dia fosse esse dia. É sobre se entregar com a sua presença, com a sua atenção e com seu sentimento para não cair na monotonia”, indicou.
A monotonia é um dos temas do livro Para Ressignificar Um Grande Amor. Para João, ela é uma das etapas do relacionamento e o que diferencia um amor de um grande amor.
“Já escrevo, já falo tanto de amor que para mim é mais um dia. Eu vivo todos os dias como se fosse Dia dos Namorados”, contou Aka Poeta.
Enrique Sem H: “Não deixo de jogar o jogo”
“A data passa e eu nem vejo. O Dia dos Namorados é todo dia. Mas também não nego presente. Não deixo de jogar o jogo”, contou Enrique Sem H ao Metrópoles. O autor de Sobre Garotos que Beijam Garotos está solteiro.
O carioca de 29 anos explicou: “Sou romântico porque quando eu estou em um relacionamento, realmente coloco minhas fichas ali, quero construir o quanto eu puder, quero amar o quanto eu puder.”
“Deus me livre ser o último romântico, mas acho válido as pessoas que pensam isso sobre si mesmas, demonstra que tem espaço para todo mundo. Graças a Deus, o último nunca é o ultimo, sempre há um próximo”, brincou Enrique.
Lucão: “Cada um tem sua forma de expressar amor”
Escritor há 20 anos, Lucão é autor de É Cada Coisa que Escrevo Só pra Dizer que Te Amo e mais quatro livros. O goiano de 37 anos contou que o Dia Dos Namorados é o período do ano em que mais recebe convite para campanhas publicitárias.
Ele vê a data como uma ocasião para celebrar o amor e as relações. Porém, defende que fala de amor em um sentido mais amplo, além do romantismo. “Tento desconstruir muito. O amor é não é isso. Eu converso com as marcas para a gente fazer [campanhas] para as pessoas que amam sem estar em um relacionamento”, relatou.
Lucão contou que muitas pessoas gostam do que ele escreve sobre amor quando estão terminando um relacionamento. “Estão sofrendo e falam: ‘Isso me deu esperança’. Não escrevi para isso, mas que bom que refletiram sobre algo”, afirmou.
O escritor que mora em São Paulo não se vê como romântico. “Sou uma pessoa muito específica, não gosto de abrir a porta para a pessoa, mas faço outras coisas. Escrevo bilhete de amor e essa pessoa não necessariamente tem que escrever para mim.”
“Cada um tem sua forma de expressar seu afeto, seu amor. Acho que a coisa mais romântica que a gente pode fazer é respeitar isso, inclusive.”
Tempo Feio: “Não fico romantizando tudo”
Filipe Mantovan, autor do livro Palavras Para Gritar em Meio ao Caos e do perfil Tempo Feio, atrai leitores por ser sincero e até debochado e ranzinza. O escritor nasceu Várzea Paulista e mora em São Paulo.
“Eu falo sobre amor, mas não fico romantizando tudo. Tento escrever a vida como ela é, e não é um conto de fadas. Viver com alguém é dividir alegrias, tristeza e boletos”, disse o escritor ao Metrópoles.
O autor de 37 anos não se considera um romântico à moda antiga, mas valoriza as demonstrações diárias de afeto. “Acabo falando de amor quase sempre porque nada é mais importante que o amor. Acredito que é a ausência dele que torna nossos dias mais difíceis.”
Sobre o Dia dos Namorados, destacou: “Se puder, faça também das datas comemorativas ocasiões especiais para sua relação. Aproveite o máximo, sempre, a vida é curta e não tem coisa melhor que amar alguém e sentir que esse amor e recíproco”.
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