Escassez de IFA é questão “contratual” e não diplomática, diz Queiroga
Declaração foi dada nesta sexta-feira (14/5), data em que o Instituto Butantan anunciou a paralisação da produção da vacina Coronavac
atualizado
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O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que o entrave no envio de Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) da China ao Instituto Butantan é uma “questão contratual”. Segundo o cardiologista, não há problemas diplomáticos entre o país asiático e o Brasil.
A declaração foi dada nesta sexta-feira (14/5), no Rio de Janeiro, durante evento de vacinação de atletas olímpicos para os jogos de Tóquio 2020. Também nesta sexta, o Butantan anunciou a paralisação da produção da vacina Coronavac por falta de insumos.
O governador do estado de São Paulo, João Doria (PSDB), já havia demonstrado preocupação com a escassez de matéria-prima e disse que o problema é uma questão diplomática. Na segunda-feira (10/5), o gestor estadual afirmou que 10 mil litros dos ingredientes estão travados na China, à espera de autorização para o envio ao Brasil. Doria afirmou que o entrave é causado pelos ataques do governo federal.
Durante o evento no Rio de Janeiro, Queiroga disse esperar que o problema na importação de insumos seja regularizado, mas insistiu que não há embates diplomáticos entre os dois países.
“Eu me reuni duas ou três vezes com o embaixador [chinês], Yang Wanming, e não há nenhum problema diplomático do Brasil com a China. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) inclusive recebeu recentemente IFA proveniente da China. A questão do Butantan com a China é contratual e eu espero que o suprimento de IFA ocorra normalmente e a produção se regularize para que tenhamos a vacina Coronavac”, disse o gestor.
Queiroga afirmou que a China é um “parceiro comercial importante” e disse que o Brasil tem “relações muito boas com todos os países”.
Paralisação
Até o momento, ao menos 15 estados do Brasil já suspenderam a aplicação da primeira ou segunda dose da Coronavac por falta de vacina.
De acordo com o Butantan, até que a matéria-prima tenha autorização para ser exportada ao Brasil, a fábrica responsável pela produção da Coronavac deve assumir a fabricação da vacina da gripe.
O diretor do instituto, Bruno Covas, afirmou que 3 mil litros de IFA eram aguardados até este sábado (15/5), mas não há previsão de entrega do material.
Escassez
Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) insinuou que o país asiático teria criado o vírus em laboratório.
A Sinovac, empresa que produz o IFA, tem 10 mil litros de matéria-prima pronta para ser despachada para o Brasil, mas o governo chinês não autorizou o envio dessa remessa. O quantitativo é suficiente para produção de 18 milhões de doses da vacina.
Os atrasos no envio de insumo ficaram mais acentuados no fim de março. A última remessa esperada para aquele mês só chegou no dia 20 de abril. Desde então, o Butantan não recebeu mais material.