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Escanteado por Lula, Janones volta aos holofotes por brigas políticas

Ofensas contra o deputado Nikolas Ferreira devolveram protagonismo a Janones apenas nas redes, já que não ganhou cargos no governo Lula

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Reprodução/Facebook/Andre Janones
O deputado federal André Janones (Avante-MG)
1 de 1 O deputado federal André Janones (Avante-MG) - Foto: Reprodução/Facebook/Andre Janones

O deputado federal André Janones (Avante-MG) ficou conhecido nas eleições de 2022 por renunciar a sua candidatura à Presidência da República para apoiar a volta de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto contra Jair Bolsonaro (PL).

Entretanto, o que deveria ser um apoio político se tornou, nas redes sociais, o chamado “janonismo cultural”. O termo é utilizado em tom sarcástico por internautas que compartilham as publicações polêmicas do deputado na internet.

Quando era candidato ao Palácio do Planalto, Janones figurava com cerca de 2% das intenções de voto nas principais pesquisas. Mas foi como apoiador de Lula e candidato novamente à Câmara Federal que Janones caiu nas graças de parte do eleitorado — e desagradou oponentes.

Conhecido pelo perfil provocador, Janones ganhou fama on-line por responder de forma irreverente e ácida às ofensas de aliados de Bolsonaro e de sua militância digital.

O protagonismo do parlamentar, no entanto, não avançou muito desde a vitória de Lula contra Bolsonaro no segundo turno. Além de não ter assumido nenhum cargo na comunicação do governo — que ficaram com Paulo Pimenta (ministro-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República) e Juscelino Filho (ministro das Comunicações) — , o mineiro também não se tornou líder ou ministro de qualquer outra pasta.

Janones também não foi indicado a cargos do chamado segundo escalão, como secretarias executivas e temáticas ou postos em estatais. No Congresso Nacional, o deputado tem atuado como defensor de Lula em discussões contra parlamentares da oposição.

“Chupetinha”

Após quase 100 dias de governo, o nome de Janones chegou a ficar entre os assuntos mais comentados do Twitter depois que o deputado protagonizou uma confusão com o bolsonarista Nikolas Ferreira (PL), seu conterrâneo.

No dia 28 de março, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara ouvia esclarecimentos do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, sobre os atos terroristas do dia 8 de janeiro. Na ocasião, Nikolas Ferreira tentava falar, mas foi interrompido por André Janones. “Vai chupetinha”, disse o mineiro, se dirigindo a Ferreira.

A provocação de Janones foi atribuída ao presidente da Comissão, Rui Falcão (PT-SP), que falava com o microfone desligado. Rui Falcão chegou a se retratar na imprensa, afirmando que nunca ofendeu o colega de Casa.

Janones, por outro lado, assumiu a autoria da ofensa contra Nikolas Ferreira e declarou que continuará a provocar a ala bolsonarista no parlamento.

“Fiquei esperando algum parlamentar que tivesse aqui nessa comissão a valentia que tem na redes sociais, mas infelizmente parece que grande maioria dos bolsonaristas são frouxos, não têm coragem de dizer quem foi que chamou o deputado ‘Chupeta’ de ‘Chupetinha’. Quem usou essa expressão fui eu, e continuarei fazendo”, afirmou.

Depois, o deputado saiu em defesa de Lula e afirmou que colegas da oposição utilizam o parlamento para proferir ofensas contra o presidente da República.

“Enquanto alguns nesta Casa puderem continuar usando de palavras de baixo calão para chamar o presidente Lula de nove dedos, eu também continuarei fazendo. Não sou mais nem menos deputado do que nenhum dos senhores”, declarou.

A ofensa “chupetinha” foi atribuída ao crime de homofobia por parlamentares do PL, que ameaçaram denunciar o deputado ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara.  Janones negou as acusações, alegando que o nome se refere a uma “infantilidade” do deputado Nikolas.

Desconforto entre aliados e ameaças

No dia seguinte, a CCJ se tornou palco de críticas contra Janones, que usou o espaço da comissão mais importante da Casa para ofender, mais uma vez, o colega.

Rui Falcão, na posição de presidente da CCJ e cacique petista, afirmou que ligou para Nikolas Ferreira para explicar que a ofensa não saiu da mesa. “Devo dizer que o próprio Nikolas, ontem a noite, liguei para ele, e ele mesmo afirmou que sabia que não fui eu”, disse o petista na sessão do dia 29 de março.

“Jamais irão ver deste presidente, na minha história politica e pessoal, na historia da minha vida […] qualquer ofensa, qualquer palavra que fuja do plano das ideias”, disse Rui Falcão. “As falas todas aqui hoje, servem para nós todas e todos. Vamos transformar a CCJ num foro que seja exemplo para a sociedade, enaltecer o papel do parlamento e nossos papeis populares”, completou.

O episódio rendeu até ameaças contra Janones na sessão. O deputado Alberto Fraga (PL-DF) criticou a postura do mineiro e afirmou: “‘Não uso chupeta, uso revólver”. “Sou oposição, sim. Mas a minha oposição nesta Casa sempre foi responsável e sempre foi construtiva. […] Um covarde, um valentão, usou a palavra. Não uso chupeta, uso revólver, pistola”, ameaçou.

Janonismo cultural “de volta”

Enquanto Janones se indispunha com aliados e era ameaçado pela oposição, a ofensa era comentada nas redes sociais, com críticas e elogios, além de comentários sobre o retorno do deputado aos holofotes. “O janonismo vive!”, disse um usuário, comemorando e compartilhando o vídeo da confusão com Nikolas Ferreira. Outra se declarou “a favor”das ofensivas do parlamentar contra a extrema-direita.

O Metrópoles procurou o deputado André Janones para se manifestar sobre o tema, mas não obteve retorno até está publicação. O espaço segue aberto para futuras manifestações.

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