ES: Clarinha, que ficou em coma 24 anos, será enterrada nesta terça
Paciente que ficou conhecida como Clarinha será sepultada nesta terça-feira (14/5), dois meses após a morte
atualizado
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Conhecida como Clarinha, a paciente misteriosa que ficou internada e em coma por 24 anos, em um hospital de Vitória (ES), será velada e sepultada nesta terça-feira (14/5). As cerimônias ocorrem dois meses após a morte dela.
O corpo estava no Departamento Médico Legal (DML), aguardando resultado de exames de compatibilidade de possíveis familiares, mas todos deram negativo.
O velório e o enterro de Clarinha são realizados com a ajuda de uma funerária que se voluntariou para o serviço e coroa de flores dos funcionários do Hospital da Polícia Militar (HPM).
A expectativa que o velório aconteça até 12h30, no bairro Santa Lúcia, em Vitória, com o caixão aberto, e que participem funcionários e ex-funcionários do HPM. Uma coroa de flores foi encomendada pelo médico aposentado Jorge Potratz, que cuidou de Clarinha, em nome dele e dos colegas.
Ao longo da manhã, uma bênção vai ser feita por um padre que se voluntariou para ir ao local. Existe a expectativa de que um representante de uma igreja evangélica também compareça.
Já o local escolhido para o enterro foi o Cemitério Municipal de Maruípe, em Vitória, cidade onde Clarinha ficou por 24 anos internada. A Prefeitura de Vitória foi procurada, mas não comentou detalhes sobre o local onde Clarinha ficará e protocolos no cemitério.
Corpo conservado por dois meses
Clarinha morreu no dia 14 de março e, desde então, seu corpo estava sendo conservado no DML. A autorização para liberação foi dada pela Justiça na sexta-feira (10/5), e Clarinha foi retirada do departamento nessa segunda-feira (13/5).
Na sequência, o corpo foi levado ao laboratório da empresa funerária para passar pelo processo de tanatopraxia antes do velório. Cerca de quatro profissionais se dedicaram a esse trabalho, que incluiu tratamento, higienização e embelezamento.
De acordo com o diretor operacional da funerária que se ofereceu para auxiliar na despedida da paciente, o mais diferente é o fato de Clarinha ter morrido há dois meses e o corpo ter ficado congelado durante esse período. A baixa temperatura queima um pouco a pele, então um processo de maquiagem foi feito para restaurar a cor natural.
Em decorrência das mais de duas décadas de internação, Clarinha tinha algumas atrofias nos membros, o que fez com que a equipe trabalhasse para conseguir deixar ela posicionada da melhor forma possível na urna.
O Coronel Jorge Potratz, médico aposentado que se responsabilizou pelos cuidados da paciente, pediu que uma técnica de Enfermagem do HPM, que também cuidou de Clarinha e conhecia seu tamanho e principais características, comprasse um vestido branco para a ocasião. Ao saber para quem era o vestido, a loja não cobrou pelo item.
Sem informações
Clarinha foi atropelada no Dia dos Namorados, em 12 de junho de 2000, no Centro de Vitória. Ela foi socorrida por uma ambulância, mas não possuía documentos, chegou ao hospital já desacordada e sem ser identificada.
Além do nome, nunca houve informações sobre idade, local onde morava e se tinha parentes no Espírito Santo ou em outro estado. A equipe médica que cuidou dela sempre teve esperança de encontrar algum parente ou até filho de Clarinha, já que ela tinha uma cicatriz de cesariana, mas isso nunca aconteceu.
Clarinha morreu no dia 14 de março, ao passar mal após uma broncoaspiração. A estimativa é que, em 2024, Clarinha tivesse entre 40 e 50 anos.