metropoles.com

Erika Hilton, 1ª vereadora trans de SP: “Marginalização não é uma escolha, é uma sentença”

Alvo de ameaças, a parlamentar falou, em entrevista ao Metrópoles, dos desafios de ocupar uma cadeira na Câmara Municipal de São Paulo

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Reprodução
Caio Barbieri entrevista Erika Hilton
1 de 1 Caio Barbieri entrevista Erika Hilton - Foto: Reprodução

Em entrevista ao Metrópoles, a vereadora Erika Hilton (PSol), falou dos desafios de ocupar uma cadeira na Câmara Municipal de São Paulo. Eleita com mais de 50 mil votos — o maior montante conquistado por uma mulher em todo o país no pleito legislativo de 2020 — ela é a primeira vereadora trans da maior cidade do país.

Alvo de ameaças — tanto nas redes sociais quanto nos corredores da Câmara — Erika disse não sentir medo. “Eu tenho receio. Medo não é a palavra. Eu venho de uma trajetória e de uma vida marcada por muitos medos. E eu precisei ter coragem e ousadia para enfrentar todos eles. Inclusive, para chegar aqui viva. Eu tenho receio porque eu venho do partido de Marielle Franco, eu estou em um país que é o primeiro no mundo no assassinato de pessoas trans. Mas esse receio não pode servir para me paralisar”, afirmou.

“A Câmara Municipal é um espaço que reflete aquilo que é a sociedade brasileira. E a sociedade é racista, transfóbica, e misógina. Então, não é nada novo para mim. Agora, a ameaça em relação a minha integridade física, com pessoas me perseguindo, indo bater à porta do meu gabinete, isso é uma coisa que gera bastante preocupação”, disse (confira a partir de 6’50”).

“A coragem vem da necessidade de ocuparmos cada vez mais espaços, de escancararmos as portas dos legislativos, de escancararmos as portas da democracia e de fazermos valer aquilo que não são apenas pautas, mas são a nossa vida. Essas pautas tratam da nossa existência”, disse.

Sobre a relação com o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), Erika afirmou que “ainda é muito cedo para falar”. “Até o momento tem sido uma relação superficial. Os secretários têm nos recebido muito bem, mas ainda não dá para medir como vai ser.  A princípio, a relação tem sido tranquila. Mas eu não acho que ela deva continuar assim até o final da legislatura”, avaliou (10’20”).

Durante seu mandato, Erika disse que pretende defender diferentes bandeiras. Entre as quais, a educação. “É uma pauta muito cara e está direcionada às questões raciais e de gênero. Mas ela abrange toda cidade. E ela também trata de como serão as gerações futuras. Então, construir uma educação de qualidade, na cidade de São Paulo, é importante para mim”, apontou. A vereadora também listou outras prioridades como cultura, transporte, segurança pública e assistência social.

Na entrevista, a vereadora também falou da sua trajetória e da necessidade de recorrer a prostituição para sobreviver. “A marginalização não é uma escolha, é uma sentença social. Neste momento nós estamos em uma tentativa insana de construirmos saídas para essas realidades”, disse. Lembrou projetos já desenvolvidos por ela, como a criação de um cursinho pré-vestibular para pessoas transgêneras, transexuais, travestis e não binárias, e comentou a eleição de Arthur Lira (PP-AL) para a presidência da Câmara dos Deputados.

Confira a entrevista:

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?