Equipe suspeita de dopar menino autista é afastada de creche no Rio
Exames particulares apontaram a presença de Zolpidem no organismo da criança autista, que teria sido dopada por equipe de creche
atualizado
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A equipe da creche Espaço de Desenvolvimento Infantil René Biscaia, em Cosmos, na zona oeste do Rio, foi afastada pela prefeitura da cidade, por suspeita de dopar um menino autista de 2 anos. A Polícia Civil investiga se a criança foi medicada com o remédio controlado Zolpidem.
Segundo a Secretaria Municipal de Educação, foi instaurada uma sindicância e a pasta colabora com a investigação da Polícia Civil para comprovar se alguma substância foi dada à criança dentro da escola e quem teria sido o responsável.
De acordo com a corporação, todas as pessoas que tiveram contato com o menino devem ser intimadas para prestar esclarecimentos sobre o que aconteceu com a criança.
Equipe reclamava da dificuldade para dormir
Segundo a mãe do menino, Lays Torres de Almeida, antes de descobrir que o menino foi medicado de forma irregular, a professora costumava reclamar que ele não dormia junto das outras crianças na rotina da creche.
De acordo com ela, a equipe da creche argumentava que o menino “atrapalhava o sono dos coleguinhas”. As insistências só pararam após os pais fazerem uma reclamação formal na 10ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE).
No último dia 16 de junho, os pais perceberam que o menino estava mole, tonto, desequilibrado e não conseguia andar sem cair.
“Quando eu abaixei para que ele corresse e me abraçasse, ele caiu pela primeira vez. Uma mãe chegou a pegá-lo e disse: ‘Nossa, ele está com muito sono’. Foi nesse momento que eu percebi que o meu filho não estava bem. Porque ele ainda tentou levantar para vir me encontrar e caiu novamente. Aí ela disse que ele estava apenas com sono, porque como de costume ele não dormia com os amiguinhos”, contou Lays ao g1.
Mudança de comportamento
Os pais do menino perceberam uma mudança de comportamento do filho e, por isso, levaram a criança à emergência do Hospital Municipal Rocha Faria. Chegando lá, o menino estava desmaiado.
“O médico disse que ia ministrar um remédio e ver se ia dar resultado, se não desse ele seria intubado. Foram os piores 20 minutos da minha vida”, conta a mãe.
A criança passou por uma lavagem estomacal e recebeu medicação. Segundo a família, o médico teria sugerido que eles procurassem a polícia porque os exames indicavam que ele teria sido dopado. No boletim médico, a situação foi classificada como intoxicação aguda.
Remédio controlado
A família registrou a ocorrência na 35ª DP (Campo Grande). Segundo eles, a Polícia Civil não pediu nenhum exame. Por isso, eles fizeram em uma clínica particular, que encontrou 0,18 miligramas de Zolpidem no organismo do menino.
O delegado Edezio de Castro Ramos Junior, titular da distrital, disse que os investigadores apuram se a criança foi dopada e a intenção da pessoa ao ministrar o remédio.
“Se for constatado que ele foi dopado, é uma situação bastante grave. Mas não podemos, de maneira açodada, falar qualquer coisa para não atrapalhar as investigações. Queremos entender o que aconteceu com a criança. É preciso saber a intenção da pessoa em ministrar a medicação e se teve a ministração.”