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Entidades do empresariado criticam aumento da Selic para 10,75%

Sebrae, CNI e CNC divulgaram notas críticas à decisão do Copom do Banco Central de elevar a taxa básica de juros da economia brasileira

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Entidades representantes do empresariado divulgaram, na noite desta quarta-feira (18/9), posicionamentos críticos à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de elevar a taxa básica de juros do país, a Selic, para 10,75% ao ano, um aumento de 0,25 ponto percentual (p.p.).

“Quem paga a conta da alta na Selic são os pequenos negócios e as famílias mais pobres”, declarou Décio Lima, presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que classificou a decisão de “retrocesso”.

Segundo ele, a alta terá impacto negativo para os pequenos negócios, além de enfraquecer o empreendedorismo, a geração de empregos e a distribuição de renda no país.

“Quem paga a conta do aumento da Selic são as micro e pequenas empresas, incluindo as famílias mais pobres, que já sofrem tanto para manter as portas dos seus negócios abertas”, argumentou Lima. “Diante de índices tão positivos, como a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto acima dos 3%, não há motivos para retrocessos. A inflação está controlada, a renda aumentou e a qualidade de vida melhorou. É inconcebível uma decisão como esta diante da realidade que o povo brasileiro está vivendo”, completou.

Indústria fala em “total indignação”

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) disse ter recebido a decisão “com total indignação”. Para a CNI, o nível da Selic antes da reunião desta quarta era “mais do que suficiente” para manter a inflação sob controle. A entidade afirma que a alta dos juros vai prejudicar a criação de emprego e renda para a população.

Segundo o presidente da CNI, Ricardo Alban, a alta da Selic não apenas impõe custos desnecessários sobre a economia, como coloca o Brasil na contramão do que a maioria dos países – sejam desenvolvidos, sejam em desenvolvimento – está fazendo, que é reduzir as taxas de juros. Foi o caso do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed), que decidiu cortar em 0,50 ponto percentual os juros nos Estados Unidos. A taxa, que estava no intervalo de 5,25% a 5,50% desde julho de 2023, foi reduzida para 4,75% a 5% ao ano.

“Hoje é um dia emblemático nesse sentido, pois, enquanto o Brasil subiu a Selic, os EUA decidiram pela redução de 0,5 p.p. em sua taxa de juros, aumentando o diferencial de juros do Brasil em relação ao dos Estados Unidos em 0,75 p.p, o que torna a discrepância ainda mais grave”, destaca.

A CNI destacou ainda que a alta da Selic mantém o Brasil em 3º lugar entre as maiores taxas de juros reais do mundo, atrás apenas de Turquia e Rússia.

A entidade pontuou, por fim, que esse aumento na taxa de juros “joga contra” a recuperação da indústria de transformação e do investimento, que começou a ganhar tração recentemente, depois de terem registrado queda em 2023.

“Por tudo isso, fica claro que subir a Selic foi uma decisão totalmente equivocada do BCB. Nesse contexto, é fundamental que o BCB retome os cortes na taxa de juros o quanto antes”, concluiu Alban.

Comércio cita preocupação com Black Friday e Natal

Por fim, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) disse enxergar essa elevação “com preocupação, embora compreenda que o Banco Central esteja atuando de maneira responsável diante do quadro fiscal e das pressões inflacionárias”.

A entidade lembrou que o aumento dos juros eleva o custo de capital para as empresas, dificulta o acesso a financiamentos e encarece o crédito ao consumidor.

“Esses efeitos tendem a impactar negativamente a atividade econômica, principalmente o comércio e o turismo, setores que dependem muito do crédito, especialmente para produtos de maior valor. A elevação pode prejudicar o desempenho em datas importantes como a Black Friday e o Natal”, frisou a confederação do comércio.

A CNC colocou em dúvida o atingimento da meta de déficit fiscal zero neste ano, e cobrou corte de gastos.

TCU alerta Executivo sobre risco de não atingir a meta fiscal de 2024

“A falta de um posicionamento claro sobre a flexibilização da meta fiscal apenas agrava as incertezas. A Confederação reitera que o descontrole fiscal e o aumento dos gastos públicos são insustentáveis, lamentando que a solução esteja recaindo sobre os juros, prejudicando o crescimento econômico”, finalizou a nota da CNC.

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