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Entidades condenam ameaça de Bolsonaro de cortar verbas da imprensa

Ao Jornal Nacional, presidente eleito ameaçou retirar verbas públicas dos veículos que se comportarem de maneira “indigna”

atualizado

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Jair Bolsonaro
1 de 1 Jair Bolsonaro - Foto: null

A Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) criticaram nesta terça-feira (30/10) as declarações dadas pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), sobre o jornal Folha de S. Paulo. Em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, na segunda-feira (29), Bolsonaro ameaçou retirar verbas públicas dos veículos de imprensa que se comportarem de maneira “indigna”, e citou a Folha como exemplo. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) também criticou o político.

“É preocupante que o presidente eleito tenha manifestado a intenção de usar verbas publicitárias oficiais como forma de punição a um jornal por discordar de seu noticiário”, disse o presidente da ANJ, Marcelo Rech. “Os investimentos do governo em publicidade, como qualquer outra verba pública, devem seguir sempre critérios técnicos, e não políticos ou partidários”, ressaltou.

A Abraji disse receber com apreensão as declarações de Bolsonaro a respeito da imprensa nos últimos dois dias. “O respeito à Constituição – à qual o presidente fará um juramento solene de obediência no dia 1º de janeiro de 2019 – não é pleno quando a imprensa se converte em objeto de ataques e de ameaças”, afirmou a entidade em nota. “Fiscalizar o poder público – e em particular as ações do presidente da República – sempre foi e seguirá sendo uma função inerente ao jornalismo, exercida em nome do interesse público. Zelar por essa função é missão primordial da Abraji, assim como deve ser objeto de zelo de todo governo democrático”, acrescentou.

Ao JN, Bolsonaro prometeu respeitar a liberdade de imprensa, mas disse que o repasse de verbas de anúncios da União é uma coisa diferente. “Sou totalmente favorável à liberdade de imprensa, mas temos a questão da propaganda oficial de governo, que é outra coisa”, disse. “Não quero que (a Folha) acabe. Mas, no que depender de mim, imprensa que se comportar dessa maneira indigna não terá recursos do governo federal. Por si só esse jornal se acabou”, completou.

No Twitter, o jornal Folha de S. Paulo respondeu ao presidente eleito. “Jair Bolsonaro, mesmo após eleito presidente, não deixa de ameaçar a Folha. Ainda não entendeu o papel da imprensa nem a Constituição que promete obedecer”, acusou o veículo.

O presidente eleito contestou reportagens da Folha, publicadas em janeiro em agosto, que denunciaram o caso da assessora parlamentar de Bolsonaro, identificada como Walderice dos Santos da Conceição, que vendia açaí e prestava serviços particulares ao deputado em Angra dos Reis, no Rio, onde ele tem casa de praia.

Em agosto, o Ministério Público abriu os primeiros procedimentos para analisar se oferece denúncia contra Bolsonaro. A notícia de fato, como é chamada, partiu de uma denúncia anônima. O procurador responsável pelo caso é João Gabriel Morais de Queiroz.

Críticas da Fenaj
A Fenaj também criticou ameaças da campanha de Bolsonaro contra jornalistas. “A Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ, representante máxima da categoria no Brasil, expressa sua preocupação com o futuro da nação brasileira, após a eleição da chapa formada pelo capitão reformado Jair Bolsonaro e pelo general Mourão, também reformado, para governar o país a partir de 1º de janeiro de 2019”, disse a entidade em nota.

“Os muitos casos de agressões contra jornalistas ocorridos durante a campanha eleitoral e a indiferença de Bolsonaro diante dos ataques reforçam o que a trajetória política dele já demonstrara: o político de ultradireita é avesso a críticas e não admite ser questionado publicamente, mesmo quando as questões dizem respeito à sua atuação como homem público”, pontuou a federação.

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