Enterro de vítimas de desabamento pode atrasar por falta de documentos
Parentes e amigos tentam solucionar questões burocráticas para funerais de pai e filha mortos em tragédia na favela do Rio de Janeiro
atualizado
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Rio de Janeiro – Após a tragédia, parentes das vítimas do desabamento de um prédio em Rio das Pedras, na zona oeste do Rio, ainda precisam lidar com um problema burocrático: a falta de documentos para providenciar os enterros de Natan Gomes de Souza, 38 anos, e de sua filha Maitê, de 2 anos, que morreram sob os escombros da construção.
“Com a queda do prédio foram os sonhos e expectativas, as duas vidas e tudo o que a família Souza tinha. Tudo desabou com a casa deles. É uma situação que ainda não é possível de se assimilada por todos nós, incluindo os amigos e vizinhos”, desabafa uma amiga da família, que pediu ao Metrópoles para não ser identificada.
Segundo ela, com a perda dos documentos, ainda não foi possível dar providências aos trâmites funerários de Natan e Maitê. “A família vai precisar agir para resolver toda essa burocracia e ainda lidar com com a tristeza das perdas. Perderam tudo. Roupas, comida e a vontade de seguir em frente. Eles precisam agora da solidariedade das pessoas que, acredito, vão contribuir para este recomeço”, acrescenta a amiga.
Parentes no Ceará
Amigos, vizinhos e parentes aguardam por boas notícias sobre a mãe de Maitê, esposa de Natan, a jovem Quiara Abreu, resgatada em estado grave e que precisava de cirurgia para estabilização de seu quadro clínico, debilitado pelas lesões de musculares e pelas fraturas de duas costelas, além dos traumas e escoriações pelo corpo. Até o fim da reportagem a Secretaria Municipal de Saúde ainda não havia atualizado as informações sobre a cirurgia de Quiara.
Na noite desta quinta-feira (3/6), os amigos do casal também trabalhavam em conjunto para tentar informar sobre a situação de Quiara para a família da jovem, que mora em uma cidade do interior do Ceará, no nordeste do país. Eles tentam buscar doações para trazer ao Rio a mãe e a irmã da jovem ao Rio.
Desabamento
A Polícia Civil investiga o caso e aguarda o fim do trabalho dos bombeiros para fazer perícia no local.
Aos socorristas, os moradores disseram ter começado a ouvir os estalos perto de 2h. O desabamento ocorreu entre 3h e 3h30. A Defesa Civil avalia possíveis danos que podem ter sido causados em outras quatro edificações.
Além dos bombeiros, funcionários da Defesa Civil e da Guarda Municipal também foram acionados e atuam na ocorrência. As circunstâncias do desabamento ainda estão sendo investigadas.
Testemunhas dizem que também havia uma LAN house no prédio de quatro andares que colapsou.
Autoridades
O governador do Rio, Claudio Castro (PSC), mencionou a possibilidade de falha na fiscalização da construção: “Tem que melhorar a questão da fiscalização. Precisa ser integrada, prefeitura e estado. Não adianta falar que é problema de um ou de outro. O problema é de todos nós. Aqui ninguém foge da responsabilidade”.
Castro também acrescentou que outras construções no local estão em situação de risco. “Tem mais de um prédio com problema ali. Estão sendo feitas avaliações de todos os prédios vizinhos.”
Assim como o governador, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM), esteve no local da tragédia. Disse que não vai permitir que criminosos construam mais prédios na cidade. “Comigo, milícia não vai construir mais porcaria nenhuma nessa cidade. Estamos demolindo permanentemente e a gente tem o desafio de cuidar do passivo”, declarou.