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Entenda polêmica sobre o arroz após enchentes no Rio Grande do Sul

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostram que o RS responde por 68% da produção de arroz no país

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Em maio, o governo do Rio Grande do Sul afirmou que a safra do arroz que vem sendo produzida no estado durante o ano será suficiente para abastecer demandas do país, mesmo após os prejuízos devido às enchentes desde o fim do mês de abril.

O cultivo de arroz é uma parte significativa da agricultura do Rio Grande do Sul, devido ao clima subtropical da região. A cada dez sacos de arroz, sete saem do estado. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostram que o estado responde por 70% da produção de arroz do país.

Conforme dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), mesmo com as perdas pelas inundações, a safra de 2023/2024 deve ficar em torno de 7.149.691, o suficiente para abastecer os supermercados. Na safra passada, foram 7.239.000 toneladas. 

Rodrigo Machado, presidente do Irga, afirma que boa parte dos hectares de arroz já estavam colhidos. “Quando as enchentes ocorreram no Rio Grande do Sul, a safra de arroz já estava 84% colhida, restando 142 mil hectares a colher. Destes, 22 mil foram perdidos e 18 mil ficaram parcialmente submersos. Entre os grãos estocados nos silos, houve comprometimento de 43 mil toneladas”, informa. 

“Mesmo considerando as perdas, temos uma safra praticamente idêntica à anterior, o que nos leva a inferir que não haverá desabastecimento de arroz”, aponta Rodrigo Machado.

Huli Marcos Zang, agricultor e presidente da Associação dos Moradores do Assentamento Filhos de Sepé contou ao Metrópoles sobre a produção nas lavouras. “Dados sistematizados até o momento apontam uma perda de até 10% da produção ainda nas lavouras. No orgânico, especificamente, a perda foi bem maior, chegando a mais de 50%. Porém, de maneira geral, o escoamento já está se normalizando, com a retomada dos acessos pelas rodovias e a baixa das águas”, explica. 

Huli ainda relata sobre o futuro da produção de arroz. “Penso que toda a produção de alimentos tem que ser repensada. Não apenas o arroz. Hoje são as enchentes, 2022 foi uma seca terrível. Então, é preciso repensar o modelo e espero profundamente que a produção agroecológica ganhe mais força e espaço nesse contexto”, conclui. 

O Produtor do Rio Grande do Sul, Daniel Gonçalves da Silva afirmou ao Metrópoles que houve apenas perdas “pontuais” nas lavouras de arroz do estado. “A maior parte do Estado já estava com a produção de arroz colhida. Então, isso garante o abastecimento. (…) Não há risco de falta de arroz”, frisou.

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Logística

De acordo com dados de monitoramentos das rodovias federais consolidadas até a última quarta-feira (5/6), cinco trechos em duas rodovias estavam com interdição total, e 23 trechos em seis rodovias federais estavam com interdição parcial.

Com as estradas bloqueadas, a realidade no setor de transporte e logística no Rio Grande do Sul vem enfrentando dificuldade.

O especialista e logística James Theodoro relata que o transporte pode afetar na hora de comprar o produto. “A logística afeta diretamente o valor do produto, haja visto que o custo com frete é repassado ao consumidor. Quanto maior o valor do frete, maior o valor do produto, impactando o poder de compra do consumidor”, diz.

Ainda conforme James, devido os bloqueios das estradas, pode afetar no transporte para os mercados do país. “É necessário esperar o nível da água recuar, o que pode atrasar significativamente a distribuição de alimentos. Vai depender do nível da água baixar e do investimento dos governos em recuperar as estradas e a infraestrutura (aeroportos e portos). Em um cenário sem a queda do nível das águas, haverá necessidade de o Exército Brasileiro, que é especialista em logística, ajudar no escoamento da produção para evitar maiores prejuízos”, aponta.

Drenar Rs

Produtores e empresas gaúchas estão operando bombas móveis de cultivo de arroz para drenar cidades alagadas na região do aeroporto de Porto Alegre. O projeto tem como objetivo auxiliar na drenagem das águas das enchentes, que atingem o estado desde o fim do mês de abril. 

No total, foram mais de oito bombas instaladas, utilizadas na irrigação de plantações de arroz, foram adaptadas para escoar volumes altos das águas em áreas urbanas. 

As bombas são capazes de drenar entre 200 a 500 litros de água por segundo. Cidades como Porto Alegre, Novo Hamburgo e Canoas já se beneficiaram com a ação. 

Daniel Gonçalves da Silva, produtor rural e um dos voluntários do projeto relatou sobre a iniciativa. “O projeto é feito com o pessoal de Pelotas. Como tem começado essas enchentes, a gente têm as lavouras de arroz, surgiu uma possibilidade de levar para a cidade a experiência que tínhamos nas propriedades. Iniciamos em Pelotas e depois se expandiu para Porto Alegre. Foi um processo que começou, mais ou menos, em uma semana, no aeroporto Salgado Filho, onde tivemos a compra de todos os equipamentos, 100% voluntário. E com isso, começamos a fazer a drenagem, já estamos com a pista totalmente descoberta”, explica. 

“Nossa grande preocupação são nossas áreas que estão embaixo de água. Então tem uma grande questão de como essas águas vão baixar em uma parte da propriedade para que possamos, daqui a três a quatro meses, começamos uma nova safra”, conclui.

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Leilão

O governo federal, por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) comprou, na última quinta-feira (6/6), 263 mil toneladas de arroz importado em um leilão público. Correspondente a 88% do pedido inicial do governo, que seria de 300 mil toneladas, o produto foi adquirido por R$ 25, o pacote de 5 kg, e chegará na mesa do consumidor final por R$ 20 (ou seja, R$ 4 por 1 kg).

De acordo com o edital publicado em 29 de maio pela Conab, o carregamento deverá ser entregue até o próximo dia 8 de setembro.

Conforme o presidente da Conab, Edegar Pretto, o objetivo do leilão é “garantir um acesso fácil e mais barato para a população a um alimento que é a base da alimentação do dia a dia das famílias do país”.

O presidente ainda afirmou que a importação é devido a uma necessidade de proteger os consumidores.

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