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Entenda o processo de investigação dos acidentes aéreos

Profissionais buscam entender fatores que contribuem para os acidentes com o objetivo de tornar a aviação mais segura

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Copiloto queria “dar potência” para impedir a queda do avião. Perito aeronáutico explicou a fala e analisou registros da caixa-preta - Metrópoles
1 de 1 Copiloto queria “dar potência” para impedir a queda do avião. Perito aeronáutico explicou a fala e analisou registros da caixa-preta - Metrópoles - Foto: Divulgação/ FAB

A cultura da aviação tem como objetivo examinar com riqueza de detalhes os incidentes e acidentes para evitar futuros problemas e, eventualmente, perdas de vidas. O trabalho de investigação resulta na consolidação de um documento chamado de Relatório Final.

O trabalho cabe ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), ligado à Força Aérea Brasileira (FAB), e segue uma série de preceitos para encontrar respostas.

A tragédia do avião que caiu em Vinhedo (SP), na sexta-feira (9/8), está em apuração pelo Cenipa. Por enquanto, a FAB divulgou apenas informações básicas sobre o caso, como número de vítimas e tipo de ocorrência: “perda de controle em voo”. No acidente, 62 pessoas perderam a vida.

Os relatórios finais são publicados no site do Cenipa e ficam disponíveis para qualquer pessoa. Eles podem ser localizados com o número de matrícula da aeronave envolvida no acidente ou por meio de uma filtragem com data, localização, entre outros dados.

Melhorias para a aviação

Os aprendizados resultam em melhorias para a aviação como um todo. Um dos exemplos foi o voo Varig 254, que fez um pouso de emergência na Amazônia, em 3 de setembro de 1989. Na ocasião, poltronas se desprenderam agravando os danos às pessoas. Após isto, a fixação dos dispositivos foi reforçada.

De maneira geral, os relatórios apresentam informações factuais relativas a: histórico de voo, danos à aeronave e às pessoas, formação e experiência da tripulação, condições meteorológicas, comunicação, aspectos médicos e psicológicos, informações operacionais, entre outros. Todos os fatores são analisados em conjunto para elaboração da conclusão.

O trabalho começa com a coleta de informações que vão direcionar a apuração, conforme explica o aviador da reserva da Força Aérea Brasileira e especialista em Segurança Operacional Fernando Siqueira. “As partes e peças recolhidas e levadas para perícia técnica em laboratórios especiais vão dizer, por exemplo, se a aeronave se acidentou com os motores em funcionamento ou não, com ou sem combustível, como se deu o impacto com o solo (forma e atitude com a qual atingiu o solo) e outras informações relevantes para a elucidação dos fatos.”

Dados de comunicação entre os pilotos e os controladores, bem como de outras aeronaves com os controladores, informações meteorológicas serão analisados para verificar “formações de nuvens, chuva, gelo, turbulência e condições meteorológicas adversas”.

“(Os investigadores) acessam também dados dos radares meteorológicos e dos usados pelo controle de tráfego aéreo, onde mostrará o local da perda de controle e a forma com a qual aconteceu a queda, como a velocidade da aeronave, a razão pés por minuto da queda, ou seja, altura que perdeu e em quanto tempo”, diz Siqueira, que ressalta que a apuração brasileira é considerada uma das mais capacitadas do mundo.

O Cenipa informa que após localizar as caixas-pretas, eles retiram a memória e fazem a recuperação dos dados eletronicamente. Isto permite acesso aos sons da cabine e às comunicações dos pilotos. Depois disto, os especialistas do Cenipa vão para a “sala do simulador”. Lá, eles conseguem verificar informações de voo como altitude, velocidade e trajetória. Com isto, eles fazem uma simulação das condições de voo anteriores ao acidente.

No acidente com o voo da Air France, por exemplo, que caiu no Atlântico em junho de 2009, o exame da caixa-preta de dados permitiu verificar que os pilotos, em alguns momentos, deram comandos distintos para a aeronave. No processo investigativo, os técnicos buscam entender as ações da tripulação e também os motivos das mesmas.

Durante a apuração, serão verificadas informações técnicas da aeronave e histórico de manutenções, bem como dados de certificação e habilitação dos pilotos.

Acidente com Marília Mendonça

O histórico dos pilotos ajuda a entender melhor as decisões. No acidente com a cantora Marília Mendonça, em 2021, logo após a queda, ficou evidenciado que a aeronave havia tocado em uma rede elétrica de alta tensão. No entanto, isto não esgotou a apuração.

Ao investigar porque a aeronave tocou na fiação, eles verificaram o comportamento do piloto. O histórico do piloto demonstrava que uma das características dele era a busca por proporcionar maior conforto aos passageiros. Por este motivo, ele ampliou o raio de manobra. O intuito era realizar uma descida mais suave. No entanto, ele acabou atingindo a rede elétrica.

A principal característica da investigação do Cenipa é entender o que contribuiu para o acidente e propor alterações para evitar que os fatores envolvidos não se repitam. Desta forma, ela não indica culpados para os acidentes.

Além das comunicações, de acordo com o estado da aeronave acidentada, os técnicos fazem uma análise das condições de funcionamento da aeronave, bem como do histórico de manutenção. O cruzamento destas informações com os dados das caixas-pretas pode esclarecer eventuais defeitos e as respostas dos pilotos.

Com grande volume de informações, os relatórios são documentos extensos. O acidente com Marília Mendonça resultou em um relatório de 64 páginas. Já o documento que apurou as circunstâncias da queda do avião que levava o então candidato à Presidência da República Eduardo Campos tem 259 páginas. O relatório que tratou do avião que saiu da pista em Congonhas, em 2007, no qual morreram 199 pessoas, possui 122 páginas.

Todos os relatórios contêm recomendações. Elas podem ser feitas, inclusive, antes da conclusão do documento. No caso do acidente com a cantora Marília Mendonça, uma das orientações foi a instalação de sinalizadores na rede elétrica, mesmo a norma vigente não exigindo o dispositivo. No caso do acidente da Air France, como houve indícios de que o comportamento dos pilotos contribuiu para o acidente, houve orientação para que os profissionais passassem a ser treinados para situações como as que a tripulação do voo enfrentou.

Vinhedo

A reportagem questionou a FAB sobre quais são os passos em uma investigação de acidente aéreo. A FAB respondeu sobre o andamento das apurações relativas ao avião que caiu em Vinhedo (SP) e informou que, neste momento, é realizada a análise de dados.

“Neste estágio, serão examinadas as atividades relacionadas ao voo, o ambiente operacional e os fatores humanos, bem como um estudo pormenorizado de componentes, equipamentos, sistemas, infraestrutura, entre outros”, afirmou a FAB, por meio de nota.

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Avião voava de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP)
Avião voava de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP)
Modelo do avião era um ATR-72
Não houve sobreviventes
Moradores do condomínio onde avião caiu registraram momento da queda
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Destroços de avião

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Avião voava de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP)

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Avião voava de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP)

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Modelo do avião era um ATR-72

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Não houve sobreviventes

Reprodução/TV Globo
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Moradores do condomínio onde avião caiu registraram momento da queda

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Tragédia em Vinhedo: 62 pessoas que estavam a bordo de avião morreram

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Imagens do avião que caiu em Vinhedo (SP)

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Avião caiu dentro de terreno vazio de um condomínio em Vinhedo

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Ninguém sobreviveu

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O avião com 62 pessoas caiu em 9 de agosto deste ano. Ninguém sobreviveu

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Cerca de um minuto se passou entre a constatação da perda de altitude e o choque do avião contra o solo

Reprodução/TV Globo
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Avião caiu dentro de condomínio

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A partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo

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Moradores do condomínio onde avião caiu registraram momento da queda

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Local exato onde avião caiu em Vinhedo

O relatório preliminar do acidente da aeronave que caiu no interior de São Paulo deve ser divulgado em até 30 dias a contar da data da queda. O documento, afirma a FAB, vai tratar dos dados factuais. “Com o objetivo de que, de forma imediata, já possa emitir recomendações de segurança, eliminando ou mitigando, desde já, fatores que possam ter sido já identificados como contribuintes”, completa o especialista em aviação.

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