Entenda o impasse sobre o reajuste dos servidores públicos em 2022
Orçamento de 2022 só prevê reajuste de policiais. Outras categorias pedem aumento, mas não há recursos
atualizado
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Ao pressionar pelo reajustes dos policiais no Orçamento de 2022, o governo Jair Bolsonaro (PL) criou problema para com outras categorias de servidores públicos, que também pressionam por aumento salarial. Isso porque a previsão de recursos no Orçamento é insuficiente.
Em meados de dezembro passado, antes da votação Projeto de Lei Orçamentária (PLOA), o Ministério da Economia enviou um ofício ao Congresso Nacional pedindo que fossem reservados R$ 2,5 bilhões para os reajustes salariais em 2022, ano eleitoral.
O deputado Hugo Leal (PSD-RJ), relator-geral do Orçamento, apresentou o parecer sem o reajuste prometido por Bolsonaro, mas recuou e inclui a dotação de despesas de R$ 1,79 bilhão para este ano. O montante beneficiaria apenas a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Departamento Penitenciário Nacional (Depen).
Diante disso, servidores da Receita Federal e do Banco Central iniciaram uma escalada de entrega de cargos. Os funcionários da Receita estão insatisfeitos porque o Orçamento aprovado teria cortado cerca de R$ 1,2 bilhão destinado à instituição e não previu recursos para reajustar os vencimentos dos funcionários. Já os do BC também se queixam da falta de reajuste salarial.
O Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) programou para 18 de janeiro o Dia Nacional de Mobilização. Se não houver resposta do governo, servidores planejam outras mobilizações nos dias 25 e 26 de janeiro. O fórum reúne 37 entidades, com cerca de 200 mil servidores públicos.
Em meio ao movimento, Bolsonaro afirmou, ainda no final do ano, que todos os servidores mereciam aumento e não especificou quais categorias teriam os salários reajustados. O mandatário disse que estava em conversas com a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes – que é contra o reajuste do funcionalismo público -, porém nada foi anunciado.
Protesto
Auditores fiscais federais agropecuários anunciaram, no final de dezembro passado, operação padrão nas atividades por tempo indeterminado após cortes no orçamento da União e anúncio de aumento apenas para policiais federais.
Cerca de 200 caminhões aguardam, na quarta-feira (5/1), a liberação de carga na alfândega da Receita Federal em Pacaraima, em Roraima, na fronteira com a Venezuela. Além disso, no total, 800 carretas estão paradas em Manaus, no Amazonas, e Boa Vista, em Roraima.
Mais da metade dos auditores do trabalho em postos de chefia entregaram o cargo em protesto contra o aumento para policiais federais prometido por Jair Bolsonaro. O último balanço do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), nessa quarta-feira, contou 154 cargos de chefia e coordenação entregues, de um total de 298, o que representa 52%.