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Entenda guerra de milicianos que aterroriza Seropédica e matou aluno

Guerra entre grupos rivais milicianos dura cerca de 4 anos. Estudante da UFRRJ morreu baleado na última segunda (8/4) durante tiroteio

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Uma guerra que já dura cerca de 4 anos tem aterrorizado os moradores do município de Seropédica, na Baixada Fluminense, sede da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). A pacata cidade do interior se transformou em uma região disputada por três grupos milicianos rivais, fortemente armados.

Na última segunda-feira (8/4), o estudante universitário Bernardo Paraíso morreu durante um tiroteio entre os criminosos, no Centro da cidade, e chamou a atenção para a disputa que ocorre na região.

O município é considerado uma área estratégica pelos milicianos, principalmente, por causa da proximidade com a Rodovia Rio-Santos e com porto de Itaguaí.

Os grupos armados atuam ao longo da BR-465, antiga Rodovia Rio-São Paulo, que liga a Av. Brasil, corta a cidade de Nova Iguaçu e chega em Seropédica.

A guerra envolve as milícias comandadas por Juninho Varão, Zinho e Chica, que recentemente se aliou aos traficantes do Terceiro Comando Puro (TCP). Chica e Juninho eram aliados, mas se dividiram. Já o bando liderado por Zinho, percebendo a falta de comando, passou a tenta invadir a região de Seropédica.

Morte de milicianos

A guerra em Seropédica teve início em outubro de 2020. Na época, um comboio com 12 milicianos foi abordado por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Civil na Rio-Santos, na altura de Itaguaí. Houve confronto e todos os bandidos morreram.

As investigações apontavam que o grupo era ligado ao miliciano Danilo Dias Lima, o Tandera. À época, ele e Wellington da Silva Braga, o Ecko, comandavam as duas principais milícias do Rio. Os dois agiam em parceria. Contudo, depois do episódio na Rio-Santos, eles começaram a desconfiar um do outro e romperam a relação.

Oito meses depois, Ecko foi morto pela polícia. Seu irmão, Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho, assumiu o comando do grupo. Nesse momento, os territórios na Zona Oeste e na Baixada que, antes, estavam sem confrontos, passaram a ser disputados à bala, com uma sucessão de mortes e atentados.

Donos em conflito

Atualmente, o grupo ligado ao miliciano Zinho, que se entregou à polícia em dezembro do ano passado, controla a região que fica na altura do quilômetro 40 da antiga Rio-São Paulo. Essa região corresponde ao bairro de Chaperó, em Itaguaí.

O sucessor imediato de Zinho seria seu sobrinho, Mateus da Silva Resende, conhecido como Teteu ou Faustão. Mas ele foi morto durante uma operação da polícia, dois meses antes do tio se entregar. A morte do miliciano provocou um verdadeiro dia de terror à Zona Oeste do Rio, quando 35 ônibus e 1 trem foram queimados como represália.

Porém, as disputas por território continuaram. Outro possível chefe do grupo também foi assassinado pouco depois da prisão de Zinho. Antonio Carlos dos Santos Pinto, conhecido Pit, foi morto depois de um confronto entre os próprios bandidos. O filho dele de 9 anos estava no carro e não resistiu.

Com a morte de Pit, o comando do grupo passou para o miliciano Rui Paulo Gonçalves Estevão, o Pipito.

A guerra se intensificou ainda mais desde fevereiro com a morte de Tauã de Oliveira, conhecido como Tubarão. O grupo dele exerce influência em uma região a cerca de nove quilômetros de distância de Chaperó, no chamado km 49, já em Seropédica. Poucas semanas depois, um dos possíveis substitutos de Tubarão, Ricardo Coelho da Silva, conhecido como Cientista, também foi morto.

A partir daí, mais um personagem assume a quadrilha. Juninho Varão passa a tomar conta do local e expande seu território.

Contudo, a guerra ficou ainda mais sangrenta depois que um antigo braço direito de Tubarão deu um golpe. O miliciano Jefferson Araújo dos Santos, conhecido como Chica, roubou fuzis e se aliou a facção de traficantes, TCP.

Na semana passada, agentes da PRF e da Polícia Civil tentaram prender Chica. Houve tiroteio e dois policiais foram baleados. O bandido fugiu.

Atualmente, a guerra em Seropédica acontece entre as milícias de Juninho, antigo aliado Chica e o grupo de Zinho.

Confronto à luz do dia

A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em Seropédica, anunciou a suspensão das atividades e das aulas nessa terça-feira (9/4), depois que, na segunda (8/4), uma troca de tiros envolvendo milicianos terminou com um estudante morto e duas crianças feridas. A UFRRJ também declarou luto oficial de 3 dias.

Segundo informações de inteligência da Polícia Civil, um dos grupos criminosos passou o fim de semana de tocaia à espera dos rivais.

Como eles não encontraram os adversários, decidiram sair. Contudo, no meio do caminho de volta, no Centro de Seropédica, eles encontraram o bonde de Chica. O tiroteio aconteceu à luz do dia, numa região movimentada e cheia de estabelecimentos comerciais. O tiroteio vitimou o estudante Bernardo Vieitas Paraíso, de 25 anos, que levou três tiros e morreu na hora.

Uma mulher e dois filhos dela, uma menina de 3 anos e um menino de 1, também foram atingidos no tiroteio. Eles deram entrada no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN), em Duque de Caxias.

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