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Entenda a polêmica sobre a liberação da hidroxicloroquina no país

Ministro Luiz Henrique Mandetta disse que não mudará o protocolo antes de evidências científicas robustas sobre a segurança da droga

atualizado

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1 de 1 remédios - Foto: Hal Gatewood/Unsplash

O Ministério da Saúde indica o uso de cloroquina e hidroxicloroquina apenas para pacientes diagnosticados com a Covid-19 que estejam internados em estado grave. O ministro Luiz Henrique Mandetta disse que não mudará o protocolo antes de evidências científicas robustas sobre a segurança e a eficácia da droga para pacientes leves, mas observou que médicos têm o direito de receitar esse tratamento, assumindo riscos e eventuais responsabilidades.

“O que a gente alerta é que esse medicamento não é inócuo, não é um remédio que a gente fala ‘isso não tem problema nenhum'”, afirmou. Segundo Mandetta, 33% dos que tomaram o medicamento tiveram de suspender o uso.

O ministro alertou que o uso profilático, como prevenção, não é recomendado. Ele diz que metade da população não vai ter a doença. Dos que tiverem, a maioria vai ser assintomático, vai criar anticorpos e não saberá se teve ou não a Covid-19. Segundo Mandetta, das pessoas que apresentarem sintomas, 85% vai ficar bem sem nenhum tipo de remédio, “tomando chá, ou tomando placebo, farinha”.

O uso desses dois medicamentos tem sido constantemente defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), apesar de especialistas avisarem que os resultados com a aplicação da substância são preliminares, e que casos individuais de sucesso não são suficientes para determinar se o tratamento é seguro em escala maior.

Há casos de pacientes infectados com coronavírus que foram tratados com cloroquina e, mesmo assim, morreram. Isso ocorreu com a primeira vítima do vírus na Bahia, um homem de 74 anos que ficou internado durante 12 dias. Os resultados de estudos que apontaram o sucesso da substância nos tratamentos têm sido questionados internacionalmente.

“Atualmente a cloroquina e a hidroxicloroquina são medicamentos registrados pela Agência para o tratamento da artrite, lúpus eritematoso, doenças fotossensíveis e malária. Apesar de dados promissores, ainda não existem estudos conclusivos que comprovam o uso desses medicamentos para o tratamento da Covid-19”, informou a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) ao Estado nesta terça-feira.

A Anvisa também liberou a cloroquina e a hidroxicloroquina para pesquisas clínicas que estão testando a eficácia do medicamento para pacientes com Covid-19. O primeiro estudo clínico do Brasil a testar o uso da hidroxicloroquina para tratamento de infecção pelo coronavírus terá seus resultados divulgados em dois ou três meses e envolverá 1,3 mil pacientes e 70 hospitais.

A iniciativa, batizada de Coalizão Covid Brasil, está sendo coordenada pelos Hospitais do Coração (HCor), Albert Einstein e Sírio-Libanês em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet) e o Ministério da Saúde. O laboratório EMS participará das pesquisas com a doação de parte dos medicamentos que serão utilizados na investigação.

Estados Unidos

No último sábado (04/04), a Food and Drug Administration (FDA) emitiu comunicado em que aprovou emergencialmente e de forma limitada o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina nos Estados Unidos. A medida atende pressão feita pelo presidente Donald Trump e vai na contramão das recomendações feitas pela Organização Mundial da Saúde.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou em algumas ocasiões que não recomenda o uso de remédios não testados contra o coronavírus, esclarecendo que ainda não há tratamento comprovadamente eficaz contra o vírus e pedindo ações coordenadas entre os países.

“O uso não testado de medicamentos sem evidências corretas pode gerar falsas esperanças, causar mais mal do que bem e provocar a escassez de medicamentos essenciais necessários para tratar outras doenças”, advertiu ele.

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