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Entenda a inflação no Brasil e como se organizar para alta dos preços

Prévia da inflação para março ficou em 0,95% – o maior percentual para o mês em sete anos. Especialista avalia que não há apenas um culpado

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Vitória (ES) - Supermercados lotados e com filas nos caixas e na entrada funcionam em horário reduzido. (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
1 de 1 Vitória (ES) - Supermercados lotados e com filas nos caixas e na entrada funcionam em horário reduzido. (Tânia Rêgo/Agência Brasil) - Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A prévia da inflação para março ficou em 0,95%, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) divulgados na sexta-feira (25/3). A taxa é a maior para este mês em sete anos – em março de 2015, o indicador foi de 1,24%.

Nos últimos 12 meses, a inflação atingiu 10,79%, acima dos 10,76% registrados no período anterior. A alta machuca diretamente o bolso dos brasileiros.

“Inflação é sinônimo de aumento de preços. Ela tende a ser positiva, mas a velocidade varia muito em cada nação. Em um país como o Japão, a velocidade é baixíssima; então, ao longo dos anos, por exemplo, uma Coca que valia R$ 1 no ano de 2000, hoje deve valer R$ 1,10”, explica Jonas Chen, gestor de investimentos da Onze, fintech de saúde financeira e previdência privada.

Assim, a alta na inflação tem como consequência a perda do poder aquisitivo. “Ajustes de salário são feitos, geralmente, de forma anual. A inflação, no entanto, é ajustada diariamente. Então, você vai perdendo o poder de compra.”

Uma alta tão expressiva como a que o Brasil vem experimentando pesa nos orçamentos, e não há apenas um culpado. Chen ressalta, inclusive, que se vê hoje os efeitos de decisões tomadas no início da pandemia. As consequências do auxílio emergencial, por exemplo, ainda são vistas na economia atual.

O especialista enfatiza ainda que a quebra na cadeia produtiva mundial, devido à crise sanitária, causava redução na oferta de produtos; a demanda, entretanto, não diminuiu. “É muito a questão de dinheiro na mão das pessoas. Quanto mais dinheiro as pessoas têm na mão, mais elas vão querer comprar, e você precisa ter a oferta para atender a essa procura.”

Neste ano, entretanto, o principal fator para o aumento da inflação tem sido o preço dos combustíveis – que já apresentava alta e passou a sofrer também com o efeito cascata da guerra na Ucrânia sobre a economia mundial. “Gasolina é essencial no nosso país para o transporte de produtos. Por isso, quando aumenta o preço do combustível, contamina o custo de tudo”, pontua.

“A gente já estava passando por um processo, desde o início da pandemia, de queda de insumos, porque tivemos muita quebra de cadeia produtiva. Altas de commodities, bandeiras tarifárias, tudo está contribuindo.”

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População sentiu a carestia no bolso
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Em janeiro, o setor de alimentação e bebidas acelerou de 0,35% para 0,97%

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Perspectiva para o futuro

O especialista, contudo, aponta que o cenário não é irreparável. “O Banco Central está fazendo um movimento de juros, saindo de 2% e chegando a 12%. Quando o juros está muito alto, temos o efeito de controlar a atividade econômica. Então, algumas questões de preço devem começar a estabilizar”, explica.

“Os efeitos dos incentivos devem começar a diminuir, então essa diferença entre oferta e demanda deve ficar menor. A questão da energia elétrica estar muito cara também deve começar a diminuir um pouco também, assim como bandeira tarifária [de energia] e câmbio.”

O colunista Igor Gadelha, do Metrópoles, apurou, inclusive, que a equipe econômica trabalha para que a cotação do dólar chegue a R$ 4,50 em abril deste ano. O principal objetivo, dizem integrantes do time do ministro Paulo Guedes, é exatamente ajudar a baixar a inflação no Brasil.

A iniciativa, porém, não está imune a determinados riscos. Com um cenário incerto na guerra do Leste Europeu, diferentes resultados podem estar por vir. “Como estamos saindo da pandemia, e as questões políticas estão muito agitadas, precisamos entender se a cadeia global ainda existe e como ela vai ser. Hoje, o pressuposto é que você mantenha a cadeia, os choques da pandemia e da guerra passem e a inflação diminua.”

O cenário político nacional, com eleições em outubro, também apresenta um risco. “É muito prematuro a gente falar o que pode causar inflação, mas as medidas que cada um toma influenciam muito no comportamento da inflação e da taxa de juros no país”, afirma.

O especialista pontua que, diante deste cenário, a melhor arma do consumidor é a educação financeira e, nesse sentido, a população deve buscar entender como equilibrar investimentos e gastos. Um exemplo é o parcelamento – que tem potencial tanto para constituir uma boa tática para finalizar pagamentos, quanto para acabar criando uma grande dívida.

Sobre investimentos, Chen ressalta que o mais seguro é adquirir títulos atrelados à inflação, tanto públicos quanto privados. Outra possibilidade é investir em Exchange Traded Funds (ETFs), que replicam os preços desses títulos indexados. “Essas são ótimas opções para conseguir se proteger da parte ruim da inflação sem fazer com que seu dinheiro desvalorize.”

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