Entenda a escalada de mortes no Alemão em operação policial no Rio
Ação realizada por Bope e Core se tornou a quinta mais letal da história do estado do Rio, com ao menos 19 mortos confirmados até sexta
atualizado
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Rio de Janeiro- Durante dois dias, o Complexo do Alemão, comunidade da zona norte do Rio, viveu um cenário de guerra. A operação planejada entre a Polícia Militar e a Polícia Civil, que contou com as Equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), deixou 19 mortos. Um PM e duas mulheres inocentes estão entre as vítimas.
A ação é considerada a quinta mais letal do Estado do Rio de Janeiro. O arsenal usado no confronto pode ser constatado pelas centenas de cápsulas de bala encontradas pelos becos da comunidade.
A operação tinha como objetivo coibir roubos de cargas e veículos na região do Grande Rio, Baixada e Niterói. Centenas de criminosos estão foragidos, segundo a PM. Entenda a cronologia dos fatos:
Quinta-feira, 21 de julho
5h30 – Início da operação
Moradores são acordados ao som de rajadas de tiros e helicópteros sobrevoando o Complexo do Alemão. A região da Fazendinha e Alvorada concentram as trocas de tiros mais intensas. Centenas de moradores foram impedidos de ir para seus trabalhos naquela manhã.
6h – Policial morto
Por volta das 6h, o cabo Bruno de Paula Costa estava trabalhando e acabou ferido quando a base da UPP Nova Brasília foi atacada por criminosos em retaliação à operação, segundo a Polícia Militar. Transferido para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, ele não resistiu. O policial tinha 38 anos, ingressou na Corporação no ano de 2014, era casado e deixou dois filhos.
8h – Mulher é baleada e morta
Letícia Marinho de Sales, de 50 anos, era moradora do Recreio dos Bandeirantes, bairro da zona oeste do Rio. Ela estava na comunidade para visitar o namorado e acabou baleada dentro do carro, ao lado do companheiro e de um primo dele. Eles estavam saindo do local quando Letícia foi atingida no peito, por um policial, segundo testemunhas. Ela foi socorrida na UPA do Complexo do Alemão, mas não sobreviveu.
12h – Corpos recolhidos
Estrada do Itararé, um dos principais acessos do Complexo do Alemão, foi fechada pelos agentes. Ao meio-dia, moradores recolhiam corpos e feridos com auxílio de panos e um carrinho de mão.
Mais três corpos foram encontrados e recolhidos por moradores na entrada da Rua Joaquim de Queiroz por volta das 12h30. Os feridos foram colocados na caçamba de uma kombi de frete e levados para a UPA da região.
13h15 – Remoção em lençóis
Outros três corpos foram localizados por moradores e carregados em lençóis.
14h – Moradores pedem justiça
Por volta das 14h, a principal via do Complexo do Alemão continuava fechada e o número de mortos já passava de dez. Moradores continuavam levando corpos para a UPA e gritavam por justiça.
17h30 – Arsenal
Os policiais apreenderam na operação um fuzil .50, conhecido pelo potencial para derrubar até mesmo aeronaves. Cerca de quatro fuzis, duas pistolas, 56 artefatos explosivos e 43 motocicletas foram confiscados pelas autoridades.
18h- Preso em hospital
De acordo com a PM, um quinto criminoso do Pará, apelidado de Esquilo e conhecido por realizar ataques armados contra policiais, foi preso ferido no Hospital Getúlio Vargas.
Sexta-feira, 22 de julho
8h30- Tiros na região
Por volta das 8h30 de sexta-feira (22/7), mais tiros foram ouvidos no Complexo do Alemão, nas áreas conhecidas como Canitar e Alvorada. Kombis que fazem o transporte local não estavam circulando, assim como os mototaxistas.
09h30- Moradora baleada e morta
Solange Mendes foi baleada e morta na região de Nova Brasília. Ela foi levada ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, mas não resistiu. Tinha 49 anos, marido e dois filhos.
10h – Polícia fala em ataque
Uma das bases da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Nova Brasília, no Complexo do Alemão, foi atacada por criminosos, segundo informação da PM do Rio. Não houve confronto envolvendo os policiais militares que estavam no local, de acordo com a corporação.
Após cessar o ataque, Solange foi encontrada ferida e socorrida pelos policiais militares para a UPA Alemão.
16h- Policiamento reforçado
No final da tarde de sexta-feira (22/7), não houve mais registros de tiroteio na região. A PM negou que houvesse alguma operação em andamento mas afirmou que o policiamento estava reforçado na região.