Quem é o empresário brasiliense Joveci Xavier, preso na Lesa Pátria
O empresário Joveci Xavier de Andrade é acusado de financiar o QG de bolsonaristas em Brasília, bem como apoiar campanha de Jair Bolsonaro
atualizado
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Indicado pela Polícia Federal (PF) como um dos financiadores e fomentadores dos atos antidemocráticos do 8 de janeiro de 2023, o empresário brasiliense Joveci Xavier de Andrade foi preso na 25ª fase da Operação Lesa Pátria, nesta quinta-feira (29/2).
Sócio da empresa Melhor Atacadista, rede de mercados atacadistas do Distrito Federal, Joveci teria contribuído na manutenção do acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília, Distrito Federal, com alimentos e doações em dinheiro.
O empresário chegou a negar ter participado dos atos golpistas durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do 8 de Janeiro, porém, logo foi desmentido pelos integrantes da comissão.
Fotos mostram Jovaci, usando camisa amarela da Seleção Brasileira — símbolo dos manifestantes bolsonaristas —, em diversos atos antidemocráticos. No dia 8 de janeiro, o empresário brasiliense chegou a posar com uma faixa escrita: “Não elegemos um ladrão” (confira abaixo).
Alimentos, banheiros químicos e propagandas pró-Bolsonaro bancados por empresário
De acordo com relatório da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), o empresário e o sócio Adauto Lucio Mesquita forneciam alimentos e água para os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Existem indícios suficientes que Adauto Lucio de Mesquita tenha realmente, junto a seu sócio Joveci Xavier de Andrade, financiado as manifestações antidemocráticas que ocorreram nesta capital, a partir do dia 31 de outubro de 2022, as quais culminaram com atentados”, diz trecho do documento.
Eles teriam bancado parte do pagamento dos banheiros químicos instalados na Praça dos Cristais, no Setor Militar Urbano (SMU).
Além disso, a dupla de empresários teria contratado outdoors em Brasília com o objetivo de fazer campanha a favor de Bolsonaro, que buscava a reeleição.
Nesse processo, Adauto e Joveci chegaram a orientar a empresa contratada a mudar as imagens para fazer alusão à Copa do Mundo 2022, na tentativa de burlar a proibição desse tipo de propaganda eleitoral.
Para a polícia, tal financiamento dos acampamentos no QG estimulou os seguintes crimes:
- a tentativa de invasão do prédio da Polícia Federal e confronto com forças de segurança, em 12 de dezembro de 2022
- o atentado a bomba nos arredores do Aeroporto de Brasília, em 24 de dezembro de 2022
- a depredação da sede dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023
Operação Lesa Pátria
Na manhã desta quinta (29/2), a Polícia Federal cumpriu 34 mandados judiciais, todos expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), na 25ª fase da Operação Lesa Pátria.
As ações ocorrem no Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Tocantins, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Espírito Santo e Distrito Federal.
Também foi determinada a indisponibilidade de bens, ativos e valores dos investigados. A estimativa dos danos causados na sede dos Três Poderes pode chegar a R$ 40 milhões, segundo a corporação.
Confira as medidas judiciais:
- 24 mandados de busca e apreensão:
- (8 – TO), (6 – SP), (2 – MS), (3 – PR), (1 – RS), (1 – MG), (1 – ES), (2 – DF)
- 3 mandados de prisão preventiva:
- (1 – SP), (2 – DF)
- 7 monitoramentos com tornozeleira eletrônica:
- (1 – MS), (3 – PR), (1 – RS), (1 – SP), 1 – MG)
Defesa diz querer “esclarecer todos os fatos”
Em nota, a defesa de Adauto Lúcio Mesquita e de Joveci Andrade afirma não ter tido acesso à decisão que levou às prisões. “Ressalta-se que, desde o início, houve esforços para esclarecer todos os fatos, compromisso que será mantido perante o Supremo Tribunal Federal”, acrescentou.
“A realização de apurações pelo Estado é considerada válida, e os investigados veem agora a oportunidade de elucidar completamente as questões em aberto. Eles reiteram seu compromisso com a democracia, o Estado de Direito, o respeito às Instituições, ao processo eleitoral, ao Ministério Público e ao Judiciário, com especial ênfase na sua instância máxima, o Supremo Tribunal Federal”, disse a defesa.
O comunicado acrescenta, ainda, que o grupo ao qual Joveci e Adauto são acionistas “é contra o vandalismo e a intolerância política, e acredita que a democracia é feita com pensamentos diferentes, mas jamais com violência. A diretoria do Grupo respeita as Instituições brasileiras, a democracia e o Estado de Direito”.