Empresário que negociou Covaxin é alvo de investigações e processos
Emerson Maximiano é dono de empresas que tiveram contratos contestados por órgãos de investigação em gestões do MDB e do PT
atualizado
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O empresário Emerson Maximiano, centro de apurações sobre o processo de aquisição das vacinas Covaxin pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido), é dono de empresas do setor farmacêutico que tiveram contratos contestados por órgãos de investigação em gestões do MDB e do PT, além de uma série de processos judiciais de cobranças de dívidas. As informações são do jornal Estado de S. Paulo.
Tido como sucessor do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR), Maximiano era esperado nesta quarta-feira (23/6) na CPI da Covid-19. A defesa, no entanto, alegou que ele não poderia prestar depoimento porque está em quarentena após voltar de uma viagem à Índia.
O empresário é dono da Precisa, que em janeiro deste ano tornou-se a única representante no país da Bharat Biotech, fabricante indiana da vacina contra a Covid-19 Covaxin.
Na ocasião, Maximiano procurou a Associação Brasileira de Clínicas de Vacina (ABCVAC), que organizou uma comitiva ao país asiático, visando uma grande oportunidade de negócios.
Um integrante da associação disse à reportagem que o trunfo do empresário era o fato de a empresa se apresentar como única no mundo disposta a vender vacinas para o setor privado. Em comunicado, no entanto, a empresa afirmou que a preferência seria a venda para o governo federal.
A CPI da Covid-19 ainda apura os termos da aproximação entre a Precisa e a Bharat. A reunião que selou a parceria teve presença on-line do embaixador do Brasil na Índia, André Aranha Corrêa do Lago, segundo informações do fabricante indiano.
Contratos
A Precisa é uma empresa que Maximiano adquiriu em 2014, vendida pela Orizon. Desde 2012, ele era sócio de outra companhia do setor, a Global Gestão em Saúde. Atualmente, além das duas empresas, ele é sócio de outras nove companhias, sendo quatro do ramo da saúde, ainda de acordo com a reportagem.
No caso da Global, a empresa já teve contratos com o governo federal. Com Ricardo Barros como ministro da Saúde, a empresa vendeu, mas não entregou, remédios de alto custo ao ministério, um prejuízo estimado em R$ 20 milhões aos cofres públicos. O Ministério Público Federal move uma ação contra a empresa e, contando os danos coletivos, cobra R$ 119 milhões da Global na Justiça.
A revista Veja publicou, em março, que a empresa também havia sido multada em R$ 2,3 milhões pela Petrobras por não cumprir contrato de fornecimento de medicamentos para funcionários da estatal. O documento foi assinado em 2015, no governo de Dilma Rousseff (PT). O contrato havia sido encerrado no mesmo ano, após constatação de fraudes na execução do acordo.
Já a Precisa também era investigada pelo Ministério Público Federal antes de obter o contrato com a Bharat. Um dos alvos da operação Falso Negativo, que desde o ano passado apura a venda de testes rápidos contra a Covid-19 com valores superfaturados e qualidade inferior ao recomendado na gestão de Ibaneis Rocha (MDB-DF), o contrato firmado foi de R$ 20 milhões.