Empresário é condenado por matar trans com tiro no rosto em Goiás
Homem, que estava preso há quase um ano, foi solto e deve cumprir pena em regime semiaberto; vítima levou um tiro no rosto
atualizado
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Goiânia – O empresário Milton Bernardes da Silva Neto, de 38 anos, foi condenado a cinco anos de prisão por matar uma transexual com um tiro no rosto, em Rio Verde, no sudoeste de Goiás. Apesar da decisão do júri, o homem foi solto nesta quarta-feira (30/11) e deve cumprir a pena em regime semiaberto.
O crime aconteceu em setembro de 2021 e da decisão ainda cabe recurso. Câmeras de segurança registraram o momento em que Milton para o carro próximo à vítima, atira contra o rosto dela e foge do local. A morte teria sido motivada pelo valor de um programa sexual.
Conforme a decisão do juiz Fernando Marney Oliveira de Carvalho, o empresário foi condenado por homicídio qualificado, com pena prevista para cinco anos de reclusão. O magistrado definiu que o empresário, que estava preso desde 1º de outubro do ano passado, pode cumprir a pena em regime semiaberto e, por isso, expediu um alvará de soltura para ele.
“Os jurados não absolveram o réu. Reconheceram o privilégio do homicídio praticado sob domínio de violenta emoção após injusta provocação, ficando prejudicados o segundo quesito de privilégio e o da qualificadora do motivo fútil”, falou o juiz. Ainda no julgamento, o Conselho de Sentença rejeitou a qualificadora do emprego do meio que dificultou a defesa da vítima.
Defesa
Por meio de nota, a defesa de Milton informou que está satisfeito com o resultado. No entanto, deve recorrer em razão do regime aplicado para o cumprimento da pena. “A defesa de Milton está satisfeita com o resultado, pois foi demonstrado em plenário a situação de violência física e psicológica que o réu foi inserido, e somente diante da forte emoção submetida que ele disparou”, disse a advogada Mirelle Gonsalez Maciel.
O crime
O homicídio teria como motivação uma suposta discussão pelo valor de um programa sexual. À época do crime, o delegado responsável pela investigação, Adelson Candeo, contou que as versões apresentadas pelas travestis que presenciaram o crime e pelo suspeito coincidem em relação aos locais visitados e as imagens de câmeras de segurança. No entanto, segundo ele, havia alguns detalhes divergentes que seriam investigados.
Ao delegado, o suspeito alegou que esteve no local, no dia 16 de setembro, para pedir uma informação e que as transexuais destravaram as portas e entraram no veículo sem a autorização dele.
Ainda segundo o empresário, elas teriam o obrigado a dirigir para um posto de gasolina desativado, onde comprariam drogas com o dinheiro dele. Após a compra, o homem as teria deixado no local de origem, onde houve uma discussão.
À polícia, as travestis relataram que não conheciam o empresário e que ele as teria contratado para um programa, que não aconteceu, e que ele queria o dinheiro de volta.
“Elas, porém, não quiseram devolver, o que ocasionou a discussão que acabou na morte da Alessandra”, completou o delegado.