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Empresa de ex-esposa de Bolsonaro fez 1.185 saques que somam R$ 1,1 mi

Saques foram feitos em espécie, entre 2008 e 2014, segundo levantamento do Coaf

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1 de 1 ana cristina - Foto: Reprodução

Uma empresa aberta pela ex-esposa de Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle, realizou 1.185 saques, totalizando R$ 1,15 milhão em espécie, entre 2008 e 2014. O montante corresponde à metade do valor retirado da Valle Ana Consultoria e Serviços de Seguros no período analisado, de acordo com o jornal O Globo.

O levantamento faz parte de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que investiga o suposto esquema de rachadinha no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro.

Presidente Jair Bolsonaro e o filho Carlos Bolsonaro participam de uma festa infantil no clube Naval em Brasília durante a crise de oxigênio em Manaus. Cerca de 40 pessoas participam do evento, e muitos dos presentes não utilizam máscara de proteção. Local: Setor de Clubes Sul
Ana Cristina Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro e ex-chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro
Ana Cristina Valle, Jair Renan e Ivan Valle
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Ana Cristina Valle e Jair Bolsonaro são pais de Jair Renan

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Presidente Jair Bolsonaro e o filho Carlos Bolsonaro participam de uma festa infantil no clube Naval em Brasília durante a crise de oxigênio em Manaus. Cerca de 40 pessoas participam do evento, e muitos dos presentes não utilizam máscara de proteção. Local: Setor de Clubes Sul

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Ana Cristina Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro e ex-chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro

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Ana Cristina Valle, Jair Renan e Ivan Valle

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Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), os saques representam “movimentações financeiras atípicas” de Ana Cristina. As transações também poderiam constituir indícios de que empresas ligadas à ex-esposa do presidente tenham “sido utilizadas para ocultação de desvio de recursos públicos oriundos do esquema de ‘rachadinha’ na Câmara de Vereadores”.

Saques

Somente em 2008, R$ 274 mil deixaram a conta da empresa, em 215 saques. Já no ano seguinte, foram contabilizadas 168 transações desse tipo, totalizando R$ 194,2 mil. Desde 2011, houve mais 350 saques, o que corresponde à soma de cerca de R$ 352 mil em espécie.

O último ano de movimentações foi 2014, período em que R$ 65,3 mil saíram da conta da Valle Ana Consultoria e Serviços de Seguros, em 131 saques. Em 2018, a empresa foi declarada inapta por omissão de declarações.

Em 2011, quando R$ 191,5 mil foram sacados da conta da empresa, Ana Cristina vendeu a Marcelo Traça dois de seus imóveis em Resende. O empresário afirmou, em delação premiada da Lava Jato, que, na época, adquiria propriedades como forma de lavagem de dinheiro. Sobre o negócio com Ana Cristina, no entanto, a defesa de Traça alegou que foi “uma transação imobiliária como outra qualquer”.

Em função das movimentações suspeitas, o MPRJ incluiu, na quebra de sigilo na investigação das rachadinhas, duas pessoas ligadas à Valle Ana Consultoria: Adriana Teixeira Machado, sócia minoritária de Ana Cristina, com 10% da empresa, e Luci Teixeira, sua mãe. O irmão de Adriana, o bombeiro militar Luiz Gustavo Teixeira, trabalhou no gabinete de Flávio Bolsonaro de fevereiro de 2003 a agosto de 2007.

“Tais vínculos, associados à expressiva movimentação de dinheiro em espécie na conta da Valle Ana Consultoria, sugerem a possibilidade de que Ana Cristina Siqueira Valle possa ter indicado parentes de sua sócia para atuarem como ‘funcionários fantasmas’, de modo a viabilizar o desvio de recursos públicos destinados à sua remuneração”, escreveram os promotores. Eles pedem a quebra dos sigilos fiscal e bancário de Adriana e de Luci.

Dinheiro vivo

Ainda em 2011, Ana Cristina fez dois depósitos, em dinheiro vivo, em sua conta. Um em março, no valor de R$ 191,1 mil, e outro em julho, de R$ 341,1 mil. A segunda transação aconteceu no mesmo dia em que Marcelo Murilo de Paiva, sócio de uma corretora imobiliária em Resende à época, depositou R$ 58,8 mil na conta dela.

Ao constatar que houve uma valorização de R$ 1,9 milhão no preço dos imóveis de Ana Cristina, o MP afirmou que a discrepância “sugere a possibilidade de subavaliação no valor de aquisição, mediante complementação do pagamento com valores ‘por fora’”.

Em agosto deste ano, um funcionário que trabalhou para família Bolsonaro por 14 anos, Marcelo Luiz Nogueira dos Santos, revelou à coluna do jornalista Guilherme Amado, no Metrópoles, que a ex-esposa do presidente tem “coisas no nome de laranjas”. “Se você fizer as contas do patrimônio dela, não fecha. Fora as coisas que tem no nome de outros”, disse.

Nomeações de parentes

Para o MP, ainda há indícios de que Ana Cristina controlava nomeações de parentes como funcionários do gabinete de Carlos Bolsonaro, na Câmara Municipal do Rio, e no de Flávio Bolsonaro, na Assembleia Legislativa (Alerj). Vários nomeados eram moradores de Resende, município a cerca de 160 km de distância do Rio de Janeiro.

Uma dessas ex-funcionárias, Maria José de Siqueira, que estava nomeada no gabinete de Flávio, chegou a fazer transferência de R$ 30 mil de sua conta-salário para Ana Cristina. Segundo o MP, o repasse constitui “operação sugestiva da prática de ‘rachadinha’”.

“A elevada movimentação de recursos em espécie por Ana Cristina Siqueira Valle sugere que a mesma seja a real destinatária dos recursos públicos desembolsados em nome dos parentes por ela indicados para o gabinete de Carlos Nantes Bolsonaro”, pontua o MP.

Procurada pelo O Globo, a defesa da ex-esposa de Bolsonaro afirmou que não vai se manifestar sobre a investigação.

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