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Consultoria de Meirelles lucrou R$ 217 milhões em 2016, diz site

Do valor, R$ 50 milhões foram embolsados pelo ministro da Fazenda, em contas no exterior, após ele assumir a pasta, em maio

atualizado

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Henrique Meirelles
1 de 1 Henrique Meirelles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Três meses antes de assumir o Ministério da Fazenda, em maio de 2016, Henrique Meirelles recebeu R$ 167 milhões em contas que mantinha no exterior. Por meio delas, o ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central obtinha pagamentos de grandes companhias. Inclusive, da J&F, do delator Joesley Batista. O chefe da pasta recebeu, ainda, outros R$ 50 milhões quatro meses depois de ocupar o cargo. As informações são do jornalista Felipe Coutinho, do BuzzFeed.

Segundo a reportagem, as transações ocorreram por meio da empresa de consultoria de Meirelles, a HM&A. A empresa, até aquele momento, assessorava empresários, organizava palestras e fazia investimentos, de acordo com documentos públicos da empresa e registrados na Junta Comercial de São Paulo.

Embora tenha mantido a fortuna no exterior, Meirelles fez afirmação contraditória. Em nota, disse que “confia integralmente nas instituições financeiras brasileiras e aconselha investidores a deixar seus recursos no Brasil porque o país oferece melhores relações de risco/retorno”. Procurado, o ministro alegou que os pagamentos ocorreram fora do país porque seus contratantes eram empresas multinacionais.

O ministro acrescentou que os R$ 167 milhões se referem a serviços prestados nos últimos anos, com valores compatíveis aos do mercado. Meirelles explicou ainda que, atualmente, os valores estão em um fundo de investimento no Brasil.

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Além disso, certificam que o ministro deixou o cargo de presidente da HM&A às vésperas de ser anunciado como chefe da pasta
Meirelles fez distribuição de lucros em setembro de 2016, por meio da transferência da custódia de cotas da empresa no fundo de investimento
Cinco meses após ele se tornar ministro, o objeto da HM&A passou a ser gestão de bens, alugar e adquirir imóveis, além de fazer investimentos
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Documento produzido pela empresa de Meirelles confirma que ele mantinha os valores fora do Brasil

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Além disso, certificam que o ministro deixou o cargo de presidente da HM&A às vésperas de ser anunciado como chefe da pasta

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Meirelles fez distribuição de lucros em setembro de 2016, por meio da transferência da custódia de cotas da empresa no fundo de investimento

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Cinco meses após ele se tornar ministro, o objeto da HM&A passou a ser gestão de bens, alugar e adquirir imóveis, além de fazer investimentos

Transações
As movimentações milionárias de Meirelles começaram em 1º de fevereiro do ano passado. À época, o processo de impeachment contra a então presidente da República Dilma Rousseff (PT) já avançava. Além disso, era notório que Meirelles assumiria a Fazenda, caso Michel Temer (PMDB) substituísse a petista.

Às 17h daquele dia, uma reunião na HM&A, em São Paulo, tratou da distribuição dos lucros de 2015. A economia do país sofreu intensa queda. Porém, Meirelles pôs panos quentes na situação. Isso porque ele obteve lucro de R$ 215 milhões, dos quais tomou para si R$ 167 milhões. A ata desta reunião deixa claro que a origem do dinheiro estava em contas mantidas fora do país.

A assessoria de Meirelles, em nota, alega que “em 2015, foi registrado o recebimento de rendimentos de serviços prestados ao longo de quatro anos para várias empresas, em projetos de duração variável completados em 2015”.

Ainda em 2015, a HM&A prestou serviços para uma das mais poderosas empresas do Brasil, a J&F, que detém marcas como JBS e Friboi. O grupo era controlado por Joesley Batista, empresário que gravou conversa com Temer em março deste ano, fora da agenda do presidente, e, ao divulgá-la, agravou a crise política na gestão do peemedebista. Isso porque, no diálogo, o chefe do Executivo nacional teria dado aval para a compra de silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso.

Na conversa gravada, inclusive, Meirelles é citado como alguém alinhado a Temer e, ao mesmo tempo, próximo de Joesley. Procurado, o ministro não informou quanto recebeu de cada uma das companhias que contrataram sua empresa.

Sobre o possível recebimento de valores da J&F, a assessoria de Meirelles respondeu: “É fato público que o ministro orientou a construção da plataforma digital do Banco Original e, portanto, foi remunerado pelo serviço prestado”.

Em 11 de maio, o Senado iniciou a sessão que culminou no afastamento de Dilma do Palácio do Planalto. Simultaneamente, Meirelles renunciava à presidência da HM&A para continuar como sócio da empresa. No dia seguinte, seu nome foi anunciado novo ministro da Fazenda.

Fundo
Após quatro meses como ministro da Fazenda, Meirelles fez nova distribuição de lucros, em 12 de setembro do ano passado. O lucro dele neste período foi de R$ 50 milhões. Na ocasião, a distribuição ocorreu por meio da transferência para Meirelles da custódia de cotas da sua empresa no fundo de investimento “Sagres Fundo de Investimento Multimercado Crédito Privado Investimento no Exterior”.

O banco Citibank administrava o fundo, que, atualmente, é gerido pelo Bradesco. Há também títulos do Tesouro que, naquele mês, representavam 65% do fundo. A maior parte do fundo (47%) é atrelada à taxa básica de juros, a Selic.

A taxa tem caído desde que Temer se tornou presidente. Outra parte do fundo, 17%, estava em títulos do Tesouro vinculados à inflação. Meirelles alega que não interfere no fundo. “Os recursos são administrados por gestor independente sem interferência do ministro, figura conhecida como blind trust, para evitar conflitos de interesse.”

Consultoria
Henrique Meirelles levou cinco meses no comando do ministério para deixar, oficialmente, de possuir empresa de consultoria para megaempresários, o que ocorreu em outubro. O objeto da HM&A passou a ser gestão de bens, alugar e adquirir imóveis, além de fazer investimentos. O ministro, porém, não respondeu o porquê de a mudança ter acontecido apenas quando ele já chefiava a pasta.

Informações da HM&A apontam que o patrimônio de Meirelles tem se expandido. Somente em 2016, o capital próprio da empresa rendeu, de juros, R$ 3 milhões. O dinheiro caiu diretamente na conta do ministro.

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