Empreiteiro sobre obra de Bolsonaro: “Cansei de dar pitaco”. Ouça
Empresário, que fechou contratos milionários e suspeitos com aliados do ex-presidente, fez reforma “de amigo” na casa do clã em Angra
atualizado
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Mantida até hoje sob sigilo, a participação do empreiteiro Renato de Araújo Correa na reforma da casa de praia de Jair Bolsonaro, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, foi admitida por ele mesmo, em conversa gravada com a reportagem do Metrópoles. Depois desse contato, apesar das promessas, ele nunca mais atendeu os jornalistas para esclarecer as muitas dúvidas sobre o negócio.
Nos áudios, segundo ele, a participação na obra “foi uma coisa de amigo”. “Não custava nada às vezes passar na obra dele e dar pitaco.” Renato explicou que fez a fiscalização da revitalização do imóvel, sem custos, “no intuito de ajudar ele (Bolsonaro)”. “Ele é amigo pessoal.”
Como noticiado nesta segunda-feira (4/3), uma ampla obra no imóvel de 700 metros quadrados foi fiscalizada e teve apoio de homens da construtora Bravo, de propriedade de Renato de Araújo Correa, amigo do ex-presidente e dono de cerca de R$ 17 milhões em contratos vencidos, em uma semana, com o governo de Cláudio Castro, correligionário de Bolsonaro. Em um desses certames, de R$ 9 milhões, o empresário venceu concorrendo sozinho.
Ouça:
Renato também lucrou participando da obra de ampliação do aeroporto de Angra, projeto lançado durante o governo Bolsonaro e capitaneado pelo então ministro de Infraestrutura Tarcísio de Freitas, hoje governador de São Paulo — outro aliado do ex-presidente.
Renato, segundo ele mesmo, atuou como uma espécie de coordenador da obra do ex-presidente. “Então a gente ajudou. Eu levei um pessoal. No final da obra lá, nosso, da empresa, que eu falei: ‘presidente, se o senhor permitir.’ Se não der um pega aqui, tirar entulho, fazer assim, fazer assado, não vai terminar. Então entrei lá. Sei lá, foram uns dois dias que eu entrei lá com uns 10 homens para limpar o terreno”, afirmou.
Ouça:
O Metrópoles entrou em contato com representantes do ex-presidente Jair Bolsonaro para manifestação a respeito do caso, mas não obteve resposta. O espaço segue aberto.